Obesidade informativa: o reflexo de uma sociedade hiperconectada

As novas tecnologias mudaram a forma como nos relacionamos com a informação, levando-nos a enfrentar uma carga desproporcional em relação às nossas necessidades.
Obesidade informativa: o reflexo de uma sociedade hiperconectada
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

O mundo atual nos oferece a possibilidade de estar conectados a todo momento. Assim, recebemos diariamente uma enorme quantidade de informação que é totalmente desproporcional em relação às nossas necessidades reais. É a partir desse excesso que surge a obesidade informativa.

Evidentemente, é difícil digerir toda a informação que chega até nós, por isso podemos acabar nos tornando vítimas da hiperconectividade da sociedade atual.

Ao longo desse artigo, falaremos sobre o que é a obesidade informativa, como enfrentar este problema, e compartilharemos quatro passos para manter um equilíbrio ao explorar o mundo digital. Comecemos com esta reflexão:

“Construímos grandes estradas de informação, mas nos esquecemos de aprender a dirigir”. 
-Francisco Pérez Latre-

O que é a obesidade informativa?

Atualmente, devido à rapidez e eficácia das novas tecnologias, contamos com diversas fontes de informação que estão ao nosso alcance diariamente. Por isso, a sociedade atual merece o nome de “sociedade da informação”.

No entanto, esta informação está tão presente que inunda todos os âmbitos das nossas vidas, inclusive o psicológico. Este fato faz com que a obesidade informativa esteja intimamente relacionada com o nosso bem-estar mental.

Novas tecnologias

Dieta digital para enfrentar a obesidade informativa

Para ter um maior bem-estar, é importante enfrentar esta situação. Como fazer isso? Por meio de uma dieta digital. Ou seja, a partir de um uso crítico e proveitoso das novas tecnologias.

Para fazer isso, é indispensável manter hábitos saudáveis. Com eles, será possível gerenciar a avalanche de informações às quais estamos expostos:

  • Repensar a relação que temos com as novas tecnologias. Consiste em sermos mais conscientes de qual é o nosso vínculo com o mundo digital. Dependemos dele? Passamos a maior parte do nosso tempo navegando?
  • Saber gerenciar o potencial do mundo digital. Trata-se de sermos mais conscientes da forma como elaboramos a informação que recebemos.
  • Recorrer à desconexão digital quando for necessário. Há momentos em que podemos nos sentir saturados pelo mundo digital. Nessas situações, podemos tirar um tempo para descansar, principalmente se notarmos que estamos dependentes.
  • Utilizar a própria tecnologia para combater a sobrecarga de informação. Por exemplo, filtrar a informação que chega a nós. Para fazer isso, devemos estar atentos ao que realmente queremos receber.

Para ter um maior bem-estar, é bom fazer uma dieta digital. Podemos começar com um bom sistema de filtragem de informação, para que o nosso foco de informação não seja bombardeado e para que possamos evitar o desgaste cognitivo.

Cada vez que ligamos o computador ou o celular, ficamos envoltos em um ecossistema de tecnologias da interrupção. Por isso, Javier Serrano-Puche, em seu artigo para a Revista Internacional de Comunicaciónpropõe que a atenção deve ser orientada a uma tomada de consciência a respeito de como é o nosso consumo informativo.

Como nos relacionamos com as novas tecnologias? Qual informação é importante e consistente com o que realmente precisamos? Qual informação queremos em nossas vidas? Qual conteúdo tem mais peso para nós e por quê? Como estamos filtrando os conteúdos? Quais fontes utilizamos para nos informar?

Todas essas perguntas são úteis para transformar a nossa relação com a informação e com as mídias a partir das quais a obtemos. Assim, podemos focar o que realmente precisamos, sem esquecermos de nós mesmos e sendo mais responsáveis.

4 passos para manter o equilíbrio no mundo digital

A dieta digital nos leva reassumir o controle de nossas vidas. Com ela, teremos tempo para as pessoas que amamos e para nós mesmos, já que deixaremos para trás a dependência do mundo digital. Para conseguir desapegar desse mundo ou usá-lo da forma adequada, Daniel Sieberg, executivo do Google, propõe:

  • Pensar. Consiste em analisar como a tecnologia afeta a nossa saúde física, mental e emocional.
  • Analisar. Fazer uma análise do nosso consumo no mundo digital, apoiando-nos nos dados fornecidos pelos nossos dispositivos.
  • Conectar. Trata-se de restaurar as relações que foram afetadas ou prejudicadas pela tecnologia.
  • Reforçar. Aprender a conviver com a tecnologia de uma forma saudável.

Esses quatro passos devem ser realizados em um plano de 28 dias. No entanto, isso vai depender de cada usuário, já que dependendo da sua profissão, estilo de vida e hobbies, o foco vai ser direcionado a determinados serviços oferecidos pela tecnologia.

Relação saudável com a tecnologia

Então, para superar a obesidade informativa, é preciso fazer um bom uso do mundo digital. Para isso, é importante se desintoxicar do mesmo avaliando o quanto dependemos dele e aplicando estratégias que nos permitam fazer um uso assertivo dependendo do momento da vida em que nos encontramos e das nossas características pessoais.

O problema não está na quantidade de informação que chega até nós, e sim na forma como lidamos com ela. Por isso, devemos identificar o que queremos receber e como fazer com que chegue a nós da melhor maneira, por exemplo, através de filtros.

É essencial sermos muito conscientes dos nossos hábitos em relação ao mundo digital e de como eles influenciam a nossa saúde mental, física, emocional e social.


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  • Serrano-Puche, J. (2014). Por una dieta digital: hábitos mediáticos saludables contra la “obesidad informativa”. Ámbitos. Revista internacional de comunicación.
  • Sieberg, D. (2011). The digital diet. New York Harmony.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.