A neurobiologia da ansiedade
A ansiedade é um dos transtornos que mais afetam as pessoas, e o consumo de ansiolíticos tem aumentado significativamente nos últimos anos. No entanto, o que sabemos sobre a neurobiologia da ansiedade?
A ansiedade está relacionada à antecipação de perigos futuros, indefiníveis e imprevisíveis (1). Uma das suas principais características é o fato de ser antecipatória, ou seja, a pessoa que sofre desse transtorno tende a antever ou apontar perigos ou ameaças para si mesma, conferindo-lhe um importante valor funcional.
Estudos em animais, principalmente em roedores, identificaram áreas cerebrais específicas associadas à ansiedade. Parece que a amígdala, o córtex pré-frontal, o tálamo e o hipocampo são partes integrantes da mediação de respostas de medo adaptativas e patológicas (2). Além disso, a neuroimagem e estudos farmacológicos apontam o caminho para a compreensão da neurobiologia da ansiedade.
Amígdala
A amígdala é a área do cérebro responsável pela aquisição e expressão do condicionamento do medo (3). Ela está localizada no lobo temporal medial e é composta por cerca de 13 núcleos. Três desses núcleos estão envolvidos nas vias de resposta ao medo, ou seja, na ansiedade (4). São eles:
- Amígdala basal (AB).
- Amígdala lateral (AL).
- Núcleos centrais.
As projeções da amígdala se dirigem aos sistemas neuro-humoral, autonômico e musculoesquelético associados aos mecanismos de resposta de ansiedade e medo (5).
Além disso, a amígdala funciona como um centro regulador; nela, são avaliadas informações exteroceptivas e interoceptivas, dando origem a respostas de alarme viscerais e comportamentais (6).
O locus coeruleus
O locus coeruleus está localizado na ponte adjacente ao quarto ventrículo. É o núcleo principal que contém norepinefrina no cérebro. Sua ação é regulada pelos seguintes elementos:
- Receptores GABA-benzodiazepínicos e serotoninérgicos com efeito inibitório.
- Peptídeo intestinal vasoativo (VIP).
- Fator de liberação de corticotropina.
- Substância P.
- Acetilcolina, com efeito ativador.
Trata-se de um centro de alerta no cérebro. Assim, é ativado quando o organismo detecta uma ameaça.
Tálamo
O tálamo está localizado no centro do diencéfalo. Diante de uma situação de perigo, o tálamo transmite sinais sensoriais para a amígdala. Inclusive, quando essa estrutura é lesionada, não há reação de medo a um estímulo acústico.
Hipotálamo
O hipotálamo é o segundo componente do diencéfalo e consiste em um complexo de núcleos. Ele está envolvido na ativação simpática e na liberação de algumas substâncias relacionadas ao estresse.
Substância cinzenta periaquedutal
Esta estrutura está relacionada à resposta ao medo. Diante de um perigo iminente, como o ataque de um animal, a substância cinzenta periaquedutal lateral emite um comportamento defensivo. Diante de uma situação de menor perigo, a via da substância cinzenta periaquedutal ventrolateral provoca um comportamento de “congelamento” (6).
Hipocampo
O sistema hipocampal tem conexões com estruturas límbicas e áreas sensoriais corticais. Possui alta densidade de receptores 5HT-1A e acredita-se que desempenhe um importante papel na ansiedade.
Córtex orbitofrontal
O córtex orbitofrontal desempenha um importante papel na interpretação de eventos emocionalmente significativos. Essa estrutura seleciona e planeja o comportamento de resposta a uma ameaça, além de monitorar a eficácia dessas respostas (5).
Neurotransmissores envolvidos na neurobiologia da ansiedade
Noradrenalina
A noradrenalina é uma substância que atua como neurotransmissor. Também conhecida como norepinefrina, ela estimula o sistema nervoso simpático. Alguns sintomas da ansiedade, como sudorese, rubor e tremores, são mediados pela ativação de receptores beta-adrenérgicos periféricos, que recebem sinais de norepinefrina e adrenalina.
Serotonina
Embora o papel da serotonina na ansiedade ainda não esteja claro, ela pode estar relacionada com:
- A síndrome do pânico
- O transtorno obsessivo-compulsivo.
- A eficácia terapêutica dos inibidores da recaptação da serotonina.
GABA
O ácido gama-aminobutírico (GABA) desempenha um importante papel no funcionamento do sistema nervoso central. Os benzodiazepínicos usados no tratamento da ansiedade potencializam a atividade desse neurotransmissor.
Como você pode ver, muitas partes do cérebro estão envolvidas nos transtornos de ansiedade. Conhecê-las nos ajudará a realizar intervenções mais eficazes e a compreender um pouco melhor o funcionamento da dinâmica cerebral.
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- Marks, I. (1986). Tratamiento de neurosis. Barcelona:
- Martínez Roca.Phelps, E. A., & LeDoux, J. E. (2005). Contributions of the amygdala to emotion processing: from animal models to human behavior. Neuron, 48(2), 175-187.
- Paré, D., Quirk, G. J., & Ledoux, J. E. (2004). New vistas on amygdala networks in conditioned fear. Journal of neurophysiology, 92(1), 1-9.
- Rosen, J. B. (2004). The neurobiology of conditioned and unconditioned fear: a neurobehavioral system analysis of the amygdala. Behavioral and cognitive neuroscience reviews, 3(1), 23-41.
- Cedillo Ildefonso, B. (2017). Generalidades de la neurobiología de la ansiedad. Revista Electrónica de Psicología Iztacala, 20(1), 239-251.
- Goddard, A. W., & Charney, D. S. (1997). Toward an integrated neurobiology of panic disorder. The Journal of clinical psychiatry.