O efeito Bannister: quebrando a parede psicológica

As crenças que temos sobre o mundo, como ele funciona e nosso próprio potencial podem nos limitar. Descubra o efeito Bannister: um convite para questionar o que pensamos ser impossível.

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Desde que nascemos começamos a identificar as leis que regem o mundo. Entendemos, por exemplo, que os pássaros podem voar mas os cachorros não, que a água pode virar gelo, ou que certos produtos, se ingeridos, podem prejudicar nossa saúde. No entanto, embora todo esse conhecimento seja crucial para funcionar no ambiente, algumas dessas crenças que adquirimos podem nos limitar; e só nos livrando delas, conseguimos seguir em frente. Isso é o que exemplifica o efeito Bannister.

Se dermos uma olhada na história da humanidade, entenderemos que foram os inventores e visionários que nos levaram até onde estamos. Aquelas pessoas capazes de enxergar além do que está estabelecido, ousadas o suficiente para imaginar uma realidade diferente e tornar possível o que, até então, parecia impossível.

Avanços tecnológicos, curas de doenças, novos (mais confortáveis e saudáveis) modos de viver… As contribuições desses talentos são diversas e inumeráveis; mas, como dissemos, todos eles têm algo em comum: conseguiram quebrar o muro psicológico de sua área.

O que é o efeito Bannister?

O nome desse fenômeno deriva da história do britânico Roger Bannister: o primeiro homem a correr uma milha em menos de quatro minutos. Até 1954, ano em que Bannister ganhou a conquista, ela parecia inatingível. Vários corredores da época tentaram, falhando várias vezes; E a convicção era tanta que não só os atletas e a imprensa, mas também os cientistas achavam que era fisiologicamente impossível um atleta cruzar aquela linha.

O mais surpreendente não foi que este corredor britânico o tenha feito, mas sim que, depois dele, muitos outros o fizeram. De alguma forma, aquele muro psicológico havia sido derrubado e com isso esse “bloqueio” foi aberto para novas marcas e recordes. O que durante anos foi traçado como inimaginável agora se tornou real e acessível. E isso deve nos levar a perguntar quantas de nossas limitações são mentais.

Hoje para todos nós é natural que exista um eletrodoméstico capaz de lavar nossas roupas automaticamente, ou que seja possível trabalhar remotamente para uma empresa, cuja sede fica do outro lado do mundo. Observamos aviões viando e tomamos remédios que erradicam doenças que antes eram mortais. E é que tudo o que agora é cotidiano era apenas uma visão “irrealista” em outra época.

Assim, o efeito Bannister pode ser definido como o fenômeno cognitivo que ocorre quando uma pessoa demonstra que o que acreditava ser impossível é possível; abrindo assim o caminho para que outros também o criem e o alcancem.

O efeito Bannister em nossas vidas

Em suma, esse fato que marcou a história pode nos ajudar a avançar a título pessoal se extrairmos alguns de seus ensinamentos e os aplicarmos em nossas vidas. E é possível que até agora você tenha sido governado pelo que acreditava ser verdade, pelo que ouviu e viu em seu ambiente, e se limitou a alcançar o que realmente deseja. Então, como você pode proceder?

Um apelo à inovação

O efeito Bannister nos convida a questionar o estabelecido. Impulsiona-nos a ver para além do convencional, a desenvolver o pensamento lateral e divergente e a abrir-nos a novas realidades e modos de proceder.

Diante de um problema, projeto ou tarefa, não busque respostas no que já sabe, mas abra-se para novas e diferentes possibilidades.

Isso não é fácil de conseguir, pois para o cérebro humano é natural, confortável e eficaz recorrer a informações anteriores para enfrentar novas situações. Na verdade, é nisso que consistem as heurísticas do pensamento, em certos atalhos mentais que usamos para resolver problemas ou tomar decisões automaticamente, seguindo as formas mais fáceis e conhecidas de pensar.

Porém, se queremos uma mudança, um avanço ou uma melhoria, temos que superar essas resistências e limites mentais e pensar “fora da caixa”.

Inspire-se em quem já conseguiu

Nem todos nós nos tornaremos grandes inventores e visionários que transformarão e mudarão o mundo, e tudo bem. No entanto, se temos um projeto ou uma visão para nós mesmos que nos parece um tanto rebuscada ou inacessível, o melhor que podemos fazer é nos inspirarmos em quem já a realizou.

Se você cresceu em uma família muito tradicional, em um ambiente rígido e convencional em que todas as etapas da vida parecem estar marcadas com antecedência, provavelmente não terá referências para aquele futuro diferente com que sonha para si. Por isso, sua missão é procurar aquelas figuras que já seguiram o caminho que você deseja escolher e guiá-lo em seus passos.

Em seu ambiente mais próximo, seus ideais podem parecer irrealistas ou totalmente impossíveis. Mas talvez, em outras áreas, eles já sejam uma realidade.

Persevere e use os recursos à sua disposição

Por fim, lembre-se de que, embora a motivação e a confiança sejam importantes, existem outros elementos essenciais. Claro, você precisa acreditar que o que você busca é possível, e é possível para você, mas também é importante que você tome ações alinhadas. Ou seja, que você se prepare, que busque e utilize todos os recursos à sua disposição para atingir seu propósito e, principalmente, que persevere.

O efeito Bannister não foi produzido apenas pela fé, mas também pela disciplina. Para correr aquela milha em tempo recorde, o britânico precisou de preparo, apoio e prática; não negligencie este aspecto.

Em suma, convidamos você a questionar e quebrar seus próprios limites mentais. Diante de um projeto de trabalho ou de um objetivo pessoal, a inovação e a convicção podem fazer a diferença. Portanto, lembre-se que tudo o que existe hoje pareceu impossível em algum momento, e que foi a visão de alguém que o tornou real. Atreva-se a ser esse visionário para sua própria vida.