O que significa a inclusão na educação?

O que significa a inclusão na educação?
Alejandro Sanfeliciano

Escrito e verificado por o psicólogo Alejandro Sanfeliciano.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A psicologia educativa começa a deixar para trás o termo integração em favor do termo inclusão. Trata-se de uma simples modernização do termo ou estamos diante de uma mudança de valores e práticas? Pode-se constatar que substituir uma palavra por outra de significado parecido pode não ter muita importância. No entanto, os conceitos são aquilo que definem o nosso mundo, e ampliar os termos presume a visualização de novas perspectivas. Afinal, o que é a inclusão na educação?

Se você vai a qualquer escola e pergunta se os alunos estão integrados, provavelmente lhe dirão que sim, com toda a certeza. Eles mostrarão os nomes de alguns alunos com deficiência, imigrantes ou em outra situação de desvantagem social, e dirão que eles estão recebendo a formação adequada. Agora, se você perguntar se os alunos se sentem integrados na escola, provavelmente a resposta já não será acompanhada de uma certeza tão enfática.

Diferenças entre integração e inclusão na educação

Quando falamos de integração, pensamos nos alunos em desvantagem social que estão recebendo uma educação e formação igual ao resto. Esse termo está baseado na questão de estar dentro ou fora do ambiente educativo. No entanto, ao falar de inclusão não nos limitamos somente a esse aspecto. A importância gira em torno do bem-estar social e pessoal dos alunos.

Professora compreensiva

A inclusão se preocupa que os alunos sejam tratados com igualdade, carinho e respeito, como as pessoas únicas que eles são. Também é importante prestar atenção para que eles estejam à vontade dentro do “ecossistema” escolar. Ou seja, cuidar para que tenham relações significativas e participem da vida dentro do colégio.

Uma diferença essencial entre os dois termos é a universalidade de um, diante da seletividade do outro. Ao falar de integração, nos concentramos em que um grupo estigmatizado receba uma educação “normal”. Por outro lado, em um modelo inclusivo, consideramos a situação pessoal de qualquer aluno e procuramos a sua integração escolar.

Qualquer aluno, mesmo que ele não participe de um grupo estigmatizado, pode se sentir excluído. Por exemplo, um menino tímido que tem dificuldades para fazer amigos ou outro que está preocupado com sua orientação sexual provavelmente não estão incluídos. O modelo de integração se esquece dessas crianças, algumas vezes com consequências desastrosas.

Razões para a inclusão na educação

A razão primordial da inclusão não é conseguir o bem-estar social e pessoal dos alunos sem mais nem menos. Seria um engano pensar em objetivos tão imediatos. O objetivo da inclusão é conseguir uma melhoria significativa da educação e do ensino dos alunos. O importante é que todos os alunos desenvolvam ao máximo o seu potencial e possam se aperfeiçoar sem obstáculos.

Para que isto seja possível, é indispensável o bem-estar social e pessoal dos estudantes. Afinal, uma pessoa com mal-estar contará com poucos recursos, o que presume um grande obstáculo para o seu aprendizado. As medidas educativas de integração, então, serão insuficientes nesse aspecto.

Um exemplo disso são as aulas de “educação especial” criadas para a integração. Elas se destinam a proporcionar instrução especializada para os estudantes que não conseguem seguir o ritmo da aula. No entanto, elas se transformaram mais em um mecanismo de exclusão do que de apoio, classificando alguns alunos como fora da “normalidade”, junto com as suas repercussões ao bem-estar social e pessoal.

Outro aspecto essencial é que, se queremos educar com igualdade, cooperação e sem discriminação, temos que dar o exemplo. Não podemos educar nesses valores, a não ser que a escola se baseie em um modelo inclusivo com esse respaldo.

O que se deve fazer para conseguir a inclusão na educação?

É fácil criar um modelo teórico que parece suprir essas deficiências. No entanto, na hora de levar isso à prática, o objetivo fica muito mais complicado. O normal é que encontremos certas barreiras políticas, econômicas e sociais, às vezes bastante difíceis de superar. Ainda assim, sempre podemos tomar medidas para tentar nos aproximar o máximo possível do modelo teórico.

Professora ensinando alunos

As pesquisas sobre a educação inclusiva mostram uma série de medidas que ajudam muito na direção do caminho correto. Entre essas estratégias, as mais eficazes e importantes são as seguintes:

  • A observação mútua das aulas, seguida de uma discussão estruturada sobre o que foi comentado em classe.
  • A discussão em grupo das gravações em vídeo do trabalho de um colega.
  • Escutar os alunos e suas famílias, para conhecer assim as necessidades e os problemas que eles sofrem.
  • A planificação colaborativa entre alunos e professores das aulas e a revisão conjunta dos resultados.
  • Inovações no currículo escolar, modificando-o segundo as necessidades específicas dos alunos.
  • A cooperação entre os centros escolares, incluídas visitas mútuas para ajudar a coletar informação relevante.

Um aspecto-chave das propostas anteriores, que está refletido na maioria delas, é a autoavaliação. Se queremos conseguir uma escola inclusiva, é necessária uma continua revisão do que acontece nos centros. Depois dessa autoavaliação, é preciso adotar as medidas necessárias para corrigir os erros que, supostamente, são obstáculos na hora de caminhar em direção a uma educação inclusiva.

Uma escola inclusiva, com toda a profundidade que implica o termo, é uma utopia. No entanto, isso não quer dizer que devemos renunciar a nos aproximar o máximo possível dela, pelo contrário. As utopias existem para marcar o caminho a seguir e estabelecê-lo como meta, motivando e orientando as nossas atuações.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.