Orfeu e Eurídice, um mito de amor

O mito de Orfeu e Eurídice nos lembra de que o amor resiste a tudo, inclusive à própria morte. Quando alguém ama verdadeiramente, é capaz de ir até o inferno para estar na companhia do ser amado.
Orfeu e Eurídice, um mito de amor
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 08 abril, 2020

O mito de Orfeu e Eurídice fala do amor que é capaz de ir até mesmo além da morte. Ele conta que Orfeu era um ser muito especial, filho de Apolo, deus da música e das artes, e de Calíope, também conhecida como Clío, musa da poesia. Essa origem deu a Orfeu um dom especial, o dom da música.

Orfeu aprendeu sobre a música com o deus da música, seu próprio pai, Apolo. Ele desenvolveu tanto as suas habilidades que Apolo entregou a ele sua própria lira, como um símbolo do amor paternal. Ela havia sido feita por Hermes, com o casco de uma tartaruga. Diz-se que Orfeu conseguia interpretar as mais belas melodias que qualquer um já havia escutado na Terra.

Seu talento era tão grande que deuses e mortais se comoviam até as lágrimas quando escutavam sua música. Até as criaturas mais ferozes se tornavam mansas quando eram embaladas pela sua melodia. Ele também era bastante namoradeiro, até que conheceu a ninfa Eurídice.

“Quando minha voz se calar com a morte, meu coração continuará falando com você”.
-Rabindranath Tagore-

Orfeu e Eurídice

Orfeu e Eurídice

Orfeu levava uma vida errante e aventureira. Por isso, ele se ofereceu para acompanhar os argonautas em sua travessia para encontrar o Velocino de Ouro. A história conta que ele salvou a expedição quando as sereias tentaram confundir os marinheiros com o seu canto. O som deixava os marinheiros em êxtase e fazia com que eles se jogassem ao mar, onde eram devorados pelas sereias.

Nessa ocasião, Orfeu tirou proveito do seu talento. Quando as sereias começaram a cantar, ele fez o mesmo com a sua lira. Sua música era muito mais bonita que a delas, e assim ele conseguiu abafar o som. Só um dos marinheiros sucumbiu ao encantamento das sereias e acabou morto.

Após essa expedição, Orfeu e Eurídice se reuniram. Ela era uma ninfa muito bonita. Um dia, Orfeu viu sua figura refletida na água, e de imediato sentiu que morreria de amor por ela. Finalmente ele conseguiu fazer com que ela o correspondesse. Eurídice se apaixonou perdidamente por ele e os dois se casaram. Viveram um amor apaixonado totalmente correspondido.

A perda de Eurídice

Ainda que Orfeu e Eurídice vivessem muito felizes em seu palácio, ela não esquecia que era uma ninfa. Por isso, não conseguia deixar de ir para os bosques para estar no meio da natureza, que era tão familiar a ela. Uma tarde foi ao bosque, como era de costume, e viu um caçador perseguindo um veado indefeso. Ela o ajudou a escapar, o que gerou uma grande ira no caçador.

O homem disse que perdoaria a sua ofensa, mas só se ela aceitasse lhe dar um beijo. Ela se negou. Orfeu e Eurídice eram um casal feliz e ela não poderia arriscar essa felicidade só por sentir medo. O caçador quis forçá-la, e então ela começou a correr. Em sua fuga, ela pisou na cabeça de uma cobra que estava dormindo e a cobra a mordeu. A ninfa morreu na hora.

Quando soube da morte de sua esposa, Orfeu entrou em desespero. Logo, ele decidiu ir para o submundo para resgatar a sua esposa da morte. Valendo-se de sua lira e de seu belo canto, conseguiu fazer com que Caronte, o barqueiro, e o cão de três cabeças Cérbero, guardião da entrada do submundo, o conduzissem até onde estava Perséfone, a rainha do inferno. Ela também ficou comovida com a sua música.

Orfeu e Eurídice

Juntos para sempre

No fim, Perséfone permitiu que Orfeu levasse sua amada novamente para o mundo dos vivos, mas ela colocou uma condição. Durante o trajeto, Orfeu devia ir na frente, e Eurídice atrás. Ele não podia virar para olhá-la até que a luz do sol os tocasse por completo, já fora do submundo. Orfeu aceitou, mas não confiava completamente em tudo que Perséfone havia dito. Ele temia que houvesse um demônio atrás dele, e não sua amada esposa.

Quando por fim ele saiu da gruta, não resistiu e olhou para trás. Faltava só que a luz do sol tocasse um dos pés de Eurídice. Ainda assim, ela desapareceu diante dos seus olhos, e ficou morta para sempre. Orfeu caiu em uma grande tristeza e fez uma música que levou os deuses às lágrimas. As mênades, seres selvagens, se apaixonaram por ele, mas Orfeu não cedeu às suas tentativas de sedução.

Como forma de vingança, as mênades o mataram e espalharam seus restos por todos os lados. No entanto, isso permitiu que Orfeu e Eurídice voltassem a se reunir no submundo. Dessa vez eles ficariam juntos para sempre. Desde então e até hoje, ainda é possível ouvir as suas belas melodias que ecoam nos prados e bosques.


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  • Delgado, R. G. (2003). Interpretaciones alegóricas del mito de Orfeo y Eurídice por Fulgencio y Boecio y su pervivencia en la Patrologia Latina. Faventia, 25(2), 7-35. https://dehesa.unex.es/handle/10662/17332

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