Lobo occipital: estrutura e funções

Lobo occipital: estrutura e funções
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 02 dezembro, 2021

Respire fundo e dê uma olhada em tudo que o rodeia neste exato momento, sem pressa. O mundo está cheio de belezas, de pequenas nuances que compõem a nossa apaixonante realidade. Se a maioria de nós é capaz de perceber cada estímulo visual que nos rodeia, isso se deve, em essência, ao lobo occipital, área do nosso cérebro localizada na altura da nuca.

É impressionante como essa região, sendo a menor entre o restante dos lobos cerebrais, é a que mais marca a nossa vida cotidiana. O seu principal objetivo pode parecer simples no início: receber informações através dos nossos olhos para depois processá-las e conduzi-las ao lobo frontal para que ele emita uma resposta.

Agora, se analisarmos cuidadosamente a olhada que demos ao nosso redor, perceberemos que essa tarefa não é tão fácil quanto parece. Quando o nosso cérebro olha para cada estímulo, realiza um grande número de processos. Analisa as distâncias em relação à nossa posição, movimentos e tamanhos, e também processa a luz (cor).

Isso é algo que fazemos sem ter consciência, implica uma alta sofisticação neurológica, uma precisão absoluta, onde o lobo occipital nos permite nos movermos efetivamente no nosso dia a dia. É pequeno, mas altamente especializado e eficaz. Vejamos mais algumas informações sobre ele.

“O cérebro é o órgão mais complicado do universo. Nós aprendemos muito sobre outros órgãos humanos. Nós sabemos como o coração bombeia e como o rim faz o que faz. Até certo ponto, já conseguimos ler as letras do genoma humano. Mas o cérebro tem 100 bilhões de neurônios. Cada um deles tem cerca de 10.000 conexões”.
-Francis Collins-

Lobo occipital

Lobo occipital: localização e estrutura

O lobo occipital está localizado na área posterior do córtex cerebral. Ocupa mais ou menos 12% do neocórtex e está ligado, por sua vez, ao córtex visual primário e de associação, e com o sulco calcarino, uma circunvolução que está justamente no seu interior. Todas essas conexões constituem um centro neural da visão humana e da percepção visual.

Também podemos dizer que, como ocorre em todos os nossos lobos cerebrais, possui um hemisfério esquerdo e um hemisfério direito. No entanto, cada um fica isolado do outro pela separação da fissura cerebral, se apoiando, por sua vez, no cerebelo e na dura-máter.

Funções e áreas do lobo occipital

A nossa compreensão do mundo é baseada quase exclusivamente no sentido da visão. O lobo occipital processa os estímulos visuais de forma permanente, analisando distâncias, formas, cores, movimentos…

Tudo que chega através da retina passa por esse centro de análise e processamento que, em seguida, envia as informações para o córtex cerebral. No entanto, essa transferência de informações deve primeiro passar por uma série de áreas. São as seguintes.

  • Área visual primária ou região 17 Brodmann. Estamos na região mais posterior do lobo occipital, também conhecida como V1. No caso de sofrer uma lesão nesta região, a pessoa seria incapaz de enxergar por que ela não poderia processar qualquer estímulo, mesmo que as suas retinas e seus olhos estejam em boas condições.
  • Área visual secundária (Brodmann’s 18) ou V2. Aqui se encontra o córtex pré-estriado e o córtex inferotemporal. O primeiro, além de receber informações da área visual primária, também é responsável por estimular a memória. Ou seja, podemos associar estímulos visuais a outros vistos anteriormente. Por outro lado, o córtex inferotemporal nos ajuda a reconhecer o que vemos.
  • Área visual terciária (19 de Brodmann) ou V3, V4 e V5. Esta área recebe informações das estruturas anteriores. A sua principal função é processar cores e movimentos.
Conexões cerebrais

Lesões no lobo occipital

Quedas, acidentes de trânsito, acidentes vasculares cerebrais, infecções; são muitas as condições que podem causar uma lesão ou alteração no lobo occipital. Essas lesões podem ser permanentes, como revelou um estudo realizado na Universidade de Nihon, Tóquio, Japão.

Vamos ver quais são os efeitos mais comuns.

Visão cega

A visão cega ou cegueira cortical aparece como consequência de uma lesão bilateral no córtex visual primário. Os pacientes com este problema veem formas difusas, estímulos vagos com os quais não conseguem reconhecer nem a forma, nem a cor, nem a situação e nem mesmo se estão se movendo ou não.

Alucinações visuais

Uma lesão nessa área do nosso cérebro também poderá produzir algo tão impressionante quanto chocante: alucinações visuais. A pessoa pode ver o que a rodeia de forma distorcida, com cores estranhas, com tamanhos distorcidos, muito grandes ou muito pequenos…

Epilepsia

O Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, em New Haven, explicou através de um estudo a relação entre o lobo occipital e a epilepsia.

São casos em que o paciente, em consequência de ser exposto a um clarão de luz intensa, pode sofrer um ataque epiléptico ao estimular demais os neurônios dessa área. É, portanto, outro tipo de epilepsia, relacionada a essa parte específica do nosso cérebro.

Funcionamento do cérebro

Para concluir, podemos dizer que o lobo occipital pode estar relacionado com outros processos que vão além da visão. Os neurologistas acreditam que ele também esteja envolvido no processo da memória, mas até hoje ainda não temos estudos conclusivos.

Nos próximos anos, e à medida que descobrirmos cada um dos mistérios do cérebro humano, teremos mais respostas e melhores conhecimentos.


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  • Kandel, E., Schwartz, J. Jessell, T. Principles of Neural Science. 3rd edition. New York: NY. Elsevier, 1991.

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