Seu cérebro também pode te curar

O cérebro cura. Torne-se um escultor deste órgão cultivando relacionamentos positivos, reduzindo o estresse, alimentando-se corretamente e aplicando uma abordagem mental resiliente.
Seu cérebro também pode te curar
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Seu cérebro muda com cada novo pensamento, com cada novo aprendizado e experiência que você integra em sua vida. Este órgão plástico, complexo e fascinante pode ser nosso aliado quando se trata de prevenir e tratar inúmeras condições. Assim, entender que seu cérebro também pode te curar – influenciando positivamente um processo de cura – pode abrir a porta para aplicar novas ferramentas e abordagens mentais.

Um dos maiores especialistas em matéria de plasticidade cerebral é, sem dúvida, o Dr. Álvaro Pascual-Leone. Pesquisador, professor e reitor associado de Ciências Clínicas da Escola de Medicina de Harvard, é uma das referências mais inspiradoras no conhecimento do cérebro humano e de seu potencial.

Sabemos que a frase “o cérebro cura” pode nos levar a um mal-entendido. Este órgão não fará, por exemplo, com que sejamos curados de uma doença crônicaNo entanto, pode nos permitir preveni-la em muitos casos e até mesmo aliviar seu impacto se melhorarmos nossos hábitos de vida.

Assim, como o professor Pascual-Leone revela, devemos ser capazes de entender que está em nossas mãos o poder de “esculpir” nosso próprio cérebro de modo que seja um aliado, e não um inimigo. Cercar-nos de uma rede social de pessoas significativas, ser curiosos, receptivos, pensar de maneira positiva e reduzir o impacto do estresse nos permitirá ganhar território para a saúde e o bem-estar.

“Não temos motivo para nos conformarmos com o que a natureza nos deu”.
-Alvaro Pascual-Leone-

Sejamos escultores de nosso próprio cérebro

Se o cérebro cura, sejamos escultores do nosso próprio cérebro

O cérebro é como um universo cheio de constelações complexas. Assim como todos os dias aprendemos mais sobre o oceano cósmico que se estende para além do nosso pequeno planeta, também nos lançamos como astronautas habilidosos explorando e descobrindo dados relevantes sobre os processos de nossas redes neurais.

  • Sabemos, por exemplo, que cada experiência, pensamento e comportamento pode modificar nosso cérebro.
  • Descobrimos, por sua vez, o processo esperançoso chamado neurogênese, uma amostra evidente de que nosso sistema nervoso central pode continuar a gerar novos neurônios a qualquer momento de nossas vidas.
  • Estudos, como os realizados pelos doutores Chunmei Zhao e Fred H. Gag, da Universidade de La Jolla, Califórnia, indicam a relevância que esse processo pode ter na prevenção e mitigação do impacto de realidades como a depressão, a perda de memória ou as doenças neurodegenerativas.

Esse aspecto é, sem dúvida, uma das áreas mais interessantes da neurociência. Especialmente se pensarmos que, até muito recentemente, tínhamos como certo que a capacidade de gerar novos neurônios era restrita aos primeiros anos da infância.

Os genes não determinam a química do nosso cérebro

Há dois aspectos que sempre devem ser levados em conta quando falamos de neurobiologia: genética e epigenética.

  • Querendo ou não, esses fatores sempre determinarão que nosso cérebro tenha uma maior ou menor probabilidade de sofrer com determinadas patologias.
  • No entanto, quando se trata de prevenir essas realidades, não devemos perder de vista um aspecto: os genes não nos determinam 100%. Iniciar novas práticas e melhores abordagens mentais depende de nós.

Lançar-nos, em essência, como verdadeiros escultores de um cérebro mais saudável e, acima de tudo, mais plástico, nos ajudará a reduzir o impacto de um grande número de doenças físicas e psicológicas.

Constelações cerebrais

Um cérebro plástico é um cérebro saudável e resiliente

O cérebro cura porque tem uma capacidade incrível: a da plasticidade. Agora, o que significa exatamente este termo?

  • Plasticidade é a capacidade do nosso sistema nervoso de se modificar para responder ao ambiente ao seu redor.
  • É também uma vantagem evolutiva com a qual podemos nos adaptar melhor aos desafios, às dificuldades.
  • Assim, quando falamos de neuroplasticidade, nos referimos a todas as mudanças que ocorrem em nosso cérebro com base nas nossas experiências.
  • A resiliência, por exemplo, é um exemplo claro de neuroplasticidade, porque define a capacidade excepcional de superar as adversidades, gerando novas estratégias e aprendendo com elas.

Como podemos “esculpir” o cérebro para favorecer a nossa saúde?

Já sabemos que a plasticidade do cérebro é a ferramenta-chave para enfrentar os desafios do nosso entorno. Da mesma forma, também foi descoberto que fatores como a reserva cognitiva nos permitem lidar melhor com as doenças neurológicas.

As chaves para sermos arquitetos da nossa saúde cerebral são, na realidade, acessíveis para a maioria de nós. São processos com um grande benefício para o cérebro, para gerar novas conexões, para estimular, cuidar, otimizar…

Vejamos as dimensões destacadas pelo neurologista Pascual-Leone como aquelas que devemos trabalhar:

Alimentação adequada

Uma alimentação variada e equilibrada é sinônimo de saúde. Devemos buscar sempre produtos orgânicos frescos, evitar o abuso de açúcar, de gorduras saturadas.

Além disso, coloque na lista os alimentos ricos em ômega 3, magnésio, triptofano, vitamina K, antioxidantes…

Exercício regular

O sedentarismo é um inimigo voraz da saúde e até mesmo do humor. Portanto, é aconselhável incluir em nossa rotina algum tipo de exercício. Uma caminhada de meia hora todos os dias é suficiente.

Mulher fazendo caminhada

Meditação e pensamentos positivos

A ciência vem estudando há anos o impacto da meditação em nossa saúde. Um estudo da Universidade de Harvard revelou os benefícios do Mindfulness para reduzir a sintomatologia da ansiedade e do estresse.

Os pensamentos positivos melhoram a saúde do cérebro, regulam as tensões e melhoram, inclusive, a capacidade de aprender.

Sono profundo e reparador

Há pessoas que sentem que 6 horas são suficientes, enquanto outras precisam de 9 horas. Seja como for, o mais importante é que o nosso descanso noturno seja sempre profundo e reparador. Algo essencial para ganhar em termos de saúde do cérebro.

Relacionamentos positivos

Nosso cérebro precisa da conexão social para experimentar bem-estar e satisfação com a vida. Além disso, contar com uma rede de apoio significativa nos ajuda a lidar com a depressão, fortalece as conexões neuronais e também nos faz ganhar em reserva cognitiva.

A amizade é saúde, o amor é energia, as relações que nos despertam felicidade, e não preocupações, são sinônimo de bem-estar.

Para concluir, agora que você sabe como o cérebro cura, não hesite: melhore seus hábitos de vida. Lembre-se diariamente de que você pode ser o escultor deste órgão prodigioso capaz de mediar seu bem-estar e até mesmo prevenir determinadas doenças.


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