O que é parentalidade positiva e quais são seus benefícios?

A parentalidade positiva baseia-se no interesse superior da criança. É um estilo de criação baseado na empatia, no afeto, na autoestima e na não violência.
O que é parentalidade positiva e quais são seus benefícios?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Hoje sabemos que a educação dos mais pequenos marca o seu futuro. Com esse conhecimento na retina da memória, pais e mães hoje tentam garantir que seus filhos tenham a melhor educação possível em um mundo que muda a uma velocidade muito rápida. O que é melhor para meus filhos? Que estilo educacional escolher? Eu estou fazendo a coisa certa? A parentalidade positiva precisa de respostas, uma orientação clara que os guie para o objetivo que eles estabeleceram para si mesmos.

As crianças não vêm com um manual de instruções, enquanto os pais agradeceriam se elas viessem com um guia. Os modelos parentais com os quais eles próprios foram criados tornaram-se obsoletos, assim como muitos desafios, de modo que muitas vezes não podem recorrer à memória.

Também não há senso de comunidade que permita que dúvidas, medos e preocupações sejam expressados e resolvidos sem temor de serem julgados. Por causa disso, a paternidade pode se tornar uma jornada incerta e solitária.

Se você deseja garantir o melhor desenvolvimento para seus filhos e desfrutar de uma vida familiar harmoniosa, a parentalidade positiva pode ser a escolha certa. Abaixo descrevemos brevemente em que consiste para que você possa começar a implementá-la.

Pai abraçando sua filha pequena

O que é parentalidade positiva?

A parentalidade positiva é definida como um estilo de criação em que o comportamento dos pais é baseado no interesse superior da criança. Assim, este é reconhecido como um indivíduo de plenos direitos e a criação visa proteger, orientar e promover o desenvolvimento do pequeno em todos os níveis. Por meio do afeto, segurança e orientação, buscamos promover a autonomia da criança para que ela alcance as melhores realizações nas diversas áreas de sua vida.

Esse modelo de criação é muito diferente do estilo educacional autoritário implementado nas gerações anteriores, em que se esperava obediência e atitude passiva dos filhos. No entanto, também não é um modelo permissivo ou negligente. Supervisão, limites e disciplina bem compreendidas devem estar presentes.

Componentes da parentalidade positiva

Para entender melhor em que conssite a parentalidade positiva, podemos olhar para alguns dos elementos básicos que a compõem. Estes são os princípios que devem orientar esta criação positiva:

  • Laços afetivos calorosos entre os diferentes membros da família.
  • Um ambiente estruturado que oferece rotinas e limites adequados.
  • Estimulação adequada que aumenta as capacidades e habilidades dos pequenos.
  • Presença, atenção e tempo de qualidade compartilhado.
  • Reconhecimento do filho como pessoa de plenos direitos, para que suas opiniões, interesses e necessidades sejam ouvidas e levadas em consideração.
  • Aumentar a confiança, a autoestima e a segurança dos filhos para que eles se sintam capazes de controlar suas próprias vidas e influenciar em seu meio.
  • Uma educação baseada na não violência, na qual não há lugar para castigos físicos ou psicológicos. O comportamento inadequado dos filhos é corrigido por meio de consequências que não os violentem ou denigram (por exemplo, incentivando-os a refletir e reparar os danos causados).
Mãe e filho olhando para uma flor

Os benefícios da parentalidade positiva

A parentalidade positiva beneficia, em primeiro lugar, os filhos. Crianças e adolescentes educados em linhas que combinam de forma inteligente afeto, condições e imposição de limites crescem sentindo-se protegidos, amados, aceitos e capazes. É mais fácil que gozem de uma boa autoestima e sejam capazes também de estabelecer limites inteligentes com os outros.

Além disso, o exercício positivo da parentalidade traz benefícios aos pais. Nenhum pai gosta de ver seu lar transformado em um campo de batalha, tendo que perseguir seus filhos para que os obedeçam, entrar em disputas de poder com eles ou aplicar punições. A partir dessa abordagem, são obtidas relações familiares mais saudáveis e harmoniosas, os conflitos são reduzidos e a confiança é aumentada, e os laços entre pais e filhos são fortalecidos.

Exemplos de parentalidade positiva

Para entender melhor como esse tipo de parentalidade ocorre no dia a dia, segue uma lista de exemplos que refletem isso:

  • Diante de qualquer conflito, problema ou tomada de decisão na família, pais e filhos se reúnem para dialogar e encontrarem, juntos, a solução mais adequada. Nesse caso, todos são ouvidos com respeito e todas as opiniões são levadas em consideração. Assim, são alcançados acordos que favorecem toda a família.
  • Envolver-se na vida escolar das crianças, interessando-se pelo seu processo educativo e pelo que aprendem na escola.
  • Diante de qualquer ato cometido pela criança que seja considerado condenável, ao invés de recorrer a castigos físicos ou psicológicos, a criança é incentivada a restituir os danos causados. Por exemplo, se a criança bateu em um colega de classe, em vez de castigá-lo com uma surra ou deixá-lo sem videogame por uma semana, o ideal é ensiná-lo a reparar o dano, uma forma é pedindo desculpas ao afetado.
  • Dedicar tempo às atividades com os filhos. Esse tempo deve ser de qualidade e não deve ser interrompido por outras pessoas ou tarefas. O objetivo é realizar uma atividade que tanto os pais quanto as crianças gostem.

10 conselhos para fomentar uma parentalidade positiva

Por último, deixamos uma lista de conselhos emitidos pela ONG Save The Children, que permitem estabelecer uma parentalidade positiva. São eles:

  1. As crianças têm direito a cuidados e orientação adequados.
  2. A educação e a criação devem basear-se em conhecer,proteger e dialogar.
  3. O vínculo afetivo é decisivo, por isso deve ser promovido e mantido em todos os momentos.
  4. O afeto deve ser demonstrado abertamente para que as crianças se sintam amadas.
  5. Regras e limites são importantes, pois dão estrutura e segurança à criança.
  6. Os pequenos devem participar ativamente nas decisões familiares para que se sintam responsáveis, mas também ouvidos e valorizados.
  7. Eles serão sancionados quando se comportarem mal, mas sem recorrer a castigos.
  8. O tapa, o insulto, a ameaça ou a gritaria não são eficazes ou adequados para educar as crianças.
  9. Os conflitos devem ser resolvidos sem recorrer à violência
  10. Para que as crianças estejam bem, os pais devem estar bem.

Para concluir, destacamos que existem tantos estilos de criação quanto famílias, apesar de as opções serem geralmente reduzidas a poucas com base em diferentes parâmetros. A realidade é que o estilo educativo é criado diariamente, nas interações contínuas entre pais e filhos, cabendo a cada família escolher o modelo que melhor se adapta às suas necessidades.

No entanto, devido aos benefícios demonstrados da parentalidade positiva, é importante ter em conta os seus princípios na educação das novas gerações.


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