As três marcas da vida segundo o budismo

Quando se fala das três marcas da vida, fala-se da essência do zen. A transitoriedade, a insubstancialidade e o sofrimento são os três elos que estão presentes em nós mesmos e em tudo que nos rodeia.
As três marcas da vida segundo o budismo
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 15 junho, 2019

As três marcas da vida se referem a três características que são intrínsecas à existência humana. Originalmente são chamadas de Tri-Lasana, embora também sejam conhecidas como os três selos da existência ou os três selos do Dharma. Trata-se de um dos ensinamentos fundamentais do budismo.

Essas três realidades tentam explicar como é a natureza do mundo percebido e de todos os fenômenos que ocorrem no mesmo, além de supor a base para a libertação pessoal.

No entanto, é importante não apenas compreendê-las a nível intelectual, mas também aceitá-las de forma plena e autêntica a nível emocional, sendo coerente com a atitude e o comportamento.

“Os sentimentos vão e vêm como as nuvens em um céu com vento. A respiração consciente é a minha âncora”.
-Thich Nhat Hanh-

Grande parte dos problemas que nos atormentam estão relacionados com o fato de que não aceitamos essas três marcas da vida que o budismo propõe. Por isso, por vezes, nos sentimos confusos, desorientados e perdidos.

Vamos analisar quais são esses três selos e o que os torna tão profundos.

As três marcas da vida de acordo com os budistas

1. Transitoriedade (Anitya)

A transitoriedade é a primeira das três marcas da vida. O budismo diz: “Tudo é impermanente”. Isso quer dizer que tudo tem um começo e um fim, nada dura para sempre e, finalmente, tudo passa. Tudo está em constante mudança e, por isso, a quietude e a estabilidade são apenas uma ilusão.

Os budistas afirmam que tudo que existe, dentro e fora de nós, é dinâmico. Todas as realidades nascem, vivem, morrem e renascem transformadas somente para iniciar um novo ciclo.

Portanto, o que éramos ontem não é igual ao que somos hoje. Tudo que nasce deve morrer, e não há nada no universo que possa impedir isso.

Dente-de-leão voando

2. Insubstancialidade de um eu (Anattā)

O budismo afirma que “Tudo é insubstancial”. Com isso, quer dizer que nada existe e nada acontece de forma absolutamente independente.

Tudo é o que é, e tudo que acontece está ligado a circunstâncias, fatores e fatos. Há vínculos entre tudo o que existe, embora eles não possam ser visualizados de maneira evidente ou patente.

No plano individual, a insubstancialidade se refere à inexistência de um “eu” ou de um “ego” reais. Como tudo está em constante mudança, o “eu” ou essa identidade fixa é uma ideia falsa.

Cada um de nós é algo que está incompleto e transcorrendo a cada instante. Nossa existência é apenas algo que caminha rumo ao desaparecimento.

Por isso essa perspectiva convoca a esquecer de si mesmo, a não satisfazer o ego. Também insiste na importância de se entregar plenamente ao momento presente, ao aqui e o agora, ao instante.

O que éramos antes e o que seremos amanhã não contam. O importante é a ação deste momento. A meditação ajuda a compreender isso.

3. Sofrimento (Duhkha)

A última das três marcas da vida é o sofrimento, que é expresso com este preceito: “Tudo é insatisfatório”. Quer dizer que não há nada nem ninguém no mundo que possa gerar uma satisfação constante e permanente.

De fato, para os budistas, aquilo que gera felicidade é provavelmente a causa de um sofrimento posterior.

Esse sofrimento é expresso principalmente de três maneiras. A primeira é o sofrimento físico, que é a forma mais básica de dor. A segunda forma de sofrimento é a que resulta de uma perda, seja de um ser querido ou de alguma de nossas faculdades ou possibilidades.

A terceira expressão de sofrimento é a mais sutil e, ao mesmo tempo, a mais profunda. Está relacionada com a dor que acompanha a existência em si, com o questionamento pelo sentido da vida, que não tem uma resposta definitiva.

Homem desapontado com a sua vida

Para o budismo, é possível parar de sofrer, desde que se compreenda que a transitoriedade e a insubstancialidade são fatos inevitáveis da existência. Há sofrimento porque essa ideia não é genuinamente aceita.

Tendemos a nos apegar, esquecendo que tudo passa, que tudo muda e que tudo existe apenas por um instante. Deixar fluir sem resistência é a maneira de banir a essência do sofrimento.


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  • Hanh, T. N. (2018). El corazón de las enseñanzas de Buda: El arte de transformar el sufrimiento en paz, alegría y liberación. Zenith.

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