Para vencer na vida, nem sempre é preciso competir

A vida não é uma competição. Para ser feliz não é preciso ser o melhor em tudo ou passar por cima dos outros. Você sabia que você é a sua verdadeira referência e a única pessoa que deve ouvir para se aprimorar?
Para vencer na vida, nem sempre é preciso competir
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Para vencer na vida, nem sempre é preciso cruzar linhas de chegada, subir em pódios ou obter medalhas de ouro. Por mais que às vezes nos façam acreditar nisso, para ser feliz não é necessário competir, se comparar com os outros ou se colocar à prova em mil desafios. O bem-estar autêntico se consegue trabalhando consigo mesmo, tendo-nos como única referência, sendo capazes de alcançar o que realmente precisamos.

Agora, se há algo que tentam inculcar quase inconscientemente nas crianças é a necessidade de competir. Quem terminar mais cedo pode ir para o parquinho, quem tira as melhores notas é o primeiro da classe, o mais extrovertido, simpático e atraente tem mais sucesso social na escola. De alguma forma, sempre há a necessidade de “ser mais do que o outro” para obter recompensas.

Por um lado, existe a nossa capacidade de esforço e vontade de alcançar determinados objetivos. Trabalhar pelo que queremos e dar o melhor de nós em qualquer circunstância é adequado e recomendado. Porém, o problema surge quando a pessoa sente a necessidade de competir com os outros, de se esforçar para ter mais do que o outro e ser o melhor em tudo.

São situações comuns e que, por vezes, nos submetem a desgastes indefiníveis. Vamos aprender mais sobre este assunto.

Mulher meditando em montanha

Vencer na vida é conquistar uma felicidade à nossa medida

Muitas pessoas entendem o seu dia a dia como uma forma constante de competição. É preciso ter o melhor emprego, o melhor carro, a árvore de Natal mais espetacular, fazer a festa de aniversário mais original para que nosso filho seja o mais popular da escola. É como se a característica definidora da vida em sociedade fosse justamente isso, competir, colocar-se em posição de vantagem sobre o resto do mundo.

No entanto, há algo evidente em tudo isso. Quem entende a sua vida por meio desse filtro experimentará de forma constante apenas uma sensação: estar frustrado, nunca se sentir satisfeito. No final das contas, sempre haverá alguém que estará à frente em alguma coisa, que é melhor por seus próprios méritos. A necessidade de competir, de ser melhor do que os outros, é o mais inútil dos sofrimentos.

Vencer na vida deveria consistir em conquistar um tipo de felicidade em que a própria pessoa é a única referência. Superar a nós mesmos, estabelecer metas e nos testar para alcançá-las é uma das mais satisfatórias provas da vida. No entanto, passamos muitas décadas aplicando o que os ecologistas definem como o princípio de exclusão competitiva, ou seja, desafiando uns aos outros para que apenas os mais favorecidos fiquem acima dos demais.

Mas isso está mudando. Neste mundo cada vez mais interligado e globalizado, emergem novas dinâmicas sociais e, sobretudo, necessidades urgentes. Agora, mais do que nunca, é uma prioridade estruturar uma vida mais cooperativa e menos competitiva para resolver os muitos desafios que temos pela frente.

Por que existem pessoas que preferem competir a colaborar?

Gastamos muito tempo usando uma abordagem competitiva em muitos de nossos ambientes sociais. Fazemos porque era (e é) a única forma de conseguir um emprego, de conseguir uma vaga, de chamar a atenção ou ter o respeito de um determinado grupo… Agora, além do fato de que às vezes é preciso competir, há quem o faça por natureza. A razão?

  • Muitas vezes, é devido à baixa autoestima. Para essas pessoas, vencer na vida é poder se sentir superior aos demais e, assim, obter alimento para o ego e reforço para as suas inseguranças. Por outro lado, se precisam se envolver em tarefas colaborativas, não veem nenhum benefício e, portanto, as evitam.
  • Outras vezes, o que encontramos é uma personalidade focada na inveja, na necessidade quase obsessiva de ter o que o outro tem, de almejar o que está além do que já conseguiu.

Por último, mas não menos importante, não podemos esquecer que algumas pessoas altamente competitivas e com um perfil claramente agressivo se escondem atrás da sombra do narcisismo mais patológico e prejudicial. São aqueles homens e mulheres que anseiam por ganhar a qualquer custo, sem hesitar em “esmagar” o oponente.

Competitividade no trabalho

Para vencer na vida, coopere e coloque-se como referência

Se você quer vencer na vida, desafie-se. Não anseie pelo que o outro tem, não queira sobrecarregar os outros para alcançar uma posição de poder e relevância. Porque, a longo prazo, sempre acontecerá algo que o empurrará a desejar mais, a continuar experimentando carências para preencher e inveja para satisfazer. Compreender a vida a partir da competição contínua é sinônimo de sofrimento.

Por outro lado, se você competir consigo mesmo, as coisas mudarão. Se você se definir como referência e colocar metas e desafios para alcançar em seu horizonte, se sentirá mais motivado e a recompensa será mais saborosa. Aos poucos, irá construindo uma felicidade sob medida para as suas necessidades, no seu ritmo e ajustada às suas características.

Da mesma forma, é importante levar em conta um detalhe: é o momento de criar cenários nos quais haja uma inteligência colaborativa, da qual todos nós fazemos parte, combinando ideias, ações, reciprocidades e organização. É hora de parar de competir para criar alianças e caminhar juntos em direção a um futuro com soluções para as necessidades presentes.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.