A responsabilidade educativa da família

O que é ser pai e mãe? Qual é o significado completo desse papel? O que isso tem a ver com responsabilidade emocional? Neste artigo vamos contar.
A responsabilidade educativa da família

Última atualização: 08 novembro, 2022

A família é a primeira escola ou local de aprendizagem para os mais pequenos. Desde que nascem, convivem com pessoas que lhes ensinam diferentes opções e suas consequências sem a necessidade de serem professores como tal. O avô, a tia, o irmão, o sobrinho, um vizinho, etc. Todos eles podem desempenhar um papel extraordinariamente relevante na aquisição do conhecimento.

Um casal que opta por constituir família e ter filhos provavelmente não se questiona: o que significa ser pai e mãe, que responsabilidades estarão associadas ao meu novo papel? Essas questões estão no cerne da questão central: estamos ou não preparados para a paternidade?

Quais são as responsabilidades essenciais dos pais?

Uma das responsabilidades essenciais de pais e mães é a responsabilidade educacional. Somos conscientes de que nos primeiros anos de vida, a família é a principal fonte de aprendizagem e socialização, por isso é aqui que devemos incidir se queremos transmitir valores saudáveis aos mais pequenos.

Em uma de suas conferências, Jorge Bucay (2014) nos convida a imaginar que cada família é uma pequena escola. Sugere também algumas orientações sobre a educação no núcleo familiar, espaço que deve ser cuidado para facilitar determinadas aprendizagens – compreender o ponto de vista do outro, não se desesperar quando algo não vai bem, aprender com as falhas, organizar prioridades, etc…- e para prevenir outros.

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O que é responsabilidade educacional?

A responsabilidade educacional da família constitui um amplo compromisso que implica a transmissão de certos conhecimentos, atitudes e aptidões aos filhos. Sabendo disso, qual é o papel da responsabilidade educacional na família? Qual é o seu propósito dentro da escola? O propósito essencial seria orientar conscientemente o crescimento dos pequeninos.

Há muitas razões para encorajar o envolvimento dos pais na vida escolar, assim como muitos benefícios podem ser derivados de pais e escola estarem na mesma sintonia. Nesse sentido, é fundamental que existam canais de comunicação abertos, para que as pessoas que têm contato próximo com os pequenos estabeleçam orientações que vão na mesma direção.

Vantagens da participação da família na educação

A participação dos pais no campo educacional é fundamental para o desenvolvimento de seus filhos. Há um bom volume de estudos que fala sobre como isso pode melhorar e ajudar o fato de as famílias trabalharem em colaboração com a escola. Algumas das vantagens são:

  1. Redução da evasão escolar e aumento do desempenho acadêmico.
  2. Melhora o comportamento dos alunos em sala de aula: eles se sentem mais motivados e têm melhor autoestima.
  3. O benefício se estende a todas as idades.
  4. Aumenta o desempenho dos professores: tanto os professores quanto as famílias aprendem a valorizar mais o seu trabalho e os desafios que enfrentam, o que faz com que todos se sintam reconhecidos e valorizados.
  5. Ajuda os pais a se sentirem mais envolvidos e felizes com a educação de seus filhos.

Desvantagens da participação da família na educação

Embora o envolvimento dos pais na educação de seus filhos tenha benefícios, também tem um lado perigoso que deve ser cuidado. Existem vários casos em que o envolvimento dos pais pode ser considerado excessivo. Um exemplo seria quando os pais constantemente ligam ou procuram professores para monitorar o progresso de seus filhos.

Por outro lado, muitos professores também estão preocupados com o grau de envolvimento dos pais. Uma boa alternativa para evitar essas situações seria que as escolas coordenem as políticas de participação junto com as famílias para chegar a um acordo sobre limites e regras, e que os pais saibam claramente até que ponto podem contribuir.

Desafios da participação educativa das famílias.

Como vimos anteriormente, os pais têm um papel muito importante na educação de seus filhos desde muito cedo. Essa responsabilidade baseia-se no seu exercício constante, no seu empenho e no seu próprio exemplo como mães e pais.

Por outro lado, as famílias devem compartilhar as responsabilidades educativas com os professores, pois desta forma a mensagem que as crianças recebem é mais coerente e consistente. Da mesma forma, tanto em casa quanto na escola, são semeados os seguintes aprendizados:

  • Desenvolvimento de competências socioemocionais que promovam a autonomia.
  • Transmissão de normas, valores e costumes.
  • Ensino de conhecimentos ou estratégias educativas.
  • Respeito pelas regras e responsabilidades familiares.

“Educar bem é dar à criança a oportunidade de se valorizar e de cultivar sua própria liberdade de pensamento. Isso implica dar-lhe um papel ativo na família e responsabilidades que, à sua medida, o tornam necessário”.

Novos desafios

Ser pai e mãe implica um compromisso para toda a vida, tarefa que exige tempo de qualidade; adultos que estão pensando sobre o que estão fazendo naquele momento e as consequências resultantes -não basta estar presente no plano físico-. Uma forma de praticar essa ideia seria, por exemplo, criar um espaço de leitura compartilhado.

Por sua vez, nos adolescentes o desafio é muito maior. É uma fase de grande mudança e o foco é não esquecer que eles podem contar conosco. Haverá momentos em que eles talvez queiram se distanciar, e para eles é muito importante que não se esqueçam de que têm um caminho aberto de volta para casa.

Conclusões

Maria Montessori acredita que um dos maiores desafios dos pais é respeitar os interesses individuais de seus filhos. Nesse mesmo sentido, ela pensava que agindo de forma colaborativa, uma criança aumenta a probabilidade de que a criança possa crescer em áreas que lhe trarão satisfação para o resto de sua vida (Montessori, 2016).

As crianças observam seu ambiente e, por padrão, o imitam. Pais responsáveis acabam formando, na maioria das vezes, filhos responsáveis. Pelo contrário, pais superprotetores, inconsistentes ou defensores de uma disciplina rígida -não confundir com coerente ou consistente- serão um obstáculo para que seus filhos cresçam assumindo as responsabilidades que lhes correspondem

“Quem toca a criança toca o ponto mais sensível de um todo que tem raízes no passado mais distante e que se eleva em direção ao futuro infinito. Quem toca a criança toca o ponto delicado e vital onde tudo pode ser decidido, onde tudo pode ser renovado, onde tudo pulsa com vida, onde se escondem os segredos da alma.

-Maria Montessori (1870-1952)-


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  • Jorge Bucay en Nerja: Crecer y aprender, Escuela de Padres y Madres (2014): Video Jorge Bucay: https://www.youtube.com/watch?v=MlhjmnIyEik&t=3476s. Recuperado el 3/4/2022
  • López, H. (2004). Padres y alumnos ante el valor de responsabilidad. Educatio Siglo XXI22, 187–205.
  • Montessori, M. (2016). El niño en familia, Ámsterdam, Montessori-Pierson Publishing Company.
  • Montessori, M. (2017). María Montessori le habla a los padres. Una selección de artículos, Ámsterdam, Montessori-Pierson Publishing Company.
  • Salguero, Alejandra. (2006). Identidad, responsabilidad familiar y ejercicio de la paternidad en varones del Estado de México. Papeles de población12(48), 155-179.

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