O que são as parapraxias? Tipos e exemplos das distorções da memória

Independentemente de ter ou não ter memória, ela pode ser distorcida. Quando isso acontece, falamos de parapraxias ou paramnésias. Vamos contar mais detalhes sobre 11 delas.
O que são as parapraxias? Tipos e exemplos das distorções da memória

Última atualização: 20 julho, 2021

Você sabia que a memória, além de estar ausente ou não, pode ser distorcida? Quando ocorre algum tipo de distorção na memória, falamos em parapraxias (ou paramnésias).

Assim, as pessoas podem guardar ou não lembranças de um acontecimento ou uma experiência, mas também pode acontecer de essas “memórias” serem distorcidas. Essas distorções podem aparecer tanto na população clínica quanto na população não clínica. Neste artigo, vamos contar quais são os 11 tipos de parapraxias.

“Somos nossa memória, somos esse quimérico museu de formas inconstantes, esse montão de espelhos quebrados.”
-Jorge Luis Borges-

O que são as parapraxias?

As parapraxias foram definidas por Sigmund Freud para se referir a pequenos erros mnemônicos, como o fenômeno da ponta da língua ou o esquecimento de nomes e datas”.

Essas experiências, segundo as contribuições de Freud, podem aparecer em pessoas com funcionamento mnésico (memória) absolutamente normal (embora também ocorram em pessoas com algum tipo de patologia).

Assim, as parapraxias que Freud definiu têm a ver com esquecimentos cotidianos que todos temos. No entanto, Freud não foi o único autor que falou de alterações da memória. O psiquiatra alemão Emil Kraepelin, por sua vez, introduziu um termo semelhante ao das parapraxias: o das paramnésias.

“As parapraxias aparecem em pessoas saudáveis ​​com uma memória normal.”
-Sigmund Freud-

O que são as parapraxias?

Parapraxias e paramnésias

Com esse conceito, o de paramnésias, Kraepelin se referia às distorções patológicas da memória devido à inclusão de detalhes falsos ou uma referência temporal incorreta.

Como podemos ver, parapraxias e paramnésias são conceitos semelhantes e, portanto, vamos agrupá-las em uma única categoria. Dentro dessa categoria que engloba parapraxias e paramnésias, encontramos dois grupos de anomalias na memória:

  • As anomalias da memória.
  • As anomalias do reconhecimento

Anomalias da memória

No primeiro grupo de anomalias da memória, encontramos distorções ou alterações na lembrança. Referem-se a:

Fenômeno de “não conseguir lembrar”

Esse fenômeno está relacionado ao fato de encontrar uma pessoa fora do contexto ao qual normalmente a associamos. Como resultado, temos uma experiência de reconhecimento sem memória completa, ou seja, conhecemos a pessoa, mas “não sabemos de onde”.

Um fato muito curioso geralmente acontece com nossos filhos quando eles encontram um professor fora da escola. Eles sabem que os professores têm uma vida fora da escola, mas sua existência, em suas mentes, está intimamente associada à sala de aula.

“Conhecer o rosto, mas não o nome”

Outra das parapraxias existentes ocorre quando somos capazes de reconhecer e identificar corretamente alguém, mas não conseguimos relembrar seu nome. A memória dessa pessoa é fraca ou atenuada.

“Sensação de conhecer”

Aqui a pessoa está convencida de que sabe algo e, no entanto, quando vai provar, fracassa. É um fenômeno mais frequente com informações semânticas (nomes, palavras …).

“Ponta da língua”

É um caso particular do anterior. Envolve estar convencido de conhecer uma palavra perfeitamente, mas ser incapaz de se lembrar dela. Acredita-se que sua incidência aumente com a idade.

Lacuna temporal

Acontece quando não prestamos atenção consciente aos fatos ou quando não os registramos como marcadores temporais, então experimentamos a sensação de perda em nossa memória, de um traço temporal.

Verificação de tarefas (checking)

Tem a ver com os comportamentos realizados para confirmar que certas tarefas foram realizadas. Acontece quando a memória do que queremos verificar está ausente ou atenuada.

Pseudomemórias e falsificação da memória

Dois fenômenos estão incluídos nessa categoria: a pseudologia fantástica e a confabulação. Em ambos os casos, ocorre uma fabricação de lembranças para preencher as lacunas de memória .

No caso da pseudologia da fantasia, falamos de narrativas completamente inventadas ou fantasiadas nas quais os próprios pacientes chegam a acreditar e que geralmente são produzidas por necessidades afetivas. Em contrapartida, a confabulação é a falsificação que ocorre na síndrome amnésica com um estado de consciência lúcida.

Anomalias do reconhecimento

No segundo grupo de parapraxias e paramnésias encontramos as anomalias que afetam o reconhecimento de coisas, pessoas, situações ou objetos. Em termos gerais, há dois tipos:

Déjà vu

O déjà vu é a experiência de acreditar já ter visto algo que sabemos que é a primeira vez que estamos vendo. Pode ocorrer na população normal e clínica.

Na população normal, é mais frequente na juventude e em condições de fadiga, geralmente durando apenas alguns segundos. Em contrapartida, na população clínica, costuma aparecer em pacientes psiquiátricos. Nestes casos, envolve uma sensação muito prolongada e até contínua.

Nesse segundo caso, é frequente em distúrbios como a despersonalização, como correlato de lesões no lobo temporal e em epilepsias.

O que são as parapraxias?

Jamais vu

Outra das parapraxias existentes é o fenômeno do jamais vu. Nesse caso, a pessoa conhece e se lembra de uma situação, mas não experimenta nenhuma sensação de familiaridade.

É muito menos frequente na população em geral do que o fenômeno inverso (o déjà vu).

Criptomnésia

Refere-se à experiência de que uma lembrança não seja sentida como tal; acredita-se ser uma produção original, vivida pela primeira vez. Dessa forma, ocorre uma falha no reconhecimento e a sensação de familiaridade está ausente.

É um fenômeno que sempre ocorre com material semântico (palavras), quando esse reconhecimento não foi associado a códigos personalizados ou à memória episódica.

A memória é confiável?

Você já experimentou uma parapraxia alguma vez na vida? Como vimos por meio desse fenômeno, a memória não é de forma alguma uma habilidade perfeita, e é isso que explicaria por que somos influenciados pelas suas alterações ou distorções.

Ter dificuldade para lembrar nomes, palavras ou pessoas, assim como fabricar falsas lembranças, é algo bastante comum (principalmente quando estamos cansados ​​ou fadigados). Em suma, a memória é muito útil e também nos permite ter uma identidade, mas nunca é, nem será, 100% confiável ou exata.

“A memória é o único paraíso do qual não podemos ser expulsos.”
-Jean Paul-


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  • American Psychiatric Association –APA- (2014). DSM-5. Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales. Madrid: Panamericana.
  • Belloch, A., Sandín, B. y Ramos, F. (2010). Manual de Psicopatología. Volumen I y II. Madrid: McGraw-Hill.

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