Riqueza psicológica: descubra como praticá-la

O que significa para você uma boa vida? A pesquisa nos diz que a verdadeira satisfação está em ter "riqueza psicológica", ou seja, em desfrutar de experiências que dão sentido, que nos mudam e que nos permitem descobrir a nós mesmos...
Riqueza psicológica: descubra como praticá-la
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 18 maio, 2023

O que é felicidade para você? Pode ser ter entes queridos ao seu redor. Além disso, é claro, gozar de boa saúde e alcançar mais de um objetivo, um propósito vital. Agora, o que a ciência nos diz é que o bem-estar autêntico está em ter uma boa riqueza psicológica. A verdadeira alegria estaria em ter um amplo espectro de experiências.

Para entender melhor esse conceito, imaginemos uma pessoa X que, diante da sua possível morte, faz um balanço de sua existência. Nesse ponto ela se torna consciente de algo. Sua vida foi monótona e cheia de arrependimentos, de trens que perdeu e de portas que nunca ousou cruzar. Por medo e indecisão.

O casaco da satisfação nos abraça quando acumulamos múltiplas experiências. Algumas felizes, outras têm o sabor do fracasso, da profunda decepção, mas muitas nos permitiram aprender, descobrir a nós mesmos, conhecer novos lugares, pessoas fascinantes… Esse é o segredo e a fórmula ideal para contribuir para esse equilíbrio interno com que nos sentimos bem sobre nós mesmos.

A riqueza não está no que você possui, mas no que você viveu.

Menino de costas com um cobertor pensando em riqueza psicológica
Estar aberto à experiência, conectar-se com oportunidades e pessoas nos torna “ricos”.

O que é riqueza psicológica e como desenvolvê-la?

Todos nós viemos a este mundo tendo a oportunidade de ser imensamente ricos em anedotas vividas e cenários visitados. Milionários em pessoas conhecidas e em emoções sentidas. Isso constrói em nós todos os dias um substrato de aprendizados, sensações e memórias que compõem boa parte de quem somos. E quanto mais experiências, mais “completos” nos percebemos.

A riqueza psicológica pode ser definida como a oportunidade de acumular o maior número de experiências possível. Se forem variadas, díspares, curiosas e que nos permitam relativizar perspectivas e abrir os olhos, melhor. É assim que tecemos nossas histórias de vida e quanto mais tonalidades esse tecido tiver, mais bela será nossa viagem.

Este conceito interessante foi cunhado há um ano por Shigehiro Oishi da Universidade da Virgínia e Erin C. Westgate da Universidade da Flórida. O trabalho de pesquisa procurou explorar como contribuir para o bem-estar humano. Desta forma, e segundo os autores, investir na riqueza psicológica poderia melhorar a nossa qualidade de vida.

Além da felicidade e de uma existência significativa está a riqueza psicológica: quanto mais experiências, melhor.

A eterna busca: o que é ter uma vida boa?

A psicologia positiva passou décadas tentando nos dar diretrizes e estratégias para promover nossa saúde psicológica. E uma forma de alcançá-lo sempre foi nos ensinando a ser felizes. Agora, algo que está claro para nós é que o conceito de felicidade é difuso, etéreo e até controverso. Basicamente, porque atingir esse estado de felicidade absoluta nem sempre depende do que fazemos ou deixamos de fazer.

Adversidades, mudanças, incertezas… Neste complexo contexto social, nem tudo está sob nosso controle. Por isso, também nos foi recomendado até recentemente que mais do que buscar a felicidade, deveríamos esclarecer nossos propósitos e encontrar um sentido na vida. Porque isso também contribui para o bem-estar.

Pois bem, no ano passado demos um passo adiante nessa eterna busca de definir como alcançar uma “boa existência”. A riqueza psicológica promete se tornar um novo fator de contribuição para o bem-estar. Trata-se de buscar novas experiências que nos proporcionem aprendizado e que “enriqueçam” nossa mente e nosso coração.

Como alcançar a riqueza psicológica?

Gostamos da teoria, a mensagem soa inspiradora e compreensível, mas… Como alcançar a riqueza psicológica em nosso dia a dia? A verdade é que é mais simples do que imaginamos. Você precisa pensar no seguinte:

  • Devemos focar cada atividade, comportamento e decisão para nossos propósitos vitais. Saber o que queremos e o que nos faz sentir bem é sempre o ponto de partida.
  • A segunda estratégia é a “variedade”. Vamos tentar diversificar experiências, descobrir novos hobbies, conhecer pessoas diferentes, sair da nossa rotina sempre que possível. Viajar, morar em outras cidades, países, aproveitar as oportunidades e preencher nossos dias com experiências e não medos é o que nos tornará verdadeiramente “ricos”.
  • Outro fator decisivo é se envolver em situações que nos permitem ver novas perspectivas, ampliar nossas mentes, derrubar crenças, descobrir novos horizontes…

Atividades como ler, fazer novos amigos, aprender outras línguas e viajar enriquecem nossas vidas.

mulher com mala representando que mora em outros países esclarece autoconceito

Como ser psicologicamente “rico”?

A riqueza que traz felicidade e bem-estar psicológico nem sempre vem de uma conta bancária. Bem, é verdade que precisamos de um meio para nos sustentar. No entanto, a boa vida é alcançada quando se chega no “outono” com uma rica experiência na mochila. Além disso, quando soubemos aproveitar todas as oportunidades e quase não deixar escapar nenhum trem…

Todos nós podemos ser pessoas psicologicamente ricas. Basta desenvolver, ativar ou praticar essas dimensões:

  • Ser curioso. A realidade está cheia de eventos que valem a pena conhecer e desfrutar.
  • Esteja aberto à experiência. Pratique a sensibilidade artística, pensamento flexível, conexão emocional, abertura para os outros…
  • Seja reflexivo, observador, sinta a vida intensamente através das emoções, mas também processe-a analiticamente para estabelecer um aprendizado valioso.

Para concluir, além da felicidade e dos significados vitais, há uma terceira dimensão que devemos praticar: a riqueza psicológica. Consiste basicamente em praticar isso para o que estamos neste mundo: viver o maior número possível de experiências.


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