Psicologia da arte: conceito e características

A psicologia da arte abre as portas para outra visão sobre a arte na qual o humano prevalece. Queremos lhe dar parte da chave que vai lhe permitir entrar neste aposento. Você quer vir conosco?
Psicologia da arte: conceito e características

Última atualização: 19 setembro, 2020

A psicologia da arte é um campo da psicologia que tem como elementos de estudo a criação e a apreciação artística do ponto de vista psicológico. Os objetivos da psicologia da arte são semelhantes aos perseguidos por outras disciplinas relacionadas da psicologia. São elas que estudam os processos básicos – como percepção, memória e emoção – e as funções superiores do pensamento e da linguagem.

No entanto, o objetivo desta disciplina não é apenas prático, mas também teórico. Ela desenvolve teorias tanto da atividade criativa quanto da perceptiva. Para isso, não dispensa os conceitos e princípios fundamentais da psicologia científica.

Psicologia da arte

Psicologia da arte e disciplinas

A psicologia da arte não abrange somente a sua própria área, mas também aquelas estudadas pela psicologia, por estarem relacionadas. Assim, a psicobiologia, a psicologia evolucionista, a psicopatologia e os estudos da personalidade são áreas que se relacionam com a psicologia da arte. Portanto, a tarefa desta disciplina é altamente complexa.

Por outro lado, a psicologia da arte é um campo novo em muitos países. Assim, enquanto em inglês as referências dos trabalhos são abundantes, em português há uma menor quantidade de obras publicadas, sendo na maioria dos casos textos baseados na psicanálise.

Esta disciplina também mantém uma relação com outras disciplinas, como a filosofia. A sua contribuição vem de seus fundamentos com a compreensão dos fenômenos estéticos. A contribuição da História da Arte também é relevante na medida em que as obras podem ser analisadas a partir de uma perspectiva psicológica.

Trajetória da psicologia da arte

Muitos psicoterapeutas gostam de estudar e verificar os efeitos curativos da arte, individualmente e também em grupos. Esse tipo de estudo do elemento psicológico com o artístico é conhecido como arteterapia. A arteterapia surgiu há décadas por meio de programas de reabilitação que utilizam técnicas como a escrita, a música, a pintura, etc. Apesar disso, a incorporação dessa terapia ao ambiente hospitalar ainda é lenta e complicada.

No entanto, popularizou-se a chamada psicologia da arte, que se baseia no desenvolvimento da criatividade e na redução do estresse e da ansiedade graças ao aprendizado de técnicas artísticas clássicas (pintura, escultura, artes plásticas complementares).

Os psicólogos especializados na área das artes plásticas podem utilizar a produção criativa como mediadora na relação terapêutica, abordando questões relacionadas ao psiquismo, subjetividade, cultura e sociedade.

As contribuições desta disciplina têm sido muito variadas. A escola Gestalt, Gustav Fechner, Sigmund Freud, Vygotsky e Gardner, são os principais autores que desempenham um papel relevante na sua criação.

Para Vygotsky, o mais alto grau de civilidade é a expressão da arte e da cultura, e o trabalho é um meio de evolução sócio-histórica. A sua tese de doutorado em Psicologia da Arte é um marco na psicologia ao apelar ao “inconsciente” para definir o aspecto essencial da arte.

Porém, Vygotsky estava ciente de que a arte não era uma necessidade primária ou fisiológica, levando em consideração o ponto de vista de Abraham Maslow. Além disso, o aspecto inconsciente da arte não era comparável aos processos inconscientes oníricos, mas a arte é um passo em direção ao subconsciente latente do ser humano em plena vigília.

Psicologia da arte

Benefícios psicológicos da arte

Recentemente, descobriu-se que a pintura permite a liberação de dopamina – hormônio que proporciona uma sensação de recompensa – e de endorfinas, hormônios do bem-estar que são liberados, por exemplo, quando fazemos exercícios físicos.

Por outro lado, sabe-se que a conclusão de uma obra de arte proporciona uma sensação de felicidade muito semelhante à vivida quando se tem filhos. Isso se deve à liberação de ocitocina.

Alguns dos principais benefícios são os seguintes:

  • Desenvolvimento de habilidades sociais.
  • Liberação do estresse e ansiedade.
  • Bem-estar psicológico.
  • Controle do comportamento.
  • Trabalhar o subconsciente como método de conhecimento.

Em suma, embora a psicologia da arte seja uma disciplina recente, se origina em parte na tese inicial de Vygotsky, que é considerada um método de autoconhecimento por trabalhar com o subconsciente. Também faz parte de diferentes áreas da psicologia como um elemento essencial de trabalho.

Assim, ela é utilizada no contexto da avaliação psicológica atendendo a interesses mais específicos do avaliador, enquanto nas oficinas de arteterapia é utilizada com um objetivo terapêutico livre ou de autoconhecimento.

Portanto, conhecer a psicologia da arte abre as portas para um maravilhoso mundo de expressão independentemente da manifestação artística: seja a pintura, escrita, etc. Como dizia Pessoa, “a arte nos liberta ilusoriamente da sordidez do ser”.


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