Nancy Andreasen: biografia e estudos sobre esquizofrenia

Os sintomas e sinais da esquizofrenia são muito diversos e complexos. Nos últimos anos, os esforços para simplificar o pensamento sobre a doença se intensificaram. Neste ponto, devemos muito à doutora que apresentaremos hoje: Nancy Andreasen.
Nancy Andreasen: biografia e estudos sobre esquizofrenia
Paula Villasante

Escrito e verificado por a psicóloga Paula Villasante.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Nancy Andreasen é uma médica americana, professora de psiquiatria e diretora do Centro de Pesquisas em Neuroimagem. Ela também trabalha no Centro de Pesquisa Clínica para Saúde Mental na Faculdade de Medicina Carver da Universidade de Iowa.

Talvez, se não estivermos ligados à medicina ou à psiquiatria, o seu nome não nos diga muito. No entanto, ela é uma conhecida pesquisadora cujo trabalho tem contribuído muito em inúmeros estudos relacionados à esquizofrenia.

Apesar disso, a sua vida acadêmica nem sempre esteve ligada à medicina, já que Andreasen estudou letras. Além disso, ela possui doutorado em literatura inglesa e é especialista em literatura renascentista. Ela trabalhou como professora nessa área, mas a sua vida tomou um rumo inesperado.

Após o nascimento da sua primeira filha, Andreasen teve sérios problemas de saúde que a levariam a uma decisão: estudar medicina. A sua ânsia por conhecimento foi saciada e acabou optando pela psiquiatria.

No entanto, a sua pesquisa não se limita apenas à psiquiatria, mas abrange várias áreas como a criatividade, espiritualidade, neuroimagem, o genoma, a história natural e os mecanismos neuronais da esquizofrenia. Nós queremos convidá-lo a descobrir as contribuições dessa interessante médica a seguir.

Investigar o cérebro

Os “primeiros” de Nancy Andreasen

O que queremos dizer exatamente com os “primeiros”? Andreasen foi pioneira em vários aspectos, uma mulher que se atreveu a lançar a primeira pedra em diversas ocasiões. Assim, a sua carreira foi profundamente marcada por estes “primeiros”:

  • O primeiro estudo quantitativo de ressonância magnética (RM) da esquizofrenia.
  • O desenvolvimento das primeiras escalas para medir os sintomas positivos e negativos da esquizofrenia.
  • O primeiro estudo empírico moderno da criatividade que examinou fatores familiares e ambientais, a cognição e a relação com a doença mental.
  • O primeiro estudo que combina técnicas genômicas com técnicas de neuroimagem.

Ela também contribuiu com a área de diagnóstico psiquiátrico nos Grupos de Tarefas DSM III e DSM IV. De fato, ela foi responsável por construir as bases para o estudo de transtornos de estresse escrevendo a definição de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) para o DSM III.

Andreasen também foi presidente da Associação Americana de Psicopatologia e da Sociedade de Pesquisa Psiquiátrica. Atualmente, ela é membra do Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências e da Academia Americana de Artes e Ciências.

Nancy Andreasen e seu trabalho na esquizofrenia

A Dra. Nancy Andreasen é uma especialista no campo da esquizofrenia. Ela realizou inúmeras pesquisas que ajudaram a entender os seus mecanismos e melhorar o seu tratamento.

A esquizofrenia é um dos mais importantes problemas de saúde pública. Afeta 1% da população mundial e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, ocupa a nona posição entre todas as doenças médicas em termos de peso global de enfermidades; ultrapassa o câncer, a AIDS, as doenças cardíacas, diabetes e outras doenças graves.

Os sinais e sintomas da esquizofrenia são diversos: incluem distúrbios da percepção, como alucinações, pensamento inferencial, em outras palavras, delírios; comportamento direcionado aos objetivos (avolição) e expressão emocional (embotamento afetivo), entre outros. Entretanto, nenhum dos seus muitos sinais e sintomas pode ser considerado patognomônico ou definidor.

Dessa forma, cada sintoma está presente em alguns pacientes, mas nenhum está presente em todos. Nesse sentido, a esquizofrenia difere da maioria das outras doenças mentais que geralmente afetam apenas um sistema cerebral, como a doença de Alzheimer (memória) ou a doença maníaco-depressiva (humor).

Os sintomas e sinais da esquizofrenia são muito diversos e complexos. Portanto, recentemente foi feito um trabalho para simplificar o pensamento sobre a doença, subdividindo-a em categorias naturais.

A reconceituação da esquizofrenia pela Dra. Andreasen

A reconceituação moderna desenvolvida pela Dra. Andreasen divide os sintomas em “positivos” e “negativos”. Define sintomas positivos como um exagero das funções normais (a presença de algo que deveria estar ausente) e sintomas negativos como uma perda das funções normais (a ausência de algo que deveria estar presente).

  • Os sintomas positivos incluem: delírios, alucinações, fala e comportamentos dispersos.
  • Os sintomas negativos incluem: alogia, avolição, anedonia e embotamento afetivo.

Na linguagem da neurociência, a esquizofrenia é uma doença que afeta os circuitos neurais distribuídos, em vez de células individuais ou regiões individuais. Esses transtornos, às vezes, são chamados de síndromes de conexão errônea. A maioria das pessoas com esquizofrenia tem a sensação subjetiva de que a sua capacidade de pensar e sentir se desorganizou ou desconectou de alguma forma.

As ferramentas de neuroimagem nos permitiram estudar como os cérebros das pessoas com esquizofrenia funcionam de maneira diferente. Esses estudos nos mostraram que a experiência subjetiva de “desconexão” ou “desorganização” reflete um problema na capacidade de determinadas regiões do cérebro de enviarem mensagens de retorno com eficiência e precisão.

Por esse motivo, a etimologia do nome da doença é mais que apropriada. Literalmente significa “mente fragmentada ou desconectada”. Dessa forma, descreve o que observa através das ferramentas de neuroimagem.

Nancy Andreasen

Conclusão

Atualmente, Nancy Andreasen continua o seu trabalho de pesquisa realizando estudos que contribuem para o conhecimento da esquizofrenia e, consequentemente, para melhorar o seu tratamento. Estas pesquisas incluem estudos estruturais e funcionais de neuroimagem, de curso longitudinal e resultados, estudos que examinam fatores genéticos e genômicos e os integram com estudos de neuroimagem.

Em suma, estamos diante de uma personalidade importante no campo da psiquiatria e, mais especificamente, da esquizofrenia. Uma médica que continua se dedicando incansavelmente à pesquisa, uma médica a quem devemos enormes avanços neste campo.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Andreasen, N. C., Berrios, G. E., Bogerts, B., Brenner, H. D., Carpenter, W. T., Crow, T. J., … & Lewine, R. R. J. (2012). Negative versus positive schizophrenia. Springer Science & Business Media.
  • Arndt, S., Alliger, R. J., & Andreasen, N. C. (1991). “The distinction of positive and negative symptoms: The failure of a two-dimensional model”. The British Journal of Psychiatry, 158(3), 317-322.
  • Meet Dr. Nancy Andreasen. Retrieved from http://www.nancyandreasen.com/

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.