A síndrome de burnout em profissionais da saúde

A síndrome de burnout em profissionais da saúde
Sara Clemente

Escrito e verificado por psicóloga e jornalista Sara Clemente.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Cada vez mais os empregos se desenvolvem em contato com outras pessoas. Entre eles e, em particular, os relacionados ao setor da saúde. No entanto, as exigências dessa constante proximidade e troca interpessoal podem ter efeitos colaterais muito negativos. Um deles é conhecido como síndrome de burnout em profissionais de saúde.

O burnout pode ser definido como uma reação emocional decorrente do ambiente organizacional ou de trabalho. Caracteriza-se por três sintomas principais: exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal. Além disso, tem consequências negativas tanto para a empresa em que a pessoa trabalha, quanto para sua própria saúde física e mental.

Essa síndrome afeta uma ampla gama de profissionais de saúde. Desde nutricionistas, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos ou psiquiatras, até terapeutas ocupacionais e familiares, assistentes sociais, conselheiros matrimoniais e pessoal administrativo.

Como o humor afeta o trabalho?

Os estados de ânimo têm um impacto direto em nossos pensamentos e comportamentos. Dependendo do estado em que nos encontramos, nossos julgamentos e decisões serão mais ou menos prejudicados, pois nos sentimos forçados, de uma forma ou de outra, a realizar tarefas ou problemas com diferentes atitudes.

Médica cansada no consultório

Se tivemos problemas pessoais que nos condenam a uma espécie de estado de ansiedade perene, nosso desempenho profissional pode ser seriamente prejudicado. Isso acontece mesmo quando esses problemas não têm nada a ver com o trabalho em si. Ficamos distraídos, pouco concentrados, vulneráveis, imprecisos.

Tentar se concentrar no trabalho quando nossa cabeça está ocupada com outras questões é difícil, mas se este nível de concentração exigir que o nosso desempenho seja alto, a coisa fica ainda mais complicada.

“O estado de ânimo positivo está associado a níveis mais elevados de criatividade, inovação e a uma maior flexibilidade cognitiva.”
-Isen-

Nossos recursos de atenção são limitados, por isso notamos mais os efeitos negativos de um humor deprimido em tarefas que exigem um grande esforço cognitivo. A dificuldade aumenta se acrescentarmos ao nosso pensamento mental os “pensamentos ruminantes” posteriores gerados pela situação emocional.

Sintomas da síndrome de burnout em profissionais de saúde

Eles variam de acordo com a pessoa, as circunstâncias pessoais e as características próprias de seu trabalho. É claro que geralmente um dos primeiros sinais de alarme são a dificuldade de se levantar de manhã ou a fadiga crônica.

Além desse sinal, essa síndrome, também conhecida como desgaste ocupacional ou profissional ou do trabalhador consumido, desgastado, ou judiado, gera outros tipos de sintomas:

  • Psicossomáticos:  dores de cabeça, desconforto gástrico, insônia, palpitações; além de fadiga crônica, dores no peito, hipertensão, resfriados frequentes e o surgimento de alergias.
  • Comportamentais:  absenteísmo no trabalho, cinismo, apatia, hostilidade, suspeita, sarcasmo, pessimismo, irritabilidade, ansiedade generalizada e foco no trabalho.
  • Emocionais:  frustração, tédio, distanciamento emocional, ansiedade, impaciência, desorientação e sensação permanente de impotência.

Fatores que favorecem o burnout

Alguns fatores que favorecem o aparecimento da síndrome de burnout em profissionais de saúde estão intimamente relacionados à própria ocupação. Em especial, são aqueles que requerem interações humanas intensas, duradouras ou frequentes, que produzem picos muito altos de estresse ou  sustentam  um alto nível de estresse.

Além disso, se a pessoa está muito comprometida com seu trabalho, também tem altas expectativas em relação ao seu desempenho, o que faz com que aumente a probabilidade de burnout. Além disso, essa síndrome é mais comum em mulheres do que em homens.

Por outro lado, Pines, Aronson e Kafry (1981) consideram que a principal origem dessa patologia é o tédio ocupacional. A partir dele, consideram que surgiria uma série de consequências emocionais derivadas de:

  • Características internas do trabalho: turnos de trabalho, cronograma, segurança, estabilidade no cargo; também antiguidade profissional, incorporação de novas tecnologias nas organizações, nível de autonomia, significação de sucesso, salário, feedback …
  • Características externas e pessoais: baixa tolerância ao fracasso e à frustração, necessidade de controle, indispensabilidade laboral, ambição, impaciência ou excesso de perfeccionismo e competitividade.

“O burnout é um estado de esgotamento físico, emocional e mental, causado pelo envolvimento contínuo da pessoa em situações que a afetam emocionalmente”.
-Pines, Aronson e Kafry-

Médico com síndrome de burnout

A tríade dimensional do burnout

Maslach e Jackson, através do seu questionário Maslach Burnout Inventory (MBI), consideram que a síndrome de burnout em profissionais de saúde é o resultado da inter-relação de três aspectos ou dimensões:

  • Cansaço emocional: esgotamento emocional provocado pelas exigências do trabalho.
  • Despersonalização: grau de indiferença e apatia em relação à sociedade, pelo qual o profissional de saúde se sente observador externo de suas próprias experiências.
  • Baixa realização pessoal: sentimentos de sucesso, plenitude, autonomia e autorrealização.

Entretanto, o diagnóstico diferencial deve ser feito em conjunto com outras duas síndromes: a depressiva e a de fadiga crônica, bem como os eventos de crises. Vale apontar que, durante os últimos anos, a síndrome de burnout tem aumentado sua prevalência em profissionais de saúde. Isso reflete a relevância do estresse na saúde, especialmente no local de trabalho e saúde.

Na prevenção, se estivermos em situação de risco, faríamos bem em nos informar sobre essa síndrome. Além disso, seria positivo obter ferramentas diferentes, como podem ser as estratégias de enfrentamento, ou melhorar as habilidades de comunicação; o que nos tornará mais resistentes.

Por parte das instituições ou empresas, é importante incentivar o trabalho em equipe e supervisão  periódica  das condições de trabalho ; sendo uma boa ideia fazer cursos. além de workshops essencialmente práticos para aqueles que precisam realizar tarefas de grande responsabilidade e em constante contato com outras pessoas.


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