5 consequências da criação tóxica
A infância é a etapa da vida na qual começamos a conhecer o mundo, a nos desenvolvermos e a gerenciar aquilo com o que convivemos. Por outro lado, é um período no qual somos especialmente vulneráveis e dependentes. Assim, o que acontece têm muitas possibilidades de ficar aderido a nossas raízes, sendo difícil de modificar.
Isso vale tanto para uma infância positiva quanto negativa, e os resultados posteriores são totalmente diferentes. É uma vantagem ou uma desvantagem que nos é dada por sorte e, de certo modo, não temos muito o que fazer.
Com frequência em séries ou filmes aparece o perfil de uma pessoa perturbada que teve uma infância cheia de relações complicadas, seja de maneira direta ou indireta.
Efeitos da criação tóxica
1. Não ter desfrutado a infância
Este período, como o resto dos que compõem a nossa história vital, uma vez passado já não voltará. Uma infância tóxica se traduz em uma infância triste, infeliz ou complicada.
Com frequência o fato de não termos podido viver estes anos de uma maneira satisfatória nos enche de rancor direcionado a aquelas pessoas por quem temos sentimentos muito profundos. Ou seja, nossos vínculos emocionais da infância costumam sobreviver, de forma frequente, em um enfrentamento entre o amor e o rancor.
Assim, os sentimentos encontrados não são frutos do acaso, e sim da avaliação posterior sobre as injustiças, a desconfiança, o medo, o abandono, e a humilhação que um dia tivemos que sofrer.
2. Não termos aprendido a nos relacionar com os demais
A forma como nos relacionamos começa a se desenvolver em nossos primeiros anos. Aprendemos como temos que nos expressar ou como lidar com os silêncios para conseguir uma comunicação eficaz.
Por outro lado, padrões errados como a violência ou a coação são muito fáceis de aprender e de reproduzir, mas não tanto de substituir quando foram vividos como uma forma útil e possível de alcançar um objetivo.
Neste sentido, ainda que a falta de habilidade não seja algo que não podemos corrigir com o tempo, prejudica o desenvolvimento do nosso potencial social e emocional. Assim, digamos que em algum momento é provável que paguemos um alto preço.
3. Lidar com o ego
A criação tóxica na infância não somente se refere à falta de carinho ou a sofrer continuamente o castigo injustificado da indiferença. Também tem a ver com conviver com pessoas que nunca reconhecem seus erros ou que superprotegem a criança, evitando que enfrente os erros que comete e projetando sobre ela uma imagem de invulnerabilidade e perfeição com a qual terá que conviver depois.
Neste sentido, a pessoa cresce acreditando que é o que não é, o que causa um desconhecimento que pagará duramente com o passar do tempo.
4. Inteligência emocional
Matemática, ciências, idiomas… todas estas matérias fazem parte de todos os planos acadêmicos. No entanto, algo tão cotidiano e útil como o gerenciamento das emoções está (ou estava) fora de qualquer tipo de formação sistemática.
Que ninguém tenha se preocupado em nos ensinar a gerir nossas emoções não quer dizer que não o tenhamos aprendido. O que acontece é que o que fazemos é aprender por nossa conta observando os demais.
Assim, uma criação tóxica muitas vezes tem a ver com ter pessoas de referência ou próximas com uma inteligência emocional pouco desenvolvida. Isso pode ser altamente tóxico em nossa infância, pois nos torna vulneráveis no que é mais fundamental em nossas vidas.
5. A posterior criação dos filhos
O estilo de criação que vivemos determinará o roteiro através do qual iremos dirigir a educação das crianças que nos rodeiam em nossa vida adulta. Embora seja verdade que em muitas ocasiões se repitam certos padrões ou comportamentos de maneira inconsciente, o esforço que se realiza para conseguir redirigir nossa vida de maneira saudável é muito maior.
Assim, ainda que as pessoas que tenham passado por uma infância difícil tenham um desenvolvimento mais complicado, podem ressurgir e superar aquilo que lhes foi negado.
Desta maneira, com o passar do tempo se destacarão mais por aquilo que conseguiram alcançar do que por aquilo que a criação tóxica as causou, transformando-se em pessoas dignas de admiração.