Splitting: há muitos tons de cinza entre o branco e o preto

O splitting é um mecanismo de defesa que opera inconscientemente. Normalmente, ele é formado durante a infância, diante de pais muito contraditórios ou com mudanças de humor repentinas e inexplicáveis para a criança.
Splitting: há muitos tons de cinza entre o branco e o preto
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 12 novembro, 2019

Splitting é um nome sofisticado para um comportamento que não é tão complicado. Refere-se àquelas pessoas para as quais tudo que acontece é branco ou preto. Se não têm tudo, não têm nada. Afirmam que se algo não é bom, então é ruim. Em uma palavra, são adeptas dos extremos.

Quem pensa e sente dessa forma acredita que não está errado. Elas se consideram pessoas bem resolvidas, que não gostam de meias medidas. No entanto, essa maneira de ver o mundo costuma trazer dificuldades e sofrimentos.

Em geral, reclamam muito da falta de clareza de outras pessoas e situações.

“O equilíbrio, esse é o segredo. Extremismo moderado”.
– Edward Abbey –

Aqueles que são vítimas de splitting costumam ficar com raiva. Muitas vezes eles se sentem decepcionados porque passam da idealização para a desvalorização de pessoas e situações rapidamente.

Uma vez que esse purismo habita apenas a sua mente e seus desejos, se decepcionam repetidamente. Infelizmente, tudo isso acontece inconscientemente, e é por isso que eles não percebem que é a sua própria perspectiva que os machuca.

A origem do splitting

Ninguém cai no splitting sem motivo, nem desenvolve essa perspectiva extremista porque a considera maravilhosa. O que está por trás dessa atitude é um profundo anseio por certezas e um grande desejo de ter bases sólidas para olhar o mundo e se posicionar nele.

Homem pensativo

É muito comum que, por trás do splitting, haja uma infância difícil, com pais disfuncionais. A origem desse modo de ver a vida está, provavelmente, naquelas figuras de autoridade na infância, que eram imprevisíveis e erráticas.

Um dia, podiam ser amáveis e estar de bom humor, mas dois dias depois eram intolerantes com as coisas mais absurdas.

Esse tipo de contexto geralmente se torna um obstáculo para o desenvolvimento moral completo, o que, por sua vez, implica uma estagnação cognitiva.

Em outras palavras, nesse ambiente, é muito difícil aprender o que é bom e o que é ruim. É ainda mais difícil esclarecer a ampla gama entre um extremo e outro.

O splitting: um mecanismo de defesa

Ver o mundo com extremismo é uma maneira de nos defendermos contra a instabilidade e a imprecisão que nos confundiam quando éramos crianças. Respondemos à incompreensão desses comportamentos erráticos de nossos pais com uma espécie de compensação.

Para compensar a falta de clareza, a nossa mente responde tentando gerar uma clareza absoluta. É ou não é. É branco ou preto.

Quando alguém é vítima de splitting, não consegue reunir os seus sentimentos positivos e negativos em um mesmo espaço. Ele ama alguém e depois o odeia. Ou vice-versa. Acreditam em tudo ou não acreditam em nada.

Não fazem isso deliberadamente. É um mecanismo que aparece automaticamente diante de ambiguidades ou paradoxos. Essa incerteza causa dor emocional e eles respondem radicalizando.

Aqueles que têm esse tipo de comportamento têm dificuldade em estabelecer empatia com os outros. Na verdade, eles têm dificuldade em se entender. No entanto, eles costumam projetar essa falta de entendimento nos outros.

É por isso que dizem que são os demais, com seus altos e baixos, que estão errados. Eles não percebem que o seu esquema condena todos ao erro.

Superar as dificuldades

Como frequentemente ocorre no mundo psicológico, nem todas as pessoas vivem o splitting da mesma maneira. Nem no conteúdo nem na intensidade.

Em princípio, se você acha que esse fenômeno está presente na sua vida, seria bom tentar algo que pode funcionar. Evite dizer palavras que sejam muito categóricas: “sempre, nunca, bom, ruim, etc.” Encontre termos menos precisos para avaliar o mundo.

Quando o splitting é muito acentuado, é possível que a técnica anterior não funcione. Nesses casos, é necessário ter ajuda profissional para remover do caminho os obstáculos que impedem a sua plena maturidade ética, emocional e cognitiva.

Precisamos reestruturar a nossa perspectiva para torná-la mais realista.

Jovem tentando se concentrar

Conclusão

Todos nós queríamos que a realidade fosse mais simples, mas não é. Entre o branco e o preto, há uma grande variedade de tons de cinza. Todas as pessoas e todos os aspectos da realidade têm muitas facetas.

Você pode ser bom e mau, inteligente e tolo, feliz e infeliz ao mesmo tempo. O ser humano é exatamente assim: uma ampla gama de cores além do preto e do branco.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Beck, J. (2008). Terapia cognitiva: Conceptos básicos y profundización. Editorial Gedisa.
  • Beck, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery, G. (1983). Terapia cognitiva de la depresión. Desclée de Brouwer.
  • Riso, W. (2009). Terapia cognitiva. Barcelona, España, Editorial Paidós Ibérica.
  • Safran, J. D., & Segal, Z. V. (1994). El proceso interpersonal en la terapia cognitiva. Barcelona: Paidós.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.