Síndrome serotoninérgica: sintomas e tratamento

Síndrome serotoninérgica: sintomas e tratamento
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 18 fevereiro, 2024

A síndrome serotoninérgica é uma condição clínica associada a uma reação adversa aos antidepressivos. Muito além do que podemos imaginar, os estudos dizem que esses casos aumentaram como consequência de um aumento no consumo desses fármacos. Costuma estar associada à perda da coordenação, febre, taquicardia, convulsões, dificuldades respiratórias… Nos casos mais graves, pode chegar a causar a morte.

Para quem nunca ouviu falar desse termo, vale a pena conhecer sua sintomatologia. Assim, muitas pessoas acham que a síndrome serotoninérgica se deve exclusivamente ao uso impróprio dos antidepressivos. Mais especificamente, a um abuso desse tipo de fármaco. Bom, vale ressaltar que essa resposta adversa do corpo nem sempre tem como origem tal fato. E mais, na maioria dos casos nem sempre se sabe exatamente o que causou.

A síndrome serotoninérgica é uma emergência médica pouco conhecida, mas que vem aumentando ano após ano devido ao maior consumo de medicamentos pró-serotoninérgicos.

Como já sabemos, cada pessoa, cada organismo reage de uma maneira diferente a um agente químico e, consequentemente, a uma medicação. Às vezes, o fármaco se acumula em vez de ser metabolizado, produzindo pouco a pouco um excesso de estimulação sobre certos receptores. Essa irregularidade farmacológica pode ocorrer em qualquer paciente, independentemente da idade ou da condição médica.

Em grande parte dos casos, a síndrome serotoninérgica (SS) costuma ser leve. Os efeitos não duram mais de um dia e são facilmente tratáveis. No entanto, uma pequena parte das pessoas que realizam tratamento médico com antidepressivos sofrem uma reação mais adversa e perigosa.

A síndrome serotoninérgica e os antidepressivos

Os antidepressivos têm um mecanismo de ação muito específico. Basicamente, o que fazem é “inibir” a recaptação de serotonina. Graças a eles, podemos ter um maior nível desse neurotransmissor no nosso organismo, e não apenas no cérebro. É importante recordar que a serotonina é produzida principalmente no nosso intestino delgado. Assim, e graças a essa substância química, o organismo regula nosso estado de espírito, o apetite, a comunicação entre os neurônios, etc.

Por outro lado, também é conveniente levar em consideração que os antidepressivos não são administrados apenas para tratar a depressão. São efetivos também nos casos de transtornos de angústia, ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, bulimia, transtorno obsessivo compulsivo ou transtorno disfórico pré-menstrual, etc.

Atualmente, os antidepressivos mais receitados por sua efetividade são os ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina). São eles, junto com medicamentos neurológicos para tratar a doença de Parkinson ou as cefaleias mais intensas, os medicamentos mais associados à síndrome serotoninérgica.

Sintomas da síndrome serotoninérgica

A síndrome serotoninérgica se caracteriza pelo aparecimento de uma tríade sintomatológica que pode ser leve ou grave: disfunção autonômica, excitação neuromuscular e alteração do estado mental. Esses efeitos se tornam evidentes quando há um nível muito elevado de serotonina no nosso organismo. Quando isso acontece, são estimulados uma série de receptores muito específicos: o 5-HT1A e o 5-HT2A.

Esses receptores induzem uma sucessão de efeitos bioquímicos celulares muito amplos, os quais, pouco a pouco, darão lugar a uma série de alterações e manifestações físico-orgânicas e mentais determinadas. São as seguintes:

  • Taquicardia.
  • Febre.
  • Náuseas e vômitos.
  • Diarreia.
  • Alterações intestinais.
  • Tremores musculares.
  • Confusão e ansiedade.

Nos casos mais graves, esse estado pode levar ao coma. Aparecem as complicações respiratórias, rigidez muscular, uma hipertemia grave e a perda da consciência.

Por que acontece e como tratar a síndrome serotoninérgica?

Assim como afirmamos no início, nem sempre estão claros os fatores que desencadeiam a síndrome serotoninérgica. No entanto, há alguns fatores de risco que vale a pena considerar.

  • As pessoas que apresentam maior risco de sofrer uma síndrome serotoninérgica são aqueles pacientes com doenças crônicas, em especial cardiovasculares.
  • Outro fato comum são as reações alérgicas. Há pessoas que, ao começar um tratamento com fármacos serotoninérgicos pela primeira vez, têm uma resposta inesperada. Por isso, sempre é recomendável começar com doses baixas e fazer um acompanhamento das possíveis reações do paciente.
  • Paralelamente, tomar outros fármacos para tratar várias doenças ou problemas pontuais aumenta o risco de interação com os antidepressivos. Daí a importância de sempre contar com uma adequada supervisão médica em cada medicamento que tomamos.

Tratamento para a síndrome serotoninérgica

Quando uma pessoa chega a um hospital com sintomas evidentes de uma síndrome serotoninérgica, a primeira coisa a fazer é determinar a gravidade do caso. Em geral, os sintomas desaparecem nas primeiras 24 horas. A administração do fármaco é suspensa e se analisa outro tipo de terapia possível.

Caso os sintomas sejam um pouco mais graves, procede-se à internação. A administração de líquidos intravenosos e um acompanhamento constante para evitar a hipo e a hipertermia costumam ser os procedimentos mais comuns. No entanto, caso a toxicidade serotoninérgica seja realmente grave, o tratamento se torna muito mais complexo e terá como base manter os sinais vitais do paciente e garantir sua sobrevivência.

No entanto, assim como já afirmamos, o mais comum é que os efeitos adversos aos antidepressivos sejam quase sempre leves. São avisos pontuais, reações do nosso organismo para nos avisar da necessidade de diminuir a dose ou testar outro medicamento. Portanto, devemos ter consciência dos sintomas e não hesitar em consultar os profissionais diante de qualquer dúvida ou preocupação.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.