Tanatofobia, o medo extremo da morte

A tanatofobia é um medo irracional e aterrorizante da própria morte que pode prejudicar as nossas vidas diárias. Ansiedade, ataques de pânico e sintomas depressivos são algumas das suas características.
Tanatofobia, o medo extremo da morte
Francisco Javier Molas López

Escrito e verificado por o psicólogo Francisco Javier Molas López.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A ideia de que vamos deixar de existir um dia tende a nos incomodar. No entanto, há pessoas que ficam tão aterrorizadas que o medo as impede de viver o seu dia a dia normalmente. Quando isso acontece, a pessoa afetada por esse medo terrível da morte sofre de tanatofobia. Um medo em parte natural, mas, por outro lado, desadaptativo quando gera níveis muito altos de desconforto.

A tanatofobia costuma ser bastante paralisante para quem sofre com ela. Pensamentos sobre a própria morte vêm à mente repetidamente de forma obsessivaApesar da naturalidade da morte, não conseguimos entender o motivo da sua existência.

Tanatofobia na vida cotidiana

Pessoas com tanatofobia costumam ter pensamentos persistentes sobre o fim da sua própria existência. Lugares como hospitais ou cemitérios podem ser evitados pelos “tanatofóbicos”, bem como assistir a filmes muito violentos, ver caixões ou qualquer coisa que tenha a ver com morte.

Uma luz no fim do túnel

Sintomas

Os sintomas de quem sofre de tanatofobia são vários:

  • Ansiedade.
  • Pensamentos obsessivos e constantes sobre a morte. Tanto da própria morte quanto de entes queridos.
  • Humor deprimido ou depressão.
  • Angústia.
  • Comportamentos de evitação quanto a tudo que está relacionado à morte.
  • Ataques de pânico.
  • Problemas com o sono.

O que há por trás da tanatofobia?

Traumas

Muitas pessoas com medo da  morte  vivenciaram eventos relacionados a ela que foram muito intensos. Vítimas de acidentes de carro e sobreviventes de ataques são alguns exemplos.

Esse medo também pode ser desencadeado pela morte de um parente ou pelo testemunho de um evento relacionado à morte, tanto real quanto fictício. Até mesmo um filme pode ser a semente que desencadeia esse medo.

Medo aprendido

Existem várias crenças sobre o que acontece após a morte. Algumas pessoas, culturas ou religiões afirmam que existe vida eterna. Outras posições defendem a reencarnação ou renascimento. E outras crenças defendem que, depois da morte, não há nada.

Apesar disso, a morte é sempre perturbadora. Se vivemos em uma sociedade em que predomina o medo da morte, é muito mais provável que o tenhamos também.

Em culturas que acreditam no renascimento, o medo da morte é muito menos intenso e eles vivem esta vida com a intenção de alcançar um bom renascimento no futuro. O que existe ou não após a morte é uma crença de cada um, embora seja óbvio que essa crença pode gerar um estado mais calmo ou um estado de medo durante a vida.

“Diferentes na vida, os homens são iguais na morte.”
-Lao Tse-

Esconder a morte

Uma sociedade que esconde a morte é uma sociedade que não a aceita. Desse modo, é improvável que um relacionamento saudável seja desenvolvido com esse tema.

Apesar de as notícias sobre tragédias inundarem diariamente as páginas dos jornais e de notícias, tendemos a esconder a nossa própria morte. Ver a notícia de uma morte nos entristece, mas saber que um dia morreremos, além de nos entristecer, pode nos causar muita ansiedade e desconforto.

Como postula a equipe de Gala León (2002): “Com essa tentativa de ocultação e negação, estamos imersos naquele retroprocesso evolutivo (retroprogresso) que nos leva a estágios menos maduros e inferiores do processo evolutivo de atitudes em relação à morte”.

Homem angustiado

Dissolução da própria identidade

Outro aspecto importante por trás do medo da morte é a perda da nossa identidade. Esta é uma perda que, em princípio, supõe a falta de noção de um eu. Atribuímos morrer a parar de sentir. O “eu” se extingue e tudo que éramos deixa de ser.

Nós nos apegamos a um conceito estático de identidade, que por sua própria natureza é perecível. Porém, quando temos consciência de que temos que deixar esse corpo e essa identidade, um medo nos invade e às vezes nos paralisa.

Medos no final da vida

A equipe de Gala León (2002) afirma que, no final da vida, surgem uma série de questões que aumentam o medo que já podemos sentir:

  • Medo do processo de morrer. O simples pensamento de que tanto a dor física quanto a psicológica serão sentidas pode causar agonia para muitas pessoas.
  • Medo de perder o controle. Quando nossos últimos momentos chegam e nosso corpo está se desligando, muitas vezes são os outros que têm que tomar as decisões por nós.
  • Medo do que acontecerá com nossos entes queridos após a nossa morte. O estado da nossa família é uma grande preocupação para nós. Eles ficarão bem? Eles vão sofrer? Tudo vai ficar em ordem?
  • Medo do medo dos outros. Quando observamos o medo nos outros, nossa sensação de medo pode aumentar.
  • Medo do desconhecido. O que está por trás da morte? Qual é a sensação antes de partir?
  • Medo de que a vida não tenha tido nenhum sentido.

Como tratar a tanatofobia?

O tratamento mais usado para a tanatofobia costuma ser a terapia cognitivo-comportamental. Ela se concentra em um nível comportamental, cognitivo e fisiológico.

A equipe de Mercedes Bordas (2011), da Universidade de Sevilha, propõe uma série de objetivos:

  • Controle dos sintomas de ansiedade. A nível fisiológico, trata-se de controlar aqueles sintomas que aparecem relacionados ao conceito de morte. A nível cognitivo, os pensamentos relacionados à morte são trabalhados. Técnicas de relaxamento, como respiração ou relaxamento progressivo, também são aplicadas.
  • Redução de comportamentos de evasão. Tanto na imaginação quanto na vida.
  • Redução do nível de sofrimento emocional associado à experiência da morte e ao processo de morrer. A reestruturação cognitiva neste ponto é essencial para trabalhar o medo da morte.
Homem no terapeuta tratando tanatofobia

Conclusão

Embora a morte seja mais um processo da vida, ela não deixa de impor respeito ou medo. Porém, se esse medo é tão intenso que nos impede de viver o dia a dia normalmente, o melhor a fazer é buscar ajuda profissional.

Esta ajuda nos fornecerá as ferramentas certas para impedir que o medo seja tão incapacitante. Dessa forma, voltaremos a aproveitar nossas atividades como sempre fizemos. O importante não é morrer, mas viver plenamente e valorizar cada pequeno presente que a vida nos oferece.

“A ausência de medo não é apenas possível, é o prazer final. Quando você toca a ausência de medo, você é livre”.
-Thich Nhat Hanh-


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.