Um peixe fora da água

Um peixe fora da água

Última atualização: 18 maio, 2017

Sei que já tive este tipo de discurso inúmeras vezes, mas também já foram tantas as vezes em que me deparei com comportamentos que, pura e simplesmente, me fazem sentir um peixe fora da água. Um membro desta sociedade onde todos correm para o pódio, onde todos têm de ser os melhores, e não por uma questão de brio pessoal e/ou profissional, de querer fazer melhor do que ontem, mas para serem melhores do que os outros. Entendes esta diferença?

São vários os momentos em que me questiono qual será o futuro desta sociedade. Quais serão os valores daqui a 20 anos, por exemplo? Não gosto e nem estou aqui para falar de falsos moralismos. Nada disso. Sei que também tu já sentiste isso, tantas e tantas vezes, certo?

Sabes aquela pessoa que é julgada por todos, sem sequer ter hipótese de defesa, e sobre a qual todos falam nas costas, porque a coragem de falar à frente ficou presa numa fita de mentira e de hipocrisia brutais?

Fora dos padrões

Lembras-te daquela situação em que alguém te pediu a opinião e ficaste rotulado, porque foste contra a sua opinião e alguém resolveu concordar só para cair em graça?

E poder-te-ia enumerar tantas situações comuns a todos nós nesta sociedade de hipocrisias, de amigos por interesse, de inversão de valores e de formatos perfeitos e completamente adequados a cada situação social e ou pessoal.

Mas, apesar de todo este cenário cinza escuro, de todas estas fitas que amarram o ser humano, que acha legítimo alcançar os seus objetivos mesmo que, para isso, finja ter um coração que não tem e uma alma tão pura, como a cidade mais poluída do mundo… Como te dizia, apesar destas cores cinzas e desta inversão de valores cada vez mais patente, existem pessoas que nos marcam tanto, que passam pela nossa vida e que enriquecem a nossa alma com um simples toque, com uma suavidade que nos faz pensar que vale a pena fazer parte desta massa global, corroída, mas tão bem frequentada! Consegues sentir a antítese disto?

Aquelas pessoas que gostam de nós, mas que gostam de nós de verdade, que nos acompanham em todos os percursos, que nos animam e tanto nos mimam, quando estamos naqueles dias de chuva e sem alento, e cujo único companheiro é o cigarro da solidão, o café amargo e o cobertor no fundo dos pés. E elas? Elas estão lá, à distância de um simples «preciso de ti!» E haverá sensação melhor do que esta, do que sentir que temos alguém que está conosco e em nós?

fora dos padrões

Aposto que também tens a sorte de te cruzares com pessoas a sério, que te levam ao limite de tudo o que é bom, com quem partilhas as cores da vida, sejam elas as mais incandescentes ou as mais opacas deste arco-íris que é a nossa vida!

E é às minhas pessoas que dedico este pequeno texto. Não que precise dele para lhes dizer o quanto são importantes para mim, o quanto gosto delas e a forma peculiar como me completam, porque lhes digo e demonstro inúmeras vezes, mas para que não fique por dizer que vos quero muito bem, que sou uma sortuda por encontrar pessoas a sério nesta encosta que escalo todos os dias!

Quantas vezes vocês me definem como uma Cinderella, neste mundo onde já não são permitidas Cinderellas, nem Belas Adormecidas! Obrigada por me fazerem desatar os laços de cetim, cheios de cor e brilho, por me ajudarem a dançar na chuva sempre que vêm as tempestades! E fazer desse momento um momento de amor intenso, entre os pingos da chuva e aquela imensidão de azul, de que te falei há dias.

Vivam vocês, que me enchem de orgulho, de amor, de partilha, de sonhos, de tristezas, de música. Enfim, vivam vocês, que me enchem de vida!


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