Transtorno do pânico: sintomas, causas e tratamentos

O que é o transtorno do pânico? Quais são as suas causas e possíveis tratamentos? Descubra estas e outras respostas a seguir!
Transtorno do pânico: sintomas, causas e tratamentos

Última atualização: 29 julho, 2022

De acordo com o DSM-5, entre 2-3% da população geral na Europa e nos Estados Unidos sofre de transtorno do pânico. Para cada homem afetado, há duas mulheres afetadas, e a idade média está na faixa de 20 a 24 anos. Mas, o que exatamente é esse transtorno? Qual é a sua causa e como ele é tratado?

Vamos falar sobre esse transtorno de ansiedade que pode se tornar tão incapacitante, no qual a pessoa sofre ataques de pânico repentinos, além do medo de vivê-los novamente.

Os transtornos ansiosos, juntamente com os transtornos depressivos e relacionados ao uso de substâncias, têm a maior taxa de prevalência em todo o mundo. Portanto, torná-los visíveis poderá nos ajudar a tomar consciência da sua importância e impacto.

Mulher com ansiedade

Transtorno do pânico: definição e sintomas

O transtorno ou síndrome do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade que se caracteriza, segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), pelo aparecimento recorrente de ataques de pânico repentinos e inesperados. Nos momentos que antecedem os ataques, a pessoa pode estar calma ou em uma situação de ansiedade. No transtorno do pânico, a pessoa teme voltar a vivenciar essas crises, o que interfere de forma significativa em sua vida.

Mas, o que são os ataques de pânico? Também chamados de crises de angústia, consistem no aparecimento de episódios repentinos e temporários de sentimentos de angústia, desconforto e medo intenso. A sua duração é variável (aproximadamente 15 minutos) e o seu pico de intensidade máxima ocorre após alguns minutos.

Os sintomas que podem aparecer nos ataques de pânico são muito diversos: sudorese, hiperventilação, taquicardia, tremores, tonturas, vômitos, náuseas… Além de outros sintomas psicológicos, como medo de enlouquecer ou perder o controle, medo de morrer e de estar sofrendo um infarto, entre outros. Também podem aparecer sintomas dissociativos, como a desrealização (sensação de que o que está acontecendo não é real) ou despersonalização (estranheza da própria existência).

“O peso da ansiedade é maior do que o mal que a provoca”.
– Anônimo –

Causas do transtorno do pânico

Quais são as causas do transtorno do pânico? Elas nem sempre são conhecidas; além disso, geralmente existem várias. Por exemplo, o primeiro ataque de pânico pode aparecer devido a fatores situacionais, e o medo da sua recorrência pode ser devido à geração de interpretações negativas e aversivas das sensações corporais (não ligadas à ansiedade).

Assim, se interpretarmos certas sensações corporais como ansiogênicas, elas podem se intensificar, gerando mais medo e ansiedade, o que pode levar a um ataque de pânico.

Além disso, a genética também pode estar relacionada à etiologia do transtorno do pânico. Vemos como as pessoas com familiares que também sofrem de um transtorno de ansiedade têm uma maior probabilidade de desenvolver um deles. Por fim, experiências anteriores e o aprendizado de certos modelos de comportamento também podem influenciar a gênese do transtorno do pânico.

“O medo é a incerteza em busca pela segurança”.
– F. Krishnamurti –

Programas cognitivo-comportamentais multicomponentes

Encontramos dois programas altamente eficazes no tratamento do transtorno do pânico:

  • Tratamento de controle do pânico de Barlow (2007).
  • Terapia cognitiva de Clark e Salkovskis (1996).

A terapia de Barlow inclui a exposição às sensações interoceptivas como um elemento central da intervenção. Também inclui os seguintes componentes: psicoeducação, exposição interoceptiva, reestruturação cognitiva e treinamento de respiração/relaxamento.

Por sua vez, a terapia cognitiva de Clark e Salkovskis visa identificar, testar e modificar sensações errôneas por outras mais realistas. Inclui os seguintes componentes: psicoeducação, reestruturação cognitiva, experimentos comportamentais baseados na indução de sensações temidas e recomendações para abandonar comportamentos de segurança.

Treino de respiração

Encontramos aqui o treinamento de respiração lenta de Chalkley (1983) para ataques de pânico. Esse treinamento envolve essencialmente o aprendizado da respiração lenta e diafragmática. Entretanto, a sua eficácia como intervenção isolada está sendo questionada (o ideal é incluir esse treinamento em programas mais amplos).

Relaxamento aplicado

Para o transtorno do pânico, o relaxamento aplicado de Öst (1988) é o mais usado. Ele envolve ensinar ao paciente o relaxamento muscular progressivo e, em seguida, usá-lo para enfrentar de forma gradual primeiro as sensações corporais que podem desencadear o pânico e, em seguida, as atividades e situações que evitavam anteriormente.

Terapia de exposição ao vivo

Uma das mais eficazes é a terapia de exposição de Williams e Falbo (1996). Esta terapia implica que o paciente se exponha na vida real e de forma sistemática às situações que ele teme e evita.

Inervação vagal

A inervação vagal para o pânico de Sartory e Olajide (1988) busca controlar a frequência cardíaca do paciente por meio do aprendizado de técnicas de massagem sobre a carótida. Especificamente, se aplica pressão em um olho durante a expulsão de ar.

Terapia intensiva com foco nas sensações

Os autores desta terapia para o transtorno do pânico são Morissette, Spiegel e Heinrichs (2005). É uma intervenção de 8 dias consecutivos, que tem como objetivo eliminar totalmente o medo das sensações físicas.

Para isso, utiliza-se a exposição massiva e sem graduação, enfrentando desde o primeiro momento as sensações mais temidas. A exposição também é potencializada induzindo sensações corporais por meio de exercícios físicos.

Terapia de aceitação e compromisso

Dentro da terapia de aceitação e compromisso (TAC), encontramos a terapia cognitivo-comportamental de aceitação incrementada para o pânico, de Levitt e Karekla (2005).

Consiste em um procedimento cognitivo-comportamental padrão que inclui psicoeducação, exposição situacional e interoceptiva e reestruturação cognitiva, e também acrescenta outros componentes da TAC, como a atenção plena e a discussão sobre o aumento de atividades diante da ansiedade.

Paciente em terapia

Transtorno do pânico: farmacoterapia

Seguindo com Marino Pérez (2010) e M.Vallejo (2016), descobrimos que a farmacoterapia usada e validada para o transtorno do pânico inclui o uso de antidepressivos e ansiolíticos. Nesse sentido, os ISRSs costumam ser prescritos como antidepressivos e os benzodiazepínicos ou tranquilizantes como ansiolíticos.

Esses medicamentos podem ajudar a diminuir a ansiedade, mas o ideal será sempre um tratamento que combine psicoterapia e farmacoterapia. No entanto, as mudanças profundas no indivíduo só serão alcançadas com um suporte psicológico adequado (ou seja, com terapia). A farmacoterapia pode tranquilizar o indivíduo e lançar as bases para começar a trabalhar, mas somente a psicoterapia lhe permitirá modificar as suas crenças e deixar de evitar determinadas situações e sensações.


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  • American Psychiatric Association -APA- (2014). DSM-5. Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales. Madrid. Panamericana.
  • Caballo (2002). Manual para el tratamiento cognitivo-conductual de los trastornos psicológicos. Vol. 1 y 2. Madrid. Siglo XXI (Capítulos 1-8, 16-18).
  • Pérez, M., Fernández, J.R., Fernández, C. y Amigo, I. (2010). Guía de tratamientos psicológicos eficaces I y II:. Madrid: Pirámide.

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