Inteligência Emocional Prática: Oxitocina vs. Cortisol

O que podemos fazer para restaurar a calma de nosso sistema nervoso depois de passar por uma situação estressante? Essa é a grande pergunta que vamos responder neste artigo.
Inteligência Emocional Prática: Oxitocina vs. Cortisol
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Há algum tempo, navegando na internet, me deparei com um vídeo que me chamou a atenção sobre a inteligência emocional prática. Foi uma palestra curta, mas interessante, de Marian Rojas-Estapé. Nela, ela conta que uma vez, em um estacionamento subterrâneo, voltando para seu carro, tentaram roubá-la e ela conseguiu escapar. O mais interessante não foi como ela conseguiu se livrar da ameaça, mas como conseguiu se acalmar depois.

Marian confessa que a experiência a aborreceu muito. Ela voltou para casa muito nervosa e no caminho falou com o marido de maneira inconsistente, usando frases curtas e desconexas. Como se seu cérebro tivesse sido sequestrado pelo cortisol, um produto do estresse.

Cortisol e oxitocina (inteligência emocional prática)

Todos nós já passamos por situações desse tipo. Aquelas em que sentimos nosso coração bater com tanta força que parece que vai sair da nossa boca. São momentos em que agimos de forma inconsciente, momentos em que confiamos praticamente tudo à nossa intuição. Porque é mais rápida e é bom no processamento de uma grande quantidade de informações, e nesses momentos os detalhes podem ser muito importantes.

Marian escapou da situação dizendo ao ladrão que o carro de luxo que ela estacionou ao lado do dela pertencia a outra pessoa. Provavelmente sua declaração, sua reação intrigou o ladrão, que esperava luta, rendição ou fuga, não essa declaração.

Os especialistas dizem que, quando o cortisol é disparado dessa forma, demoramos horas para recuperar nossos níveis basais. Aquilo que já ouvimos, ou dissemos, que “ainda não me recuperei do choque”. Não é uma metáfora, mas algo literal. Nosso corpo precisa de tempo para voltar aos níveis basais de ativação após uma alteração desse tipo, com o gasto energético que isso acarreta.

Mulher estressada

Isso porque ao longo da história esse mecanismo nos fez adaptarmos ao meio ambiente. “Nossa biologia aprendeu” – a seleção natural teve seu efeito – que, para escapar de ameaças importantes, precisamos de muita energia; portanto, nosso corpo se prepara para gastá-la. Ele também aprendeu que perto de uma grande ameaça pode haver outras significativas, então ele se prepara para gastar energia por um período de tempo relativamente longo.

No entanto, no mundo moderno, para sobreviver a essas ameaças não precisamos correr, mas sim de inteligência emocional prática. Além disso, quando entramos em um espaço seguro, a ameaça geralmente desaparece instantaneamente.

Por outro lado, vivemos em um mundo tão superestimulado que nosso sistema de alerta está um tanto desequilibrado. É como se vivêssemos em contínua hipervigilância.

Por exemplo, olhando para o telefone, caso nosso chefe escreva para nós. Nesse sentido, o condicionamento aversivo pode ser tão poderoso que, antes de ler aquela mensagem que nosso chefe nos enviou, nosso corpo se colocou no mesmo estado em que entraria se tivéssemos um ladrão ao nosso lado.

Tome medidas para recuperar o controle

Agora, o que podemos fazer para nos acalmar? Com base em nossa inteligência emocional prática, com quais recursos podemos contar para retornar ao nosso estado basal?

Marian não estabeleceu essa meta conscientemente para si mesma, ela só amamentou o bebê quando chegou em casa e percebeu o efeito que isso teve em seu sistema nervoso. Seus níveis de oxitocina dispararam e seu corpo relaxou.

A questão é que essa não é uma medida que todos possamos tomar a qualquer momento. Então, a questão é o que outras coisas podemos fazer (inteligência emocional prática) que fazem nossos níveis de oxitocina subirem para alcançar o mesmo efeito relaxante e anestésico (também sabemos que altos níveis de oxitocina reduzem a intensidade da dor).

  • Círculo social: individualmente, podemos contar com muitos recursos. No entanto, se tivermos pessoas ao nosso redor, eles se multiplicam. Viver com a sensação de que há pessoas que, num momento de dificuldade, podem nos ajudar, faz com que muitas situações potencialmente ameaçadoras deixem de ser percebidas assim.
  • Contato físico: os abraços que duram são calmantes. Os braços que nos rodeiam, agem como um cilindro de oxigênio, permitindo-nos respirar melhor.
  • O retorno tranquilo ao nosso interior: podemos sempre tentar recuperar o controle da nossa atenção, deixar de focar no futuro ou no passado se é daí que vem o que nos angustia.
  • Choro em termos de liberação emocional : o choro atua como uma liberação de emoções, diminuindo assim os níveis de cortisol no sangue (hormônio do estresse) e aumentando os de oxitocina. É por isso que, após um episódio de choro, encontramos alívio e calma.
  • Bondade e generosidade: oferecer, dar, emprestar, enfim, tornar a vida dos outros mais fácil também nos ajuda a liberar ocitocina.
Mulher com os olhos fechados

Nossas emoções podem ser automáticas. O medo é assim. Ativar nosso sistema parassimpático faz com que o cortisol aumente.

A boa notícia é que temos possibilidades naturais, construtivas e de fortalecimento dos laços (inteligência emocional prática) para nos ajudar a retornar a um estado de base após uma ativação importante.


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