O efeito Borboleta

O efeito borboleta é uma metáfora usada na física teórica que fundamenta a teoria do caos, tendo um impacto significativo em muitas disciplinas, incluindo a psicologia. Vejamos do que ele se trata.
O efeito Borboleta
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

“O bater das asas de uma borboleta pode causar um furacão em outra parte do mundo”… Com esta simples frase podemos resumir em que consiste o efeito borboleta. Pequenas ações são capazes de provocar grandes mudanças, sejam elas positivas ou não. Essa ideia derivada da física e da “ideia do caos” também pode ser aplicada no campo da psicologia.

Todos nós estamos, de alguma forma, constantemente batendo as nossas asas invisíveis, imitando o efeito borboleta. Pensemos por um momento: às vezes um pequeno ato de bondade pode fazer uma grande diferença na vida das outras pessoas. Uma palavra dita na hora certa para um colega de trabalho, um amigo ou um estranho pode dar origem a uma mudança na mentalidade, que flui em direção ao progresso ou a um avanço positivo.

“Você não pode mudar alguém sem destruir o que ele foi”.

-Efeito Borboleta-

Uma canção famosa diz “A vida é como um barco; um remo é movido pela minha mão e o outro pelo acaso“. Essa ideia se encaixa perfeitamente com a teoria enunciada na época pelo físico e matemático James Yorke. Existem aspectos do nosso comportamento que, mesmo sendo uma questão de acaso, são capazes de traçar uma linha entre o antes e o depois. De mudar tudo. De provocarem um impacto no nosso entorno do qual nem sempre estamos totalmente cientes…

Este é um assunto de profundo interesse, que vale a pena aprofundar.

O efeito borboleta e a teoria do caos

O efeito borboleta é uma metáfora usada para explicar a teoria do caos, também exposta por Lorenz. Segundo essa teoria, existem sistemas altamente suscetíveis à presença de variações no universo que podem gerar resultados muito diversos (embora limitados) de forma caótica e imprevisível.

O principal modelo da teoria do caos propõe que se imaginarmos dois mundos idênticos nos quais a única coisa que os diferencia é a ocorrência de uma variável quase insignificante, ao longo do tempo esta pequena discrepância pode fazer com que os dois mundos se tornem cada vez mais diferentes, até que seja praticamente impossível determinar que eles já foram iguais.

O efeito borboleta e a teoria do caos incitam várias disciplinas a não fazerem previsões precisas de longo prazo, já que pequenas variáveis podem modificar bastante os resultados.

O efeito borboleta e psicologia

Grandes mudanças às vezes começam com atos pequenos e casuais. Na psicologia essa relação é bem conhecida e, portanto, o efeito borboleta está presente em muitas teorias e abordagens. Um caso bastante ilustrativo desse cenário ocorre dentro da psicopatologia. Por exemplo, por mais que uma pessoa deprimida não perceba inicialmente uma melhora quando passa a estar mais atenta à própria higiene diária, mais cedo ou mais tarde ela perceberá que esse fato a terá ajudado a superar a depressão.

É a partir dessas pequenas ações que a pessoa opta por tentar outras coisas, como sair de casa pela primeira vez, voltar a trabalhar, encontrar novamente o prazer de viver, se manter mais ativa, etc.

Nós não apenas assumimos esse princípio como uma chave para a compreensão dos processos de mudança como também a consideramos extremamente útil para que desenvolvamos uma competência psicológica essencial: a adaptação à incerteza e a flexibilidade mental.

  • Desta forma, James Yorke, o pesquisador de matemática e professor da Universidade de Maryland que já citamos, diz que sem a teoria do caos e do efeito borboleta os seres humanos não teriam sido capazes de se adaptar a cada desafio ao longo da nossa evolução. Devemos estar preparados para esses imprevistos repentinos e para o efeito que o acaso tem nas nossas vidas.
  • Às vezes essas alterações inesperadas do destino são positivas e nos favorecem. Em outras ocasiões (como em crises econômicas e sociais), somos obrigados a ter recursos pessoais valiosos: resiliência, criatividade, mentalidade de crescimento, abordagem positiva, etc.

Por outro lado, John Gribbin, professor de astrofísica da Universidade de Sussex, escreveu um livro muito interessante sobre esse assunto intitulado “Deep Simplicity” (Simplicidade Profunda em tradução livre). Neste livro ele nos explica que as pessoas são um dos “sistemas” mais sensíveis deste mundo, mais ainda durante um período muito específico das nossas vidas: a infância.

Às vezes um evento casual é suficiente para que a experiência permaneça gravada para sempre na nossa mente. Isso pode ser um pouco traumático, mas também um fato específico e fascinante que em um dado momento nos presenteia com um propósito, uma paixão pela vida…

Menino tocando uma borboleta.

O que podemos fazer pelo nosso efeito borboleta?

Já sabemos que qualquer dinâmica específica pode ter efeitos positivos e negativos em relação às pessoas que nos cercam. Assim, o efeito borboleta nos lembra que às vezes podemos ser como uma pedra lançada em um lago, que começa a gerar ondas e mais ondas na superfície da água.

O que fazemos, dizemos ou expressamos tem um impacto direto sobre aqueles que nos rodeiam e, como consequência, também sobre nós mesmos. Portanto, existem aspectos do nosso comportamento que deveríamos observar e cuidar. Só assim seremos capazes de gerar influências positivas e um equilíbrio harmonioso com o qual todos nos beneficiaremos.

1. Fale diretamente

Em vez de especular sobre algo ou alguém, fale diretamente com as pessoas para evitar mal-entendidos. Em muitas ocasiões nem tudo o que vemos ou ouvimos é verdade. É melhor perguntar e não guardar nada para si mesmo, desta forma também evitamos nos tornarmos “hostis” sem motivo.

2. Trabalhe a sua atenção

Uma maneira de ter mais controle sobre a aleatoriedade que nos cerca e o efeito borboleta é trabalhando a nossa atenção . Em vez de permitir que o acaso gere essas alterações ao nosso redor, também podemos provocar pequenas mudanças positivas de forma consciente e direta.

Algo assim só pode ser alcançado trabalhando a nossa atenção, estando atentos e sendo sensíveis a tudo o que acontece ao nosso redor. Às vezes, se conseguirmos agir no momento preciso, podemos propiciar mudanças sensacionais.

3. Seja gentil

Com apenas um sorriso ou um “bom dia” para um vizinho ou um desconhecido, você criará uma atmosfera agradável ao seu redor. Ser gentil não custa nada e nos oferece muitas coisas boas. Portanto não hesite, seja bom para os outros e você receberá positividade em troca. Um exemplo de como essa virtude é capaz de mudar o nosso ambiente está presente em um estudo realizado na Universidade de Stanford.

Algo que pode ser demonstrado é que a gentileza gerada em qualquer ambiente de trabalho cria uma atmosfera mais feliz e produtiva. Esse é um aspecto interessante a ser considerado.

“A gentileza é como um travesseiro que, embora não tenha nada dentro, pelo menos amortece o ataque violento da vida”.

-Arthur Schopenhauer-

Mãos segurando um coração de pedra para representar a gentileza excessiva.

4. Desfrute de pequenos prazeres

Tomar uma xícara de café ou chocolate enquanto observa a chuva pela janela, contemplar o sono de um bebê, brincar com crianças ou fechar os olhos e prestar atenção ao cheiro e som do mar te proporcionará uma fonte imediata de prazer e que se prolongará ao longo do tempo. Isso trará um “poço de felicidade dentro de você”.

Como podemos ver o efeito borboleta começa com práticas simples, capazes de nos proporcionar não apenas um grande bem-estar, mas também uma melhora na saúde.

5. Faça pequenas coisas pelos outros sem esperar nada em troca

Pequenos gestos como participar de campanhas contra a fome, ajudar o próximo, ceder o assento, perceber que um amigo não está bem e fazer todo o possível para ajudá-lo, criam efeitos borboleta a curto, médio e longo prazo. Para começar, está comprovado que o altruísmo gera felicidade nas pessoas; por outro lado, se unirmos os pequenos gestos de cada um, podemos gerar um grande furacão.

Imagine que cada pessoa leva um pacote de arroz para os mais desfavorecidos na campanha de Natal contra a pobreza; serão acumulados quilos e quilos de arroz… e tudo com um simples gesto. Algo simples pode ajudar a tornar a nossa sociedade melhor, mais humana e feliz.

6. Pare por um minuto quando estiver com raiva

Respirar fundo e pensar que somos sortudos por tudo o que temos… outro furacão… nossos níveis de ansiedade diminuirão, sairemos da espiral da raiva e evitaremos sentimentos pouco saudáveis.

Gestos como esses evitam dores de cabeça e de estômago, resfriados etc. As doenças estão intimamente relacionadas com as emoções, tanto que os romanos usavam a conhecida frase “Mens Sana in Corpore Sano”.

7. Pense no hoje e não no amanhã

Se você tem um tempinho para dar um passeio com o seu parceiro ou ir à praia em boa companhia, faça isso. Você irá gerar outro furacão felicidade com esses pequenos gestos… se os maus momentos vierem, você pode pensar no quanto já riu e aproveitou a vida no passado, e essas memórias te ajudarão a enfrentar melhor os momentos difíceis.

8. Pratique bons hábitos

Pequenos hábitos ruins como começar o dia mal-humorado, fumar para experimentar um pouco de calma, consumir alimentos pouco saudáveis o tempo todo, etc., acabam determinando o rumo da nossa vida.

Nesse caso o ideal é aprender a identificar esses hábitos e evitá-los o máximo possível. Assim que começar a fazer pequenas coisas como acordar com um humor e uma disposição melhores, você perceberá grandes mudanças.

Você já sabe que pequenos gestos podem melhorar a sua vida.

“Algo tão pequeno como o bater de uma borboleta pode causar um tufão no outro lado do mundo”.

-O efeito Borboleta-


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