As mudanças me mantêm ligada à vida

As mudanças me mantêm ligada à vida

Última atualização: 28 fevereiro, 2017

Mais cedo ou mais tarde fazemos isso: percebemos que a verdadeira inteligência está em saber se adaptar às mudanças com a cabeça erguida e o olhar desperto. No final do dia, nada do que chega fica, e nada do que se vai é completamente perdido. Resistir às mudanças é o que dói, e assumi-las é entender que não existiriam borboletas sem mudanças.

Há um fato que não deixa de ser curioso em relação às mudanças: a nossa espécie chegou até onde está graças a elas e ao progresso evolutivo que essas pequenas inovações nos ofereceram. No entanto, o cérebro prefere a permanência, a estabilidade e a zona de conforto onde não há perigos e onde a nossa sobrevivência fica protegida. Mas nessa zona de calma e segurança onde não acontece nada de novo surgem inevitavelmente a insatisfação e o tédio.

Já disse o próprio Charles Darwin em suas obras: quem sobrevive a este mundo complexo e às vezes ameaçador não é o mais forte, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças. No entanto, ninguém nos ensinou como fazer isso, não nos ensinaram a ser corajosos quando alguém nos deixa, não temos um manual sobre como assumir o passar do tempo, nem nos disseram quais habilidades precisamos para transformar esse sentido de que às vezes a nossa existência precisa para ser um pouco mais feliz.

Às vezes, assim como nos explicava David Bowie em sua canção “Changes“, não há outra escolha além de dar meia volta e enfrentar o desconhecido, esse “algo” que esperamos por tanto tempo enquanto vivíamos uma vida equivocada.

Vamos refletir um pouco sobre isso a seguir.

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As mudanças na mulher: crises e revoluções

Quando falamos de mudanças na mulher, pensamos quase instantaneamente no avanço da infância para a juventude ou da juventude para a vida adulta, onde a revolução hormonal nos leva para um universo complexo de ciclos, de fases e de etapas para enfrentar novos desafios e novos aprendizados. Agora, vamos deixar de lado estas dimensões físicas ou hormonais para focar o que realmente importa: as mudanças emocionais e o desenvolvimento de novas atitudes.

Bowie dizia em sua canção: “I still don’t know what I was waiting for“, ou Eu ainda não sei o que eu estava esperando, uma sensação comum e persistente durante uma boa etapa de nossas vidas, até que de repente escolhemos deixar de esperar para agir. Pode parecer curioso, mas esse “salto” no crescimento pessoal da mulher e a busca real de uma mudança não acontece aos 40 anos. Ele se inicia nessa etapa, mas culmina aos 50 anos.

Assim nos explica Rosi Braidotti, professora de Filosofia e diretora do Centro de Humanidades da Universidade de Utrecht, que afirma que as “cinquentonas” estão derrubando mitos na sociedade atual. São mulheres que enfrentaram dificuldades e que iniciam outra etapa para alcançar uma nova plenitude de vida. Elas fazem isso graças à realização de objetivos renovados, a uma maior segurança pessoal e ao conhecimento de que um divórcio não é o fim do mundo e de que o ninho vazio também não é motivo para a depressão.

As mudanças são novas oportunidades que temos que enfrentar sem medo, rotas que não foram exploradas para continuar navegando ao som da própria vida.

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As três emoções que acompanham as mudanças

Nem todas as mudanças são traumáticas ou significam o fim de uma etapa. A maior parte delas é uma simples continuidade, um avanço que está em perfeita harmonia com o nosso processo de crescimento pessoal. No entanto, e aqui vem o aspecto controverso, nem todos estamos dispostos a ver essa necessidade de avançar, de dar esse passo corajoso que nos coloque mais além das cercas da nossa zona de conforto.

Graças a um interessante estudo realizado no Harvard Decision Science Laboratory, foi possível demonstrar que na hora de iniciar uma mudança o nosso cérebro coloca em marcha três tipos de emoções muito concretas que é necessário esmiuçar, entender, mas não evitar. Temos que vivê-las para canalizá-las e, assim, facilitar o progresso.

Vamos ver isso detalhadamente.

A raiva

Permitir-se sentir uma emoção forte de vez em quando não é algo negativo. A raiva, por exemplo, pode agir como uma grande motivadora, pois nos revela o desconforto atual com toda sua crueza.

Da mesma forma, a raiva ou a ira podem nos dar uma certa sensação de controle na hora de nos motivarmos para assumir riscos e iniciar mudanças.

A paixão

Nós sabemos: pode ser um pouco contraditório pensar que depois da raiva pode aflorar a paixão. No entanto, vamos considerar estes detalhes para entender isso:

  • A raiva nos convenceu de que precisamos de uma mudança.
  • Essa “ira” nos obriga a lutar pelo que desejamos e, por sua vez, esse objetivo colocado em nosso horizonte é o que nos inspira todos os dias, o que nos dá paixão, vontade, desejo.  
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Humildade

Quando tivermos ligado a máquina da mudança e a tivermos alimentado com paixão e expectativa, não devemos cair no falso orgulho, nesse espelho onde nos refletimos todos os dias para dizer a nós mesmos que tudo vai dar certo.

  • O sucesso nem sempre está garantido, por isso, nada melhor do que manter uma mente humilde que vê a realidade das coisas em cada momento.

As mudanças requerem vontade e inspiração, mas também exigem que mantenhamos sempre o norte das nossas bússolas da vida para não nos desviarmos, para mantermos sempre um rumo seguro, tranquilo e satisfatório em cada uma das nossas mudanças.

Imagens cortesia de Hajin Bae.


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