A teoria de Georg Simmel sobre os relacionamentos amorosos

A teoria de Georg Simmel sobre os relacionamentos amorosos
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 06 agosto, 2020

A teoria de Georg Simmel sobre os relacionamentos amorosos diz que ser um casal é uma realidade que se constrói através de fases ou etapas que devem necessariamente ser vividas. Segundo esse enfoque, se alguma etapa não é completamente ultrapassada, mais cedo ou mais tarde a relação enfrentará problemas.

A teoria também é conhecida pelo nome de formação dupla, pois faz referência a um grupo de dois, uma dupla. Os namorados são uma dupla, os amantes, os casamentos, os amigos íntimos, os irmãos etc. O sociólogo alemão Georg Simmel se dedicou a estudar as dinâmicas que os grupos pequenos possuem.

Ele e seus seguidores detectaram que se há uma relação em um “grupo de dois”, essa relação tem uma lógica diferente que a de grupos com um maior número de pessoas.

“O amor verdadeiro é inesgotável; quanto mais você dá, mais você tem”.
-Antoine de Saint-Exupery-

A teoria de Georg Simmel sobre os relacionamentos amorosos

A princípio, a teoria de Georg Simmel sobre os relacionamentos amorosos é uma construção teórica de enfoque sistêmico dentro da psicologia. Basicamente, ela tem aplicação no terreno da terapia de casais e na terapia de família. A partir de um ponto de vista conceitual, ela determina a existência de cinco fases pelas quais todo casal deve passar até chegar ao compromisso. Vejamos a seguir.

Percepção de semelhanças e atração

Geralmente essa fase é caracterizada pela busca de traços coincidentes entre duas pessoas. Segundo a teoria de Georg Simmel, quando descobrimos coincidências entre duas pessoas, surge a atração. Isso faz com que busquemos pessoas mais e mais semelhantes. Muitas vezes elas são reais, mas também podem ser fictícias.

Relacionamento saudável

As semelhanças ou coincidências não são necessariamente traços iguais. Na verdade, muitas vezes podem ser até oposições. Por exemplo, alguém que gosta muito de falar e alguém que gosta muito de escutar. Em todo caso, a sensação é que de que há uma sintonia mútua.

Paixão inicial, a segunda fase  

Após acabar a primeira fase da atração, o casal sente que há muitas coincidências entre ambos. Que eles se entendem, se complementam, de um modo que não é comum. Isso desata entre os dois uma grande dose de entusiasmo, que pouco a pouco vai se converter em paixão.

Começa então a etapa do sentimento passional. O erotismo e a sexualidade se convertem para o sentimento predominante dentro da relação. Os hormônios estão fervendo. Os sentimentos são intensos e há uma forte idealização do outro. Geralmente, essa etapa não costuma ser muito longa.

Paixão serena

Pouco a pouco o casal vai detectando que o paraíso é passageiro, e que o outro não é tão perfeito como pode ter parecido à primeira vista. Começa então a etapa da paixão serena no contexto da teoria de Georg Simmel. O mais comum é que as partes comecem a perceber os limites do outro e também os seus próprios dentro do relacionamento.

Isso quer dizer que a imagem idealizada começa a dar lugar a uma visão mais realista do outro. Se o outro tem defeitos, nós os vemos; se às vezes queremos ficar sozinhos, aceitamos… Quando a relação tem uma boa base, o amor persiste, junto com a sexualidade. De qualquer modo, a intensidade dos sentimentos passa a ser um pouco menor. O casal está amadurecendo.

Casal unido em meio à natureza

Introdução da consciência

Alguns definem essa fase como a mudança do “eu te amo” para o “eu quero te amar”. Em outras palavras, passamos da paixão ao sentimento de que essa é uma decisão consciente. O fator mais importante aqui é o da razão e da vontade. Percebe-se claramente que o outro não é a nossa metade da laranja – porque ninguém é – e, mesmo assim, há o desejo de cultivar o vínculo.

A teoria de Georg Simmel sobre os relacionamentos amorosos diz que essa etapa corresponde à plenitude do amor. Não temos mais as ilusões que os hormônios nos levam a criar, mas temos a convicção de que nós queremos continuar com a relação, cultivá-la. É uma etapa de maior qualidade na comunicação.

Formação da dupla e do compromisso

A etapa final na formação do casal corresponde à formalização do vínculo e ao estabelecimento de um compromisso mútuo. Esse é o momento no qual os dois fazem planos a médio e longo prazo juntos. Renunciam a viver sua vida em solidão e dão ao outro um lugar permanente nela.

Casal apaixonado dando um beijo

Aqui se forma propriamente a “dupla”. Os dois são agora um sistema único, que tem uma estrutura e uma dinâmica próprias. Criam normas e rotinas, sonhos e limites. Cada um renuncia a uma parte de si mesmo em função do outro.

A teoria de Georg Simmel sobre os relacionamentos amorosos diz que as relações se tornam sólidas quando cada uma das etapas é vivida de forma completa. Se passamos, por exemplo, da paixão para o compromisso (como acontece muitas vezes), o vínculo acaba se tornando frágil. Ao contrário, se vivermos cada fase em sua plenitude, provavelmente a relação será saudável e forte.


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