Você sabe quais são os problemas sexuais mais comuns?
A sexualidade tem várias facetas: é composta pelo biológico, pelo psicológico, pelo fisiológico, pelo social e pela cultura. Por isso, a satisfação ou insatisfação que se deriva do ato sexual pode ser determinada por um grande número de fatores. Dentre eles a ansiedade, a imaginação e a falta de confiança. São eles que dão forma aos problemas sexuais mais comuns que afetam a vida das pessoas. Quais seriam estes problemas sexuais mais comuns?
Fatores que podem causar problemas sexuais
Conforme vimos, o ato sexual não é uma prática isolada do seu contexto. Há influência de uma grande quantidade de elementos biológicos, psicológicos e sociais. Desde expectativas e experiências já vividas, passando por disposição genética, anatômica e hormonal, até um sem fim de aspectos culturais, educativos, éticos e religiosos.
Então, podemos ver que a efetividade da estimulação sexual é determinada por fatores sensoriais e orgânicos, psicológicos, atencionais, emocionais, motivacionais e cognitivos. Por isso é tão importante a adequação de todos os órgãos e sistemas sensoriais, as interações entre os participantes do ato e a capacidade que temos para concentrar a atenção no momento.
Nosso estado emocional e motivacional tem também parte nesse todo. Se estamos cansados, se estamos ansiosos, é normal que nossa libido diminua. Do mesmo modo, o cansaço ou aspectos cognitivos, como as fantasias sexuais, também determinam a satisfação sendo a raiz da estimulação.
Disfunções e desvios sexuais
Ainda que ambos sejam problemas na conduta sexual, é necessário estabelecer uma diferenciação entre elas.
- Os desvios são respostas sexuais apropriadas na presença de estímulos sexuais inapropriados. Por exemplo: fetichismo, masoquismo, zoofilia, travestismo.
- As disfunções sexuais são alterações da resposta na presença de estímulos sexuais apropriados. Desse modo, dependendo do nível de desejo, de excitação ou de ocorrência do orgasmo, podemos diferencias diferentes tipos de disfunções. Aprofundaremos a seguir.
Problemas sexuais mais comuns nos homens
Disfunção erétil
É um dos problemas mais frequentes. Acontece quando o homem não é capaz de criar ou manter uma ereção para que ocorra a relação sexual. É também conhecida como impotência e geralmente não afeta o desejo em si.
Estima-se que entre 20 e 30% dos casos tenha origem psicológica. Por exemplo, uma educação moral muito rígida, informação sexual inadequada ou experiências anteriores que tenham sido traumáticas e não tenham sido trabalhadas e elaboradas de maneira adequada podem causar o problema. Existem remédios que podem ter como efeito colateral a disfunção erétil. Outras doenças, como diabetes ou hipertensão, problemas cardíacos ou hormonais, assim como o tabaco e o álcool, também contribuem para sua aparição.
Ejaculação precoce ou tardia
A ejaculação precoce é a incapacidade de controlar a expulsão do sêmen de acordo com o que se deseja. Ainda que frequentemente seja costume associar a ejaculação com o fim da relação sexual, não necessariamente isso deveria ser assim. Por outro lado, a ejaculação tardia é a demora ou ausência da mesma. Ou acontece depois de muito tempo ou é completamente inexistente. Converte-se em um problema se isso passa a ocorrer frequentemente.
A origem de ambos os problemas sexuais costuma ser devido a fatores psicológicos. Por isso, a intervenção costuma ser dirigida para o controle da excitação, seja intervindo diretamente sobre os estímulos que a produzem ou treinando certas estratégias mentais que inibam a ejaculação em algum grau. Dentre os protocolos mais usados nesse sentido estão a “parada” e a “compressão”.
Problemas sexuais mais comuns nas mulheres
Vaginismo
Refere-se a uma dificuldade para realizar o coito, devido à contração involuntária dos músculos da parte inferior da vagina. Ou seja, ocorrem espasmos nesses músculos que fecham a vagina e impedem que ocorra a penetração. Existem dois tipos de vaginismo diferenciados pela sua origem: o vaginismo primário (a mulher nunca foi capaz de manter relações sexuais sem dor) e o vaginismo secundário (a mulher já foi capaz de manter relações sexuais sem dor antes da aparição do vaginismo).
O problema ocorre devido a fatores físicos, psicológicos ou uma mistura de ambos. Além disso, é um dos problemas sexuais que costuma se agravar se não for tratado. Isso acontece se a mulher segue tentando a penetração apesar da dor que sente. Nesses casos a mulher acaba aumentando a contração involuntária para evitar a penetração.
Anorgasmia
Anorgasmia se refere à incapacidade de alcançar o orgasmo. As pessoas com esse problema não conseguem chegar nesse ponto culminante da relação sexual.
É um dos problemas sexuais mais comuns em ambos os gêneros, ainda que ocorra principalmente nas mulheres. É mais comum no sexo feminino por causa da sua morfologia. A mulher tem maior quantidade de estruturas nervosas e musculares que os homens. Neles é mais difícil de detectar o problema uma vez que normalmente a tendência é assumir que se o homem ejacular ele chegou ao orgasmo.
Algumas pessoas, porém, especialmente pré-adolescentes, têm orgasmos sem ejaculação. Por outro lado, algumas questões podem fazer com que outras pessoas alcancem o orgasmo sem ejacular. Outros homens experimentam ainda a sensação em momentos diferentes da ejaculação, como segundos depois, ou orgasmos múltiplos justamente antes da ejaculação em si. Mas há, sim, as pessoas que ejaculam de formam anestésica, também chamado de anedonia. Ou seja, sem sentir nada.
A anorgasmia costuma ser fruto de fatores psicológicos, como algum trauma sexual, depressão, ansiedade, medo ou falsas crenças em torno do sexo e da sexualidade. Tem tratamento e somente em 5% dos casos não são encontradas soluções.
Dispareunia
É o coito doloroso ou incômodo. Seja antes, durante, ou depois da penetração. Acontece tanto em mulheres como em homens, mas sua prevalência é maior entre elas. É caracterizado pela existência de dor genital associada à penetração. Nos homens, essa dor costuma acontecer durante a ejaculação. Uma causa muito provável para essa sintomatologia é a infecção urinária.
Nas mulheres, a dispareunia pode estar associada ao vaginismo e causa ardência, queimaduras, contrações e dores muito fortes. Se não ocorre no começo do ato, mas sim após este ter atingido e passado do seu pico, pode ser fruto da perda de lubrificação. Suas causas são mais de origem orgânica que psicológica.
Perda do desejo sexual
Esse problema afeta ambos os sexos igualmente. No caso das mulheres, suas causas podem ser hormonais, devido a um baixo nível de estrogênio. Essa redução hormonal pode ser fruto, dentre outros motivos, da menopausa. Nesse contexto, o mesmo costuma ocorrer durante a gravidez ou a fase de amamentação, onde o desejo também é menor. No caso dos homens, 70% dos casos de perda de desejo sexual se deve a um déficit de testosterona. Os outros 30% dos casos fazem referência a problemas relacionados ao estresse ou a problemas do casal.
Por outro lado, não estamos falando só de uma perda. A perda do desejo sexual pode se referir a duas classificações distintas:
- Primária-Secundária:a primária alude a uma falta de desejo experimentada pelas pessoas que nunca tiveram desejo, ou que já tiveram mas de uma forma bastante branda. A secundária seria a que afeta as pessoas que já tiveram períodos de desejo sexual normal, e percebem uma redução de maneira drástica ou pelo menos que seja perceptível a ponto de afetar de modo negativo a vida sexual.
- Generalizada-Situacional: podemos falar também de uma perda de desejo generalizada se a pessoa perdeu o desejo sexual em todas as situações e com todas as pessoas, ou uma perda de desejo situacional ou circunstancial se esse desejo só se encontra reduzido em determinadas situações ou com determinadas pessoas.
Resumindo, poderíamos dizer que o ato sexual é um comportamento. Como todo comportamento, responde a diversos mecanismos bastante complexos, tornando o sexo mais complicado do que geralmente se costuma considerar. A estimulação sexual pode ser alterada por uma multiplicidade de fatores muito grande. Por isso, é fundamental atentar para os aspectos que podem rodear a nossa sexualidade, como a comunicação, a sensação de segurança e a intimidade.