9 formas de abuso sexual
As diferentes formas de abuso sexual (assim como outras formas de abusos) são relacionadas à cultura, sociedade, momento histórico e leis em vigor, portanto, ainda não existe um consenso internacional sobre o tema.
O fato é que boa parte dos profissionais ainda trabalha os abusos sexuais e outros tipos de maus-tratos sexuais a partir de uma atitude sexofóbica. Por exemplo, alguns não consideram que determinados abusos físicos, como a mutilação genital, sejam classificados como abuso sexual.
Félix López afirma que são cometidos dois erros profissionais e sociais: esquecer outras formas de abuso e não incluir uma abordagem positiva sobre a sexualidade infantil. Como se diz, “finalmente quebramos o silêncio social e profissional”, por isso vamos dar ênfase especial às diferentes formas de abuso sexual.
“Não é suficiente que você não me abuse sexualmente, você tem que responder às minhas perguntas, me dar educação sexual, aceitar minha sexualidade infantil e me ensinar a amar”.
-Félix López, 2008-
9 formas de abuso sexual
Abuso sexual é entendido como qualquer ação (intencional, não acidental e/ou por omissão) que possa prejudicar e ferir a sexualidade de uma pessoa e, consequentemente, seu desenvolvimento sexual e afetivo posterior.
A partir da categorização de “abuso sexual”, Felix Lopez propõe 9 formas de abuso sexual que podem ser aplicáveis a qualquer pessoa, independentemente de sua idade:
- Mutilações ou danos corporais em áreas de significado sexual claro. Alguns exemplos seriam a mutilação do clitóris, mama ou a pressão com materiais que impedem seu crescimento, etc.
- Abuso sexual. A pessoa que abusa geralmente é maior em poder e conhecimento e usa uma pessoa que não pode consentir (dada a sua idade, limitações mentais ou sociais, devido à submissão, etc…). As formas e estratégias empregadas pelos abusadores são muito diversas, por exemplo, através da coerção ou engano, ou através da internet (sexting, grooming, etc…).
- Exploração sexual. Trata-se da venda e/ou compra de serviços sexuais ou de qualquer tipo de mediação comercial neste tipo de atividade. Esta nunca é uma decisão livre por parte da pessoa explorada.
- Pornografia: trata-se de envolver pessoas na produção, comercialização, venda, compra, disseminação ou uso de conteúdo sem o seu consentimento. Em nenhum caso se trata de uma decisão livre e, assim como na exploração sexual, sua natureza é comercial.
- Compromissos de casamento de menores. Esses compromissos são realizados por adultos, de maneiras muito variadas, e as vítimas geralmente são mulheres.
- Não aceitar a identidade sexual. Por exemplo, não reconhecer e aceitar a transexualidade e o transgênero é um atentado à identidade pessoal, ao eu mais autêntico. Isso envolve muito sofrimento e efeitos muito negativos em todos os aspectos da vida.
- Não aceitar a orientação sexual. Por exemplo, não aceitar a homossexualidade ou a bissexualidade implica não respeitar que todas as pessoas possuem as mesmas necessidades sexuais e amorosas, independentemente do sexo das pessoas com quem querem resolvê-las. Não aceitar a orientação sexual é um atentado contra a própria pessoa e sua vida sexual e amorosa.
- A violência de gênero, todos os tipos de violência intrafamiliar e os modelos educacionais não-igualitários. A violência de gênero e intrafamiliar são formas muito específicas de abuso que não favorecem uma boa socialização como homem ou mulher. Em relação à educação sexista, especialmente a que discrimina as mulheres desde a infância, provoca carências que dificultam o bom desenvolvimento afetivo e sexual de ambos os sexos.
- Negligência sexual:
- Acesso virtual ou real a uma sexualidade violenta, sexofóbica, etc.
- Não aceitação da sexualidade em pessoas com deficiência: refere-se a negar educação sexual e direitos sexuais a pessoas com deficiência, já que se trata de um princípio da integração e da normalização no âmbito sexual, emocional e amoroso. O contrário implica atentar aos direitos fundamentais.
- Carências importantes em relação à educação sexual na família e na escola: é importante não negar informações básicas e realizar uma educação sexual positiva adequada na infância e na adolescência que ajude a evitar riscos conhecidos.
As diferentes formas de abuso sexual na infância
Esses atos atentam contra menores pré-púberes ou adolescentes, prejudicando seu desenvolvimento em muitos aspectos. Os abusos sexuais infantis mais frequentes nas meninas são as carícias abaixo da cintura e o exibicionismo. Nos meninos, são as carícias abaixo e acima da cintura e a masturbação.
Quando o abuso se repete, os efeitos aumentam entre 40% e 50% dos casos. Isso se deve ao aumento da sensação de impotência, à possibilidade de as estratégias serem mais agressivas e ao efeito da intermitência temporal.
É importante ensinar as crianças a respeitar o corpo, tanto o delas quanto o dos outros, tanto no contexto sexual quanto fora dele. Em suma, é necessário aceitar a sexualidade infantil, oferecer educação e proteção, e evitar qualquer forma de abuso sexual.
Referências bibliográficas:
- López, F. (2014). Abusos sexuales y otras formas de maltrato sexual (Abuso sexual e outras formas de abuso sexual). Madri. Editorial Síntesis.