Por que às vezes rimos em momentos inadequados?
Rir em voz alta durante um funeral ou quando todos estão fazendo um minuto de silêncio. Rir sem parar quando um amigo sofre uma queda espetacular ou quando recebemos más notícias. Se isso já aconteceu com você, certamente você se perguntou por que às vezes rimos em momentos inadequados. A resposta para esta pergunta não poderia ser mais interessante.
A ciência nos diz que não sabemos tudo sobre o mecanismo do riso. Todos nós temos como certo que é esse gesto social que permite nos conectarmos uns com os outros. É também o canal que facilita a expressão de emoções positivas, como felicidade, alegria, surpresa e felicidade.
No entanto, é importante saber que rir é a chave para aliviar estados psicofísicos de grande tensão e ansiedade. O cérebro recorre ao riso como um recurso para a catarse emocional. Na verdade, como dizem os neurocientistas, o riso é um dos comportamentos mais importantes e desconhecidos do ser humano.
“A pessoa sofre tanto no mundo que foi forçada a inventar o riso.”
-Friedrich W. Nietzsche-
Razões pelas quais rimos em momentos inadequados
Quando rimos em momentos inadequados, estamos cientes do nosso comportamento distorcido. Em outras palavras, sabemos que essa reação emocional não é a ideal naquela situação, mas mesmo assim ela surge e, na maioria das vezes, é até tranquilizadora. Isso nos relaxa por alguns momentos, embora depois tenhamos que lidar com a confusão social.
É algum tipo de insanidade temporária? Há algo de errado conosco? A verdade é que, às vezes, aquela risada inesperada e inadequada responde a algum tipo de psicopatologia. No entanto, em média, essa reação é uma resposta psicológica à ansiedade e à tensão. O que nosso cérebro faz é promover essa reação para aliviar todo o desconforto contido.
Portanto, aquela risada repentina do funeral ou aquela risada quando nos dão más notícias nada mais é do que um mecanismo de catarse. Graças a esta reação, podemos aliviar a tensão de valência negativa contida.
Como um fato curioso, algo que a ciência afirma é que as origens evolucionárias do riso responderam, na realidade, mais a um mecanismo de sobrevivência do que à mera expressão de prazer ou deleite. Rimos para nos conectarmos socialmente com outras pessoas e também para anular as emoções negativas.
Quando o riso não promove o vínculo, para que ele serve?
Trabalhos de pesquisa, como os realizados na University College London, nos lembram de que o riso é uma emoção social que aparece com mais frequência durante as nossas interações sociais. Favorece o vínculo, a conexão, o afeto e a regulação emocional. Tudo isso está claro para nós.
Agora, o que acontece quando rimos sozinhos em momentos inadequados? Isso nos revela que, de fato, rir não tem o único propósito de promover a conexão ou vínculo humano. Além do mais, às vezes não rimos “de alguma coisa”, rimos para aliviar o desconforto, o estresse ou a ansiedade contida.
Na verdade, isso já aconteceu com todos nós em algum momento. Depois de um dia ruim, um daqueles dias em que tudo dá errado, chegamos em casa e encontramos uma geladeira ou máquina de lavar quebrada. É o que nos faltava, sem dúvida, e em vez de reagir com cansaço ou frustração, acabamos rindo alto…
Às vezes, podemos estar falando sobre algo muito angustiante e adverso, e ainda assim nossa mente e corpo respondem com risos. Esse é um mecanismo normal gerado pela ansiedade contida, que visa aliviar o desconforto.
O lado obscuro do riso em momentos inadequados
O riso não está presente apenas em humanos. Sabemos que também transcende outras espécies, como os grandes primatas. Agora, algo comum entre nós e os chimpanzés ou gorilas é que o riso é espontâneo e está ligado a certas situações. O fato de surgir espontaneamente, de forma inadequada e isolada, é único.
Já apontamos que, na maioria das vezes, esse comportamento é resultado do estresse. No entanto, também tem um lado patológico. Trabalhos de pesquisa, como os realizados na Aga Khan University e na Columbia University, indicam que o riso impróprio pode ser a origem de vários distúrbios neurológicos, como:
- Epilepsia gelástica (sofrida pelo personagem do Coringa).
- Doenças desmielinizantes (como esclerose múltipla, neuromielite óptica ou encefalomielite disseminada aguda).
- Doenças da paralisia bulbar e pseudobulbar.
O riso tem o poder de substituir outras emoções
As pessoas riem em momentos inadequados; isso é um fato e já aconteceu com todos nós. Essa constatação nos convida a fazer uma reflexão importante. O riso é um mecanismo biológico, social e psicológico essencial para o ser humano. Ajuda-nos a nos conectarmos uns com os outros e a expressar emoções de valência positiva.
No entanto, também tem outro propósito: cancelar ou regular emoções complexas. Ansiedade, angústia, tristeza, frustração, raiva, estresse ou uma simples sobrecarga de pensamento podem, às vezes, levar ao riso impróprio e involuntário. Com ele, essa tensão interna é aliviada.
Graças a essas risadas, duas coisas acontecem: experimentamos uma certa catarse, ou seja, aquele estado emocional é aliviado, e nos damos conta de que há uma série de realidades que devemos atender. Essa é a chave: administrar o que dói ou preocupa.
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