Some estes três componentes e você terá um amor completo

Some estes três componentes e você terá um amor completo
Cristina Calle Guisado

Escrito e verificado por a psicóloga Cristina Calle Guisado.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Alguns autores, como os psicólogos Robert Sternberg e Walter Riso, teorizam sobre quais são os componentes do amor completo em um relacionamento, concordando que são três: atração física, comprometimento e proximidade. 

O aparecimento de um ou outro desses componentes está diretamente relacionado ao tipo de conexão entre as duas pessoas. Assim, o amor varia a nível físico, mental e emocional.

Embora cada autor nomeie os três componentes de maneira diferente, em essência eles se referem ao mesmo conceito. Sternberg fala de intimidade, paixão e compromisso, enquanto Walter Riso fala sobre Eros, Ágape e Philia. Vamos nos aprofundar.

“Um amor completo, saudável e gratificante, que nos aproxime mais da tranquilidade que do sofrimento, requer a combinação de três fatores: desejo (Eros), amizade (Philia) e ternura (Ágape)”.
-Walter Riso-

O começo do amor

O amor não pode ser forçado. Começa com a atração entre duas pessoas, o que requer um componente físico, assim como similaridade e proximidade. Se estamos apaixonados por alguém, e esse alguém por nós, a tendência natural é sentir afeto por essa pessoa e querer compartilhar tempo com ela.

Para conseguir isso, é necessário ter o mesmo nível de entendimento, ser mais semelhantes do que diferentes. Em alguns aspectos importantes, isso acontece às vezes, mas às vezes não.

Casal em um balão de coração

Quanto maior a conexão com a outra pessoa em diferentes níveis, maior a chance do relacionamento durar. No melhor dos casos, isso permite que ambos os membros do casal cresçam mutuamente construindo um amor completo, saudável e gratificante que geralmente se dá em três níveis: físico, emocional e intelectual.

A seguir, veremos como essas duas teorias explicam o conceito de amor e seus componentes.

Triângulo do amor de Sternberg

De acordo com a teoria triangular do amor do psicólogo Robert Sternberg, essa emoção é viva e está em constante mudança. Podemos encontrá-la em diferentes formas ou fases que podem ser explicadas como diferentes combinações de três elementos: intimidade, paixão e comprometimento.

Independentemente do grau em que cada componente aparece, os três são necessários para falar de amor completo. No entanto, existem outros tipos de relações que envolvem apenas alguns ou, inclusive, um deles.

Além disso, para Sternberg, pode ser mais difícil  manter um amor completo do que alcançá-lo. Para conseguir isso, ele enfatiza a importância de traduzir os componentes do amor em ações.

“Sem expressão, até o maior amor pode morrer”.
-Robert Sternberg-

1. Intimidade

A intimidade implica o desejo de dar, receber, compartilhar… inclui todos aqueles sentimentos que promovem a aproximação entre as pessoas, que as levam a querer passar tempo juntas e a revelar coisas pessoais ou privadas.

Em geral, se relaciona com todos aqueles sentimentos que promovem a criação de um vínculo. O que nos faz confiar na outra pessoa, nos ajuda a nos abrirmos e sermos nós mesmos.

A origem da intimidade ocorre quando começamos a  nos  mostrar da forma como  somos. Isso depende tanto da confiança na outra pessoa quanto da aceitação dela. Em geral, a intimidade nos leva a um sentimento de felicidade e ao desejo de promover o bem-estar da outra pessoa.

“O amor mais forte é aquele que pode mostrar sua fragilidade”.
-Paulo Coelho-

2. Paixão

paixão é o desejo intenso de estar com a outra pessoa constantemente. Traduz-se em um grande desejo sexual e romântico acompanhado de excitação psicológica. A paixão é a “faísca do relacionamento”, é sentir atração física e desejo pela outra pessoa. Sem a paixão, realmente não se pode falar de um relacionamento romântico na maioria dos casos: se trataria mais de uma amizade.

A paixão pode estar relacionada à intimidade, mas esse nem sempre é o caso. Por si só, é emocionante, mas não é suficiente para construir um relacionamento duradouro de amor completo. No entanto, t anto a paixão quanto a intimidade sexual são fundamentais nos relacionamentos.

“A paixão é a mais rápida para desenvolver, e a mais rápida para desaparecer. A intimidade se desenvolve mais lentamente e o compromisso mais gradualmente ainda”.
-Robert Sternberg-

3. Compromisso

compromisso envolve a decisão de amar a outra pessoa e manter essa promessa. Em geral, tem a ver com uma abordagem de longo prazo. Na prática, isso leva a compartilhar planos de vida e a formar uma família. Isto é, a construir um projeto de vida juntos.

O compromisso se reflete através da fidelidade, lealdade e responsabilidade. É o componente estabilizador das relações sentimentais do amor completo. Pode diminuir ou até desaparecer quando a paixão inicial se desvanece, manter-se ou aumentar com a intimidade.

Casal de mãos dadas

Os três componentes do amor completo de Walter Riso

Segundo Walter Riso, para que um casal desfrute de um amor completo, gratificante e prazeroso, é necessário a união de três fatores: desejo (Eros), ternura (Ágape) e amizade (Philia). Cada um desses componentes é uma parte importante do que conhecemos como amor verdadeiro, e desempenha um papel essencial no surgimento da atração física e em seu desenvolvimento subsequente em afinidade.

“A combinação desses três elementos resulta em: Fazer amor (Eros) com o melhor amigo (Philia) com muita ternura (Ágape)”.
-Walter Riso-

1. Eros

Eros é o sentimento de atração pelo outro, o desejo sexual, a possessão, a paixão, o amor apaixonado. O mais importante neste elemento é o EU que anseia, que cobiça, que exige, que deseja. A outra pessoa, o VOCÊ, não chega a ser um sujeito. É a faceta mais egoísta do amor que se traduz em “eu quero possuir você”, “te quero para mim”.

O componente Eros é conflituoso e duplo por natureza: nos eleva ao céu e nos baixa ao inferno em um instante. É o amor que dói, que se relaciona à loucura e à incapacidade de se controlar. Mas não podemos ficar sem ele, já que o desejo é a energia vital de qualquer relacionamento.

Eros também é o responsável por idealizarmos a pessoa amada, ignorarmos os erros, e por sermos capazes de adorar a outra pessoa por completo.

“80% de um bom relacionamento não está no Eros: você não pode fazer amor 24 horas por dia, ou todos os dias da semana”.
-Walter Riso-

2. Philia

Na Philia , transcende o EU para integrar ao outro como sujeito. Produz-se uma união entre o EU e o VOCÊ, embora não seja completa. Entendemos a Philia como amizade, e a amizade como uma maneira de amar a si mesmo através do amor e da admiração dos amigos. A emoção central é a alegria de compartilhar, da reciprocidade, de divertir-se com a outra pessoa e estar em paz.

“Para que um casal funcione bem, não apenas deve ‘fazer amor’, também deve ‘fazer amizade’, contrariá-la e aproveitá-la”.
-Walter Riso-

Trata-se de ter projetos em comum com a pessoa que se ama, de se tornar amigos de travessuras, de brincadeiras e de humor. Sentir a alegria do outro existir, como acontece com os amigos.

A lealdade é o principal valor da Philia. Não se trata de pensar exatamente como a outra pessoa: a ideia é que as diferenças possam fortalecer o relacionamento. Juntos somamos, juntos somos mais, aproveitando ao máximo as forças e as habilidades de cada um.

Três componentes para um amor completo

3. Ágape

Ágape é o amor desinteressado, a ternura, a delicadeza, a não-violência. Não se trata do EU erótico que destrói tudo, nem o EU e o VOCÊ do amor amigável, mas o amor da entrega, sem egoísmo. É cuidar do outro, sentir a sua dor, buscar o seu bem.

Ágape é o componente que torna o amor desinteressado. Sem ele, um relacionamento a longo prazo não funciona, por ser essencial pensar na outra pessoa. A insensibilidade e o egoísmo excessivo, mais cedo ou mais tarde, geram falta de amor.

“Eu não quero te amar muito, mas o suficiente para estar bem, para acomodarmos um ao outro e nos vestirmos de erotismo”.
-Walter Riso-

Amor completo

Como vimos, alcançar o amor completo requer um equilíbrio justo entre esses três elementos. No entanto, conseguir esse tipo de ligação não é garantia de um bom relacionamento. Pelo contrário, Sternberg defendia que a chave da felicidade no amor é que ambos os membros sintam o mesmo.

A fórmula adequada para ter um bom relacionamento é algo que cada casal deve projetar, combinando as doses apropriadas de cada componente dependendo de cada momento e situação.

Em qualquer caso, para sentir amor completo, sempre será necessário se conectar com a pessoa amada a nível físico, mental e emocional. Isso é alcançado por meio da atração física, sentindo que o outro é uma pessoa com a qual podemos contar quando precisamos, compartilhando valores e projetos com ela e nos comprometendo a fazer o relacionamento funcionar.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.