Que tipo de acumulador digital você é?

Você é daqueles que nunca apaga as fotos do seu animal de estimação ou dos seus filhos, e as acumula até ficar sem espaço no celular? Se você se sente identificado, a ciência o classificou em uma tipologia digital. Descubra qual é a sua!
Que tipo de acumulador digital você é?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 14 janeiro, 2023

A digitalização da vida mudou nossos hábitos. Celulares, tablets e computadores são nossos autênticos apêndices diários; nós os amamos e os odiamos, eles nos condicionam e, por sua vez, a maneira como os usamos define nossa personalidade. Essa interação constante entre humano e máquina está trazendo novos fenômenos dignos de interesse.

Por exemplo, você é um daqueles que acumula e-mails em sua caixa de entrada desde tempos imemoriais? Ou você tem uma obsessão especial por liberar espaço e deletar o mais rápido possível tudo o que não lhe interessa? Por mais impressionante que nos pareça, o que mora em nossa lixeira diz muito sobre nós.

Há quem não delete nada e há quem delete tanta coisa que até destrói documentos e fotos de que depois se arrepende. Nosso caráter e traços de personalidade ficam refletidos refletidos nesse universo digital. Tanto que a ciência definiu quatro padrões de usuários de tecnologia entre os quais, com certeza, nos veremos identificados.

O acúmulo digital, ou seja, a tendência ao acúmulo de aplicativos ou pastas em nosso celular ou computador costuma mostrar certa tendência à ansiedade.

Homem olhando para o celular simbolizando o acumulador digital
Cada um de nós lida com o conteúdo digital de uma forma diferente e isso revela a nossa personalidade.

O acumulador digital e seus quatro tipos

A Northumbria University publicou um estudo em 2020 que teve um grande impacto. Falava de um novo termo que define muito bem o comportamento do ser humano neste século. Nos tornamos acumuladores digitais, ou seja, pessoas que acumulam em seus aparelhos eletrônicos uma grande quantidade de aplicativos, dados, arquivos e fotos que nem sempre precisam.

Há um fato curioso que não para de nos chamar a atenção. Com o advento da tecnologia, muitas de nossas prateleiras ficaram vazias. Paramos de comprar arquivos e álbuns de fotos porque agora nossos discos rígidos podem acumular toneladas de informações que costumavam ocupar espaço em nossas casas.

Por exemplo, podemos ter uma biblioteca inteira em nosso computador com centenas de livros. É até possível parar de comprar discos e optar por uma playlist do Spotify todos os dias de acordo com o nosso humor. A tecnologia liberou nossos espaços físicos para nos converter em acumuladores digitais, ou seja, acumuladores de informações digitais.

Isso permitiu que a ciência nos dividisse em quatro tipos de acumuladores. E tenha cuidado, porque os especialistas até detectaram padrões de comportamento verdadeiramente patológicos. Exemplo disso são as pessoas que compram dezenas de discos rígidos porque não se atrevem a deletar nenhum arquivo, nenhuma foto…

Tudo o que não gere alegria, bem-estar virtual ou nos seja útil deve ir para a lixeira virtual.

1. O acumulador digital ansioso

“Eu não estou excluindo isso, vai que acontece algo.” Você se sente identificado? Bem, a verdade é que o transtorno de acumulação compulsiva, descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), pode ser equiparado ao acumulador digital. É verdade que tal comportamento ainda não foi incluído como categoria diagnóstica, mas muitos psicólogos e psiquiatras estão observando comportamentos problemáticos.

Por trás do acumulador digital mais obsessivo está a ansiedade. São pessoas com medo de apagar qualquer arquivo ou fotografia por causa do que pode acontecer. Às vezes, pode haver também um gatilho emocional (não consigo deletar as fotos do meu filho, embora eu tenha 200 que parecem exatamente iguais).

Da mesma forma, essa relutância em deletar muitas vezes deriva em explicações completamente irracionais. Guardam-se e-mails e documentos de dezenas de anos, segundo eles, pelo que pode acontecer. No entanto, suas justificativas nem sempre fazem sentido. Isso faz com que tenham que comprar discos rígidos e pagar vários servidores para ter mais espaço.

2. O acumulador digital obediente

O acumulador digital obediente é próprio dos ambientes de trabalho. Esse fenômeno aparece quando no trabalho somos solicitados a não excluir nenhum arquivo ou e-mail, caso seja útil posteriormente. É verdade que às vezes, por vários motivos, pode ser útil ter determinado e-mail ou determinada informação para justificar determinadas ações.

No entanto, o que os especialistas em produtividade e proteção de dados nos dizem é que quanto mais arquivos acumularmos, mais complicado será nosso trabalho e mais expostos estaremos a ataques cibernéticos.

A ansiedade também pode nos transformar em acumuladores digitais. Um exemplo disso é manter um grande espaço virtual para fotos e dados que não apagamos por medo do que pode acontecer.

3. Os acumuladores digitais preguiçosos

Certamente todos nós temos o clássico amigo que, ao abrir o notebook, vemos que toda a tela está ocupada por pastas. São tantos os programas e arquivos que acumula que esse fator afeta até mesmo o desempenho do próprio computador. O mesmo acontece com muitos celulares, às vezes são tantos aplicativos que fica difícil encontrar o que é necessário rapidamente.

O acumulador digital preguiçoso é aquele que não organiza, que não apaga o que não precisa por preguiça, nem se preocupa em cuidar da própria tecnologia e dos dados que utiliza.

4. O acumulador digital colecionador

Todos nós temos nossos próprios hobbies, paixões e interesses. Agora, graças à grande quantidade de conteúdo online ao qual temos acesso, colecionar o que amamos está mais fácil do que nunca. Podemos ter dezenas de discos rígidos com nossos filmes e livros favoritos, com imagens de nossas obras de arte favoritas, com atores e artistas que adoramos.

Porém, há quem leve essa prática ao extremo da obsessão, a ponto de acumular grandes quantidades de informações sobre um ou mais temas. Trata-se de um fenômeno novo que ainda precisa ser estudado com mais profundidade, mas já vem chamando a atenção de especialistas.

Mente conectada a um celular simbolizando o acumulador digital
O bom uso e gerenciamento de nossos arquivos online também favorece nossa saúde mental.

Celular organizado, mente organizada

Todos nós acumulamos dezenas de gigabytes com fotos de nossos filhos, amigos, familiares ou animais de estimação, por exemplo. É verdade que ficamos um pouco inquietos em excluí-los, porque, ao fazê-lo, é como se os excluíssemos a eles mesmos. No entanto, por mais curioso que nos pareça, o gerenciamento correto de nossas informações e dados digitais também impacta nossa saúde mental.

Não faz muito tempo, costumávamos dizer que “casa arrumada é como mente arrumada”. Agora, podemos dizer o mesmo dos nossos dispositivos: “um celular ou um computador com toda a informação bem gerida, reflete uma mente ordenada”. Porque por trás de quem acumula e tem medo de deletar o menor arquivo, pode haver um alto nível de ansiedade.

Atualmente,oO acúmulo digital excessivo não descreve nenhum distúrbio clínico, mas é possível que em breve seja incluído em manuais de diagnóstico. Estamos nos tornando uma sociedade que armazena toneladas de informação que não precisa por medo de deletá-la.

Isso se traduz na criação de milhões de servidores em todo o mundo que, como grandes lotes de terra, salvam nossas vidas e dados consumindo uma grande quantidade de eletricidade. Vamos manter isso em mente, apagar às vezes liberta e higieniza nossas vidas. Também ajuda o próprio planeta.


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  • Mckellar, Kerry & Sillence, Elizabeth & Neave, Nick & Briggs, Pamela. (2020). There Is More Than One Type of Hoarder: Collecting, Managing and Hoarding Digital Data in the Workplace. Interacting with Computers. 32. 10.1093/iwc/iwaa015.

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