A inteligência emocional segundo Salovey e Mayer

A inteligência emocional segundo Salovey e Mayer
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Nos últimos anos, a inteligência emocional tem estado em alta. Cada vez mais pessoas se interessam por seu estudo e por como o seu conhecimento pode ajudá-las a lidar melhor com as suas emoções. No entanto, poucas pessoas realmente conhecem sua origem. Podemos situar seu aparecimento em 1990, em um livro no qual Salovey e Mayer tentam explicar o que é a inteligência emocional e como ela se articula em nossas condutas e mentes.

Salovey era um professor da Universidade de Yale, enquanto Mayer era um estudante de pós-doutorado na época. Eles pesquisaram juntos e publicaram vários artigos sobre o tema. Apesar disso, muita gente atribui o conceito ao seu melhor divulgador, Daniel Goleman. Ele popularizou a inteligência emocional segundo Salovey e Mayer em 1996, após publicar um livro intitulado: Inteligência emocional: por que ela pode ser mais importante do que o QI.

O conceito de inteligência emocional é ligeiramente diferente para Salovey e Mayer do que é para Goleman. Devido a isso, ocorreram algumas confusões em relação a qual seria a teoria original. Neste artigo, veremos exatamente no que consiste esse conceito para os dois autores que o construíram.

Equilíbrio entre razão e emoção

O que é a inteligência emocional segundo Salovey e Mayer?

Segundo a definição que consta no primeiro livro desses autores, a inteligência emocional é a habilidade de processar informações sobre as próprias emoções e as dos outros. Além disso, também inclui a capacidade de usar essas informações como um guia para o pensamento e o comportamento.

Assim, as pessoas com inteligência emocional prestam atenção nas emoções, as utilizam, as entendem e lidam bem com elas. Por outro lado, essas habilidades servem como funções adaptativas que proporcionam vantagens a si mesmas e aos outros. Para considerar que uma pessoa tem alta inteligência emocional, ambos os autores falavam de quatro habilidades básicas:

  • Capacidade de perceber e expressar as próprias emoções e as alheias corretamente.
  • Habilidade para usar as emoções de uma maneira que facilite o pensamento.
  • Capacidade para entender emoções, linguagem emocional e sinais emocionais.
  • Habilidade para lidar com emoções com o objetivo de alcançar metas.

Nesse modelo de inteligência emocional, cada um dos campos se desenvolve em quatro fases diferentes. Esse processo, no entanto, não ocorre de maneira espontânea. Pelo contrário, costuma exigir um esforço consciente da pessoa. A seguir, veremos as quatro fases com maior profundidade.

1- Percepção e expressão correta das emoções

A primeira habilidade da inteligência emocional segundo Salovey e Mayer é a identificação das emoções próprias e alheias. Em primeiro lugar, a pessoa deve ser capaz de compreender o que está sentindo. Isso inclui as emoções, mas também os pensamentos – tanto os derivados quanto os que as geram. Posteriormente, na segunda fase, adquire-se a habilidade de fazer o mesmo com estados alheios. Por exemplo, os sentimentos de outras pessoas, ou aqueles expressados através da arte.

Na terceira fase, a pessoa adquire a capacidade de expressar suas emoções corretamente. Assim, também aprende a transmitir suas necessidades relacionadas aos seus sentimentos. Na quarta fase, por fim, adquire-se a habilidade de distinguir entre expressões corretas e incorretas das emoções dos outros.

2- Facilitação emocional do pensamento

Na primeira fase, as pessoas dirigem seu pensamento à informação mais importante. Nesse momento ainda não são levados em consideração os próprios sentimentos. Na segunda etapa, pelo contrário, as emoções começam a ser percebidas com intensidade suficiente para serem identificáveis. Por isso, a pessoa é capaz de utilizá-las como auxílio para tomar uma decisão.

Segundo Salovey e Mayer, na terceira fase as emoções fariam a pessoa flutuar de um estado emocional ao outro. Assim, ela seria capaz de considerar diferentes pontos de vista sobre um tema. Por fim, na quarta fase, os sentimentos da pessoa a levariam a tomar decisões mais corretas e a pensar de maneira mais criativa.

3- Compreensão das emoções

Primeiro, adquire-se a capacidade de distinguir uma emoção básica de outra, além de utilizar as palavras adequadas para descrevê-las. Depois, essa habilidade é desenvolvida, permitindo que a pessoa situe esse sentimento em seu estado emocional.

Na terceira fase, a pessoa é capaz de interpretar emoções complexas. Por exemplo, uma reação que misture nojo e fascínio ou medo e surpresa. Por fim, também se adquiriria a habilidade de detectar a transição entre duas emoções, como da raiva à vergonha ou da surpresa à alegria.

Lidar com as nossas emoções

4- Habilidade de lidar com as emoções para alcançar metas

Em primeiro lugar, essa capacidade requer vontade para não limitar o protagonismo que as emoções têm. Isso, que é mais fácil de conseguir com as emoções positivas, é muito mais difícil com as negativas. Nessa etapa, iremos mais além, permitindo-nos escolher com quais sentimentos nos identificaremos em função de serem úteis ou não.

Na fase anterior, a pessoa adquiriria a capacidade de estudar emoções em relação a si mesma e aos outros. Isso seria realizado dependendo de seu nível de influência, sensatez ou obviedade. Por fim, a pessoa seria capaz de lidar com as emoções próprias e alheias moderando as negativas e aumentando as positivas.

Inteligência emocional: uma habilidade prática

O modelo de inteligência emocional segundo Salovey e Mayer não reúne, nem de longe, tudo o que sabemos hoje sobre inteligência emocional. No entanto, nos leva de volta à origem do conceito, às suas bases, ao que naquela época foi uma verdadeira revolução.

Talvez o ponto mais forte desse modelo seja sua simplicidade e o fato de que apresenta uma gradação que facilita sua compreensão. Assim, é um magnífico ponto de partida para mergulhar no maravilhoso mundo das emoções.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.