Susan Lee Smalley e a mudança genética através da meditação

Há evidências de que é possível provocar uma mudança nos genes através da meditação. Embora ainda seja cedo para tirar conclusões definitivas e estabelecer o impacto que isso pode ter sobre a saúde, foram feitos avanços importantes.
Susan Lee Smalley e a mudança genética através da meditação
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 23 junho, 2020

A Dra. Susan Lee Smalley diz que é possível provocar uma mudança genética por meio da meditação. Na realidade, ela não é a única a fazer uma afirmação nesse sentido, mas é uma das defensoras mais importantes dessa prática devido ao seu conhecimento da área.

Susan Lee Smalley é antropóloga e doutora em Genética Médica. Ela é diretora do Mindful Awareness Research Center (MARC) e uma das primeiras pessoas a falar sobre a mudança genética através da meditação. Ela indica que as pesquisas mostram modificações em pelo menos 15 genes em pessoas que meditam.

Smalley argumenta que a neuroplasticidade, aquela capacidade do cérebro de mudar com base na experiência, também teria efeitos a nível genético. Ela tem afirmado que o mais interessante sobre a mudança genética através da meditação é o fato de que seria uma maneira de autoinduzir modificações profundas por meio de experiências voluntárias.

 “A meditação é o olho da alma”.
– Jacques Benigne Bossuet –

O poder da meditação

Um estudo preliminar

Algum tempo atrás, acreditava-se que a informação genética com a qual cada pessoa nascia era imutável. Os especialistas achavam que era um tipo de programação definitiva, que era algo determinante. Com o passar do tempo, isso foi reavaliado. Hoje se sabe que a informação genética tem um importante nível de flexibilidade e que isso se aplica a todas as idades da vida.

Uma das pesquisas que comprovaram essa flexibilidade e que, mais tarde, deram origem ao estudo da mudança de genes através da meditação foi realizada por Michael Meaney, na Universidade McGill, em Montreal. Ele e sua equipe observaram alterações epigenéticas no cérebro de roedores que não receberam cuidados maternos suficientes durante as primeiras semanas de vida.

Isso levou os animais a manifestarem estresse crônico desde a mais tenra idade. As fêmeas que sofreram essa modificação epigenética também se comportavam de forma descuidada com os seus próprios filhotes.

No entanto, se essas mães fossem substituídas por mães adotivas afetuosas, os jovens cresciam normalmente. Isso mostrou que a genética era flexível e também que as experiências mentais poderiam provocar alterações nos genes.

Um estudo revelador sobre a mudança genética através da meditação

Um estudo sobre a meditação realizado na Universidade de Wisconsin-Madisonha (Estados Unidos), apresentou resultados impressionantes. Este é um dos trabalhos pioneiros sobre as mudanças genéticas através da meditação e, portanto, tem um grande valor.

Os pesquisadores analisaram as mudanças ocorridas no organismo de um grupo de pessoas que meditavam, comparando com as mudanças ocorridas em outro grupo que também realizava atividades silenciosas, mas não associadas à meditação.

No final, eles descobriram que aqueles que meditavam experimentavam modificações nos genes RIPK2 e COX2, que estão relacionados aos processos inflamatórios.

As moléculas que evidenciaram essas alterações foram analisadas no Instituto de Pesquisa Biomédica de Barcelona (IIBB-CSIC-IDIBAPS). No final, Perla Kaliman, principal autora do artigo, observou que uma alteração epigenética no genoma havia sido evidenciada a partir da meditação. De qualquer forma, ela acredita que ainda é muito cedo para tirar conclusões definitivas.

A mudança dos genes através da meditação

Estresse e meditação

O estresse crônico é um dos fatores que têm sido associados a um grande número de doenças crônicas e, é claro, a inúmeros transtornos mentais e de humor. Da mesma forma, está associado ao envelhecimento, tanto cerebral quanto do organismo em geral. A redução do estresse é, precisamente, um dos efeitos mais documentados da meditação.

Com base nos estudos realizados, é possível, atualmente, propor a teoria de que o estresse provoca alterações epigenéticas e de que a meditação pode revertê-las.

Da mesma forma, Susan Lee Smalley garante que as pessoas que atingem a chamada “atenção plena” provocam uma maior atividade no córtex frontal; isto produz uma sensação de serenidade. Se isso for mantido por algum tempo, os padrões de estresse genético mudam.

É importante destacar que as alterações epigenéticas são modificações que “silenciam” algum fator genético. Dizem que essa é a razão pela qual o DNA não determina o destino.

Por exemplo, uma pessoa pode nascer com um gene que a predispõe ao câncer, mas uma mudança epigenética pode “silenciar” esse gene. Daí a importância de todos esses estudos e conclusões derivadas.


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  • Fitzgerald, P. ¿Puede la meditación cambiar tu cerebro y afectar tus genes?


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