O maternês ou discurso dirigido à criança: por que é tão importante?
A maternês é aquela maneira particular de falar que muitas mães ou adultos usam com bebês e crianças pequenas. As coisas são ditas em meia-língua e em tom de mimos, enquanto a criança segue cuidadosamente a direção dessas palavras e muitas vezes responde a elas com sorrisos, surpresa ou interesse.
Já foi dito que falar assim com o bebê não era correto, pois dificultava o desenvolvimento da linguagem. Hoje sabemos que acontece exatamente o contrário: o maternês ajuda a criança a desenvolver a linguagem e é ótima para ela aprender a se comunicar.
No maternês não ficam apenas as palavras simples, e às vezes absurdas, que se dizem ao bebê. Há também uma entonação especial e muito mimetismo. Expressa-se carinho e desejo de estabelecer uma comunicação com a criança, e por isso é muito mais do que uma forma carinhosa de falar.
… “observamos em primeira mão como a linguagem e o compromisso social dos pais podem promover os primeiros balbucios do bebê, que se transformam em palavras e depois em frases: educar os bebês na arte da comunicação humana ”.
-Patricia Kuhl-
O que é o maternês?
Embora o maternês seja uma palavra genérica usada para designar aquela língua da mãe com o bebê, também há quem fale do paternês para se referir à parte que corresponde ao pai. No entanto, este nome se refere a toda a comunicação com a criança que responde a esses padrões e é usada pelo cuidador.
É um dialeto no qual existe uma pronúncia e uma vocalização muito definidas. A voz é aguçada e as palavras são separadas de forma marcante, usando frases curtas e repetitivas. O normal é que seja falado apenas no tempo presente.
O mais comum é que as palavras se simplifiquem ou se tornem onomatopeias. Por exemplo, você não diz “mamar”, mas “mamá”, e não se fala de um gato, mas do “miau”. As frases são repletas de diminutivos e acompanhadas de gestos e expressões faciais.
O contato físico também é comum quando se fala dessa maneira. O bebê é acariciado ou beijado, por exemplo. O adulto que fala espera uma resposta da criança, e esta geralmente vem através de um chute, um barulho, o olhar ou uma tentativa de repetir o que se ouve.
Por que o maternês é importante?
Muitos adultos usam o maternês com crianças de forma espontânea e sem pensar em por que o fazem ou que sentido essa forma de comunicação tem. Para o bebê, faz muito sentido, na verdade. Em primeiro lugar, porque a entonação e os gestos que a acompanham são altamente afetivos e é assim que o pequeno o compreende. Ele percebe que existe uma atitude positiva em relação a ele.
Da mesma forma, essa maneira de falar com a criança não propõe um monólogo, mas uma interação. Ele a capta e, portanto, responde à sua maneira, estabelecendo assim um vínculo afetivo e comunicativo com quem lhe fala.
A marcação exagerada das palavras também chama a sua atenção. A entonação especial cumpre um papel semelhante ao do canto: ajuda as palavras e frases a ficarem mais fixas na memória, contribuindo assim para o desenvolvimento da aprendizagem e da fala.
Essas frases curtas e repetidas, aliadas àquela espécie de paródia afetuosa que o adulto faz, levam o pequeno, aos poucos, a entender o que querem lhe dizer. Não representa um processo de ensino e aprendizagem como tal, mas prepara o terreno para que isso aconteça.
Mais do que falar, conversar
Lembre-se de que a linguagem humana não é como a linguagem de uma máquina. Não se trata apenas de codificar uma ideia em palavras para que o outro a decifre e encontre um significado. Nas pessoas, isso vai muito mais longe e envolve um contato afetivo, um compartilhamento de pensamentos, sentimentos, percepções, etc.
Com o maternês, a criança não aprende a falar, mas a conversar. O mais valioso sobre isso é a proposta de interação que está implícita. Na verdade, esta forma de comunicação ajuda a criança a responder e facilita que atinja algum nível de compreensão. Um procedimento que será muito valioso no seu desenvolvimento integral.
Na vida adulta, o maternês também é utilizado, quase sempre com o companheiro ou com animais de estimação. Na verdade, a ciência diz que ele tende a ser usado em qualquer pessoa que desencadeie uma onda de oxitocina, o hormônio da felicidade. No final das contas, é uma forma de interagir cheia de emoção.
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i Vilanova, L. S. (2003). En defensa de les llengües maternes. Llengua nacional: publicació de l’Associació Llengua Nacional, (43), 13.