Saber compreender o outro é saber respeitar

Existem poucas pessoas que realmente nos compreendem. O que as torna diferentes? É a empatia delas, a conexão emocional que elas têm com os demais? Na verdade, existem muitos outros fatores que vale a pena considerar. Vamos analisá-los a seguir.
Saber compreender o outro é saber respeitar
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Saber compreender o outro é o limiar para a empatia fluir. Apenas quando fazemos o esforço de nos conectarmos ao outro para saber qual é a sua realidade, necessidades e emoções, facilitamos o respeito autêntico que a coexistência exige. Porque aqueles que entendem e simpatizam com os que estão à sua frente sentem que os demais também merecem consideração e apreciação.

Vamos pensar por um momento. Imagine um mundo em que os seres humanos interajam uns com os outros como em um formigueiro. Cada um desempenha uma função, cada membro da comunidade realiza seu trabalho sem outra aspiração e sem outras motivações. Ninguém se importa com o outro, não há entendimento e, portanto, também não há empatia e emoções que facilitam a atenção, o cuidado, a amizade, o altruísmo…

Sem esses processos, a humanidade como tal não existiria. É verdade que as pessoas também são definidas por aspectos adversos e um tanto conflitantes. No entanto, nenhum processo mental e emocional é tão decisivo para a nossa coexistência quanto saber compreender. Além disso, por mais surpreendente que possa parecer, poucas dimensões são tão complexas e difíceis de executar.

Porque quem sabe compreender o outro de forma autêntica o faz de maneira muito específica: livre de julgamentos e cheio de vontade. Vamos entender um pouco melhor no que consiste essa competência da vida.

Saber compreender o outro é saber respeitar

Saber compreender o outro, um assunto pendente

Existem poucas coisas que nos desesperam tanto quanto não sermos compreendidos. Desde a infância, entramos em contato com um sentimento devastador de que nossos pais, irmãos, amigos ou professores não entendem o que estamos sentindo ou o que acontece conosco. Quando isso acontece, somos invadidos por uma mistura que vai da raiva à tristeza. Isso também não muda na idade adulta.

Sentir-se incompreendido é um dos sentimentos mais profundos e dolorosos. Talvez por esse motivo, sabendo o que isso significa, devêssemos nos esforçar muito mais para cuidar dessa competência, para assim ajudar os outros, apesar do fato de certas pessoas terem falhado com a gente no passado. No entanto, é preciso fazer isso bem.

Como Goethe observou, “as pessoas tendem a ouvir apenas o que entendem”. É verdade que, de alguma forma, só nos conectamos com aqueles que são mais compreensíveis para nós aos nossos olhos, com aqueles que mais se harmonizam com as nossas ideias, valores e pensamentos.

No entanto, o entendimento exige sempre um esforço maior. De fato, às vezes envolve algo realmente corajoso: descobrir, aceitar e se conectar com aqueles que não pensam como você.

Saber compreender não é o mesmo que saber entender

Para saber como compreender os outros de forma autêntica, é necessário esclarecer um detalhe. Compreender não é o mesmo que entender. Na maioria das vezes, nos resta a segunda dimensão, ou seja, nos dedicamos apenas a decifrar o que as outras pessoas querem nos dizer. Estamos cientes da mensagem e do seu significado, nada mais.

Agora, a compreensão envolve algo mais profundo. Não é apenas decifrar o que eles dizem, é se conectar com a realidade particular da pessoa à sua frente através da empatia. É ir além das palavras para intuir as necessidades e senti-las. Assim, uma coisa a ter em mente é que o processo de compreensão é incrivelmente ativo e complexo.

Para que esse processo seja eficaz, devemos aplicar o que, na psicologia, conhecemos como a teoria da mente. Esse conceito é definido como a habilidade que nós temos de inferir os estados mentais dos outros, como pensamentos, medos, desejos, intenções, etc. Dessa forma, entendemos por que eles fazem certas coisas e até conseguimos prever comportamentos futuros.

Depois que processamos todas essas informações, as interpretamos para agir de acordo. Todos esses mecanismos estão integrados no ato mental de saber compreender. No entanto, também não podemos ignorar o aspecto emocional.

Saber compreender não é o mesmo que saber entender

Escutar sem preconceito; conectar-se a partir da empatia

Daniel Goleman também fala frequentemente em seus livros sobre a necessidade de saber como compreender o outro. Agora, vamos ressaltar um detalhe: não se trata apenas de inferir o que a pessoa na minha frente pode estar pensando ou sentindo. Não basta apenas tomar consciência do que ela pode estar pensando ou se o que está experimentando é medo ou tristeza.

A compreensão autêntica nunca será possível se não houver vontade e interesse. Portanto, a teoria da mente e a inteligência emocional são inúteis se eu tiver minha cabeça em outro lugar enquanto falo com meu parceiro. Além dessa vontade, daquele sentimento ativo de se abrir para o outro e compreender o que ele me diz e o que acontece com ele, outras dimensões também são necessárias:

  • Escutar de maneira ativa. Você precisa ser receptivo aos outros sem maior intenção ou propósito do que isso. Não basta ouvir enquanto pensamos no que vamos responder.
  • Outro fator básico é ouvir sem preconceitos. Saber compreender é se conectar à realidade do outro, livre de pensamentos, julgamentos, preconceitos e rótulos prévios.

Para concluir, como podemos ver, o processo que articula o conceito de compreensão é mais complexo do que podemos acreditar. Apesar disso, todos somos capazes de colocá-lo em prática; a vontade, na maioria dos casos, é tudo.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.