Quantos tipos de amor existem?

Quantos tipos de amor existem?
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Sonia Budner

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Para responder quantos tipos de amor existem, vamos tomar como referência a teoria que foi desenvolvida há pouco mais de duas décadas pela antropóloga Helen Fisher, cujo estudo continua e não deixa de nos surpreender.

De acordo com ela, três sistemas cerebrais dariam origem a três tipos de amor diferentes. Falamos, portanto, do impulso sexual, do amor romântico e do apego profundo.

Diferentemente do que prega o ideal romântico, parece que podemos sentir interesse e atração por mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Isso se deve à neurobiologia do amor. Assim, é importante conhecer como este coquetel hormonal nos afeta para entender um pouco melhor nossas “oscilações emocionais”.

Isso nos dá muitas pistas para entender a origem da luta que, às vezes, travamos entre o que desejamos e o que sabemos que é mais conveniente para nós.

Esta teoria dos diferentes tipos de amor nos ajuda a transformar algumas culpas que nos perseguem como sombras e a compreender quem amamos, como amamos e por que amamos.

O impulso sexual

Acontece tanto em homens quanto em mulheres. Buscamos gratificações sexuais sem mais pretensões de futuro.

Quando alguém nos atrai sexualmente, é desencadeado todo um processo físico e psicológico em nosso corpo. Acontece um aumento na pressão arterial sistólica, são liberados açúcares e gorduras, e a produção de glóbulos vermelhos aumenta. Além disso, ocorrem alterações importantes a nível neuronal e hormonal.

Este impulso é uma necessidade tão básica quanto a fome ou a sede. Surge no hipotálamo, órgão que controla os comportamentos básicos.

Nestes estados, o cérebro produz basicamente dopamina, endorfinas, adrenalina e noradrenalina. Esta última é a responsável por fixarmos a atenção em determinadas pessoas. Nosso julgamento fica confuso e nossa tolerância ao risco de satisfazer nossos desejos aumenta.

Casal apaixonado

O amor romântico

Hoje sabemos que o amor romântico não é uma emoção. É uma movimentação, um impulso. De fato, um dos impulsos mais poderosos que o ser humano possui e que nos faz querer ver e estar com uma determinada pessoa e só com ela.

Tem o mesmo efeito no cérebro que substâncias como a cocaína e provoca atividade na área tegmental ventral do cérebro e no núcleo caudado.

Ambas as zonas estão vinculadas ao sistema básico de recompensa e motivação. Falamos do cérebro reptiliano. Acontece a mesma combinação química que ocorre com os viciados, especialmente em níveis de  dopamina.

Também há uma área do cérebro que é desativada durante o estado de amor romântico: uma parte da amígdala associada ao medo. Por isso, talvez, exista aquilo de “o amor é cego”.

Os estudos mostraram que, quando temos a sensação de rejeição, a atividade do sistema de recompensa no núcleo accumbens continua, assim como acontece com os comportamentos viciantes.

Também produz atividade no córtex orbitofrontal lateral, relacionado com os pensamentos obsessivos, e no córtex insular, associado à dor física.

Assim como ocorre com o impulso sexual, os mecanismos que ativam o amor romântico são os mesmos em homens e mulheres, embora tenham sido encontradas algumas diferenças.

Nos homens, ativam-se áreas mais vinculadas à integração dos estímulos visuais, enquanto na mulheres ativam-se áreas mais responsáveis pela memória.

Apego profundo ou afeição

Acontece depois da estabilização de toda essa explosão de químicos no cérebro. Parece ser um processo orientado a dirigir a relação de casal para um projeto a longo prazo.

Neste estado, os níveis de testosterona caem para os homens e aumentam para as mulheres. Isso parece tornar a convivência mais fácil. Ativa-se o pálido ventral, uma área do cérebro relacionada com o sentido de gosto e prazer, provocando sensações de calma e estabilidade.

Casal de mãos dadas

Ressalva sobre os tipos de amor

Em resumo, é possível ir dormir à noite sentindo um profundo carinho e apego pela pessoa que temos ao nosso lado, ao mesmo tempo em que a nossa mente divaga perdidamente apaixonada por outra pessoa ou, inclusive, sentindo uma atração puramente sexual por uma terceira pessoa.

Ou seja, podem acontecer três amores ao mesmo tempo com “objetos” distintos.

As teorias da Dra. Fisher foram chamadas de reducionistas por alguns setores, mas não há dúvidas do valor de reflexão que elas possuem. Graças a estas pesquisas, sabemos mais sobre a relação do nosso organismo com a nossa vida afetiva.

Se pudermos compreender estes processos e seu funcionamento, pode ser mais simples ordenar nossas ideias, saber que lugar cada pessoa ocupa em nossa vida e por quê, controlando nossas tendências mais instintivas para que não controlem a nossa vida.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.