O desejo sexual em homens

Um dos mitos mais difundidos é que os homens mantêm seu desejo sexual constante, independentemente das circunstâncias. Agora, isso é realmente assim? Vamos analisar.
O desejo sexual em homens
José Padilla

Escrito e verificado por o psicólogo José Padilla.

Última atualização: 27 abril, 2024

Desejar é querer algo com veemência e anseio. O desejo é sempre a aspiração por algo que você não tem no momento. É uma tendência humana que se dirige à busca do que está ausente e sem o qual a plenitude não pode ser alcançada. A mesma coisa acontece com o desejo sexual.

Esse desejo estimula o ser humano a buscar o encontro sexual por diversos motivos: reprodutivos, sociais, pessoais, etc. Eles surgem dessa falta percebida no nível relacional e desencadeiam uma série de comportamentos que visam aproximar a pessoa daquele objetivo tão esperado, o sexo.

O desejo sexual nos homens

É um estado psicológico que busca iniciar e manter o comportamento sexual humano, desencadeado por estímulos internos ou externos. Basicamente, é o impulso que move as pessoas, neste caso os homens, para um encontro íntimo com outra pessoa, para compartilhar intimidade, manter um relacionamento, desfrutar e sentir prazer, etc.

O desejo sexual nos homens aparece na puberdade, às vezes associado a ejaculações involuntárias durante o sono. Esse desejo pode se manter até por volta dos 50 anos, para depois iniciar seu declínio, acompanhado em alguns casos, também pela diminuição da libido.

O desejo sexual em homens e alguns fatores associados

Os fatores associados a esse tipo de desejo são biológicos, psicológicos, sexuais, relacionais e culturais (Nimbi et al., 2020):

Fatores biológicos

Os andrógenos, como a testosterona, são essenciais para o comportamento sexual dos homens. De fato, pesquisas sobre o assunto mostraram que um nível mínimo de andrógenos é necessário para sentir desejo sexual.

Sabe-se também que a testosterona aumenta o desejo por sexo sem compromisso e, consequentemente, por um maior número de parceiros sexuais. Satisfazer esses desejos geralmente reduz os níveis de testosterona no sangue após a relação sexual, mas não o nível de desejo percebido (Puts et al., 2015).

Os hormônios sexuais são liberados na corrente sanguínea pelas glândulas e viajam até o cérebro, onde sensibilizam certas regiões do córtex, tornando-as mais receptivas a estímulos e pensamentos sexuais.

Fatores psicológicos

Embora seja verdade que o humor pode promover ou inibir o desejo sexual, os estudos sobre o assunto oferecem resultados conflitantes. Pesquisas indicam que baixos níveis de desejo sexual estão associados mais à falta de um efeito positivo relacionado à sexualidade do que à presença de emoções mais negativas (Nimbi et al., 2018; Nimbi et al., 2019).

Depressão e ansiedade também foram associadas a baixos níveis de desejo sexual. Em uma investigação realizada com 919 homens, Bancroft et al. (2003) descobriram que 9% daqueles com níveis elevados de depressão relataram um aumento no interesse sexual e 42% relataram uma diminuição.

Da mesma forma, verificou-se que entre os homens com ansiedade significativa, 21% relataram um aumento no desejo sexual e 28% relataram uma diminuição.

Fatores sexuais

Experiências sexuais passadas positivas e negativas têm efeitos diretos sobre o interesse e o comportamento sexual. Os problemas sexuais podem ter um efeito negativo no interesse e na função sexual em geral.

Por exemplo, a disfunção erétil e a ejaculação precoce têm sido relatadas como as comorbidades mais prevalentes entre homens com baixos níveis de desejo sexual (Carvalheira, 2014).

Relativamente à resposta sexual, o nível de desejo costuma aumentar durante qualquer experiência sexual (masturbação, coito) até ao orgasmo, e parece prever a qualidade e a satisfação da fase orgásmica (Paterson et al., 2014).

Fatores relacionais

Em uma investigação, realizada por Murray et al. (2017), sobre a experiência masculina em relacionamentos de longa duração, constataram que, independente da idade ou tempo de relacionamento, fatores como “sentir-se desejado”, “encontros sexuais excitantes e inesperados” e “comunicação íntima” foram fatores que despertaram o desejo sexual.

Já a “rejeição”, “doenças físicas”, “características de saúde” e “falta de vínculo emocional com o parceiro” foram os principais fatores inibitórios.

Fatores culturais

A pressão social e as expectativas quanto ao papel do gênero masculino foram identificados como fatores de risco para os níveis desses desejos. Da mesma forma, descobriu-se que a estigmatização da redução da libido masculina pode influenciar negativamente a satisfação sexual. (McCarthy, 2009).

Muitos dos estereótipos ou mitos culturais sobre o desejo sexual masculino podem afetar esses desejos. O estereótipo de que homem pensa em sexo o dia todo pode fazer com que os homens se sintam pressionados a exibir tal comportamento, a fim de não ser subvalorizado por não atender a tal padrão.

Para concluir, o desejo sexual nos homens é influenciado por diferentes variáveis. Esses desejos motivam os homens a buscar intimidade sexual, mas não necessariamente intimidade emocional. Além disso, para muitos deles, o desejo sexual e sua satisfação é uma forma de criar essa intimidade e não uma consequência dela.


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