A síndrome do pôr do sol
Com o passar dos anos, as pessoas modificam os seus hábitos. Dizem que, à medida que vão envelhecendo, todos se tornam mais maníacos: com comida, limpeza, sono… Mas, por quê? Hoje, nos concentraremos nas mudanças que ocorrem na estrutura do sono de pessoas idosas com ou sem demência, dando ênfase ao comportamento provocado pelo final da tarde. É o que conhecemos como síndrome vespertina, crepuscular ou do pôr do sol.
Essa síndrome pode ser definida como um estado de desorientação que ocorre no final da tarde e se estende até a noite. Pode afetar qualquer pessoa, especialmente quando atingem uma idade avançada, mas é mais comum em indivíduos com algum tipo de demência.
É importante mencionar que, embora possa acontecer com qualquer um, afeta apenas entre 10% e 25% dos pacientes com esta doença (Lesta e Petocz, 2004).
Como disse Dewing, citado em González e Cerdeña (2015), é difícil restringir a definição do termo, mas esta síndrome inclui períodos de extrema agitação e confusão durante o final da tarde ou no início da noite, que levam à irritabilidade.
O paciente experimenta mudanças comportamentais motoras e em sua capacidade de expressão.
Como a síndrome do pôr do sol afeta as pessoas com demência
Segundo Echáverri e Erri (2007), este é um dos fenômenos mais comuns que ocorrem na medicina geriátrica.
Embora, como dissemos anteriormente, não exista uma definição consensual da síndrome do pôr do sol na literatura médica, podemos chamá-la de um episódio psicológico-comportamental adverso.
Afeta alguns pacientes com demência de Alzheimer de tal forma que ficam particularmente inquietos, agressivos e agitados nas últimas horas do dia.
Essa síndrome torna os episódios confusionais sofridos pelas pessoas com doença de Alzheimer mais perceptíveis. Assim, manifesta e mostra problemas comportamentais, emocionais e cognitivos associados à demência.
“A insônia é uma lucidez vertiginosa que pode transformar o paraíso em um lugar de tortura”.
– Emil Cioran –
Sinais e sintomas da síndrome do pôr do sol
Como dizem Gimenez e Macias, a origem ou causa dessa síndrome pode ser uma quebra dos ritmos circadianos do sono causados pela doença de Alzheimer. Ou, então, uma alteração na percepção da luz associada à velhice.
Algumas das causas que podem levar ao aparecimento dessa síndrome incluem o isolamento social e a escuridão do pôr do sol. Além disso, também podemos citar a polifarmácia, definida pela OMS como o uso concomitante de três ou mais medicamentos. Isso pode desencadear alterações no comportamento.
Embora não haja um quadro clínico claro, estes são alguns dos sintomas dessa síndrome, segundo Gímenez e Macias (2015):
- Aumento da desorientação.
- Confusão.
- Hiperatividade.
- Comportamento agressivo.
- Ansiedade.
Outros sintomas que também aparecem, segundo Echáverri e Erri (2007):
- Monólogo reservado, discussões animadas, maldições, gritos e mussitações.
- Apatia e depressão.
- Dor de cabeça.
- Comportamentos deambulatórios e aumento da atividade noturna, causando insônia.
- Pensamentos paranoicos e gritaria.
Recomendações
Algumas recomendações, além da farmacologia, podem ser as seguintes:
- Manutenção de hábitos de vida regulares.
- Descartar infecções intercorrentes, ou seja, muito próximas.
- Manter a pessoa ocupada com atividades simples.
- Não cochilar durante o dia.
- Reduzir a quantidade de ruído.
- Manter a iluminação nas instalações.
- Evitar bebidas com cafeína.
- Tentar não tomar medicamentos que possam levar a essa síndrome.
Além disso, devemos enfatizar que o uso da terapia multissensorial ou snoezelen pode ter benefícios e efeitos positivos quando se trata de aliviar os sinais e sintomas que os idosos apresentam.
Em suma, não há muita literatura que fale sobre a síndrome do pôr do sol, algo que dificulta o tratamento e o conhecimento. É necessário entender os fatores que originam as diferentes alterações para agir de acordo e, assim, melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Echávarri, C., & Erro, M. E. (2007). Trastornos del sueño en el anciano y en las demencias. In Anales del Sistema Sanitario de Navarra (Vol. 30, pp. 155-161). Gobierno de Navarra. Departamento de Salud.
- Giménez, I. G., & Macías, I. C. (2015). Estimulación multisensorial en el síndrome crepuscular. Revista electrónica de terapia ocupacional Galicia, TOG, (21), 13.
- Toledo, Á. M. Correlatos de incidencia del ocaso en estados anímicos, agitación y conducta agresiva en ancianos: Síndrome de Sundowning.