As pessoas absorventes ou que adotam os problemas dos outros

Mais do que solidárias, as pessoas absorventes são herdeiras de um problema que não é delas. Carregam nas costas as cargas dos outros, sem se dar conta de que, assim, não estão ajudando.
As pessoas absorventes ou que adotam os problemas dos outros

Última atualização: 30 março, 2021

Há pessoas que têm a característica de absorver os problemas dos outros. São aquelas que, ao brincar de “batata quente”, queimam as mãos. Sem fazer isso de forma consciente, as pessoas absorventes são mediadoras naturais.

Procuram reconciliar, dão ouvidos aos que precisam, aconselham e encorajam… São como os salva-vidas dos sistemas. O problema por trás disso não é que elas queiram estar lá e desejem “estender a mão”, mas sim que elas adotam os problemas e as cargas dos outros para si mesmas e acabam excessivamente envolvidas e com um peso monstruoso de estresse.

As pessoas absorventes nos sistemas e a sua contrapartida

Nos sistemas humanos, cada um de nós desempenha funções específicas. Além disso, sempre há pares complementares.

Como vínhamos comentando, as pessoas absorventes são aquelas que estão sempre dispostas a ouvir os problemas dos outros. São como canais abertos, sempre prontos para cuidar do seu entorno.

A contrapartida dos absorventes são aquelas pessoas que tendem a não se responsabilizar por seus próprios problemas e colocá-los sobre os ombros dos outros; ou porque não têm capacidade de resolução imediata, ou porque não são pragmáticas e tendem a dar voltas e voltas, ou simplesmente são indecisas.

Diante dessas circunstâncias, os absorventes saltam para o ringue e, exibindo a sua função, adotam o problema dos outros e o tomam como seu. 

O absorvente, então, se encarrega do problema alheio (sem que o outro peça), apoderando-se dele e desassociando-o da responsabilidade de assumir a sua solução.

Mulher cheia de problemas

As pessoas absorventes vistas mais de perto

Sua atitude consiste em absorver informações e emoções do meio, mas sem serem muito conscientes disso. Por isso, exercem um grande poder de atração entre as pessoas e são altamente emocionais e sensíveis às situações do seu ambiente. Muitos deles colocam o entorno em primeiro lugar, e por isso tendem a ser desvalorizados.

Estão alertas ao que acontece com os outros, são muito observadores e reativos com o meio ambiente e buscam, embora não conscientemente, afeto e reconhecimento por suas ações. São hiperresponsáveis, ou seja, responsáveis ​​demais, pois carregam outras responsabilidades que não lhes correspondem.

Da mesma forma, os absorventes são pessoas muito criativas, engenhosas na busca de soluções e altamente empáticas e intuitivas, aspectos que os fazem estar no momento e no lugar certos para ajudar os outros. Mas, como indicamos antes, o problema com isso é que eles assumem como seus problemas e fardos que não são seus.

O desejo de ajudar o outro, somado à sua impressionante empatia, torna-os mediadores e conciliadores emocionais, hábeis na negociação de conflitos com uma posição samaritana… Portanto, não se trata de um negociador profissional e estratégico.

As esponjas, pessoas altamente sensíveis (PAS) e as excessivamente empáticas

Até certo ponto, essa característica de personalidade tem algumas peculiaridades comuns em relação às chamadas pessoas esponjas. São altamente sensíveis, têm uma capacidade natural de processar tudo o que percebem em seu ambiente, como se seus sentidos estivessem permanentemente alertas e aguçados.

Precisamente, o conceito de pessoa altamente sensível (PAS) foi proposto há 20 anos pela terapeuta Elain Aron para descrever os traços em que se destacava uma maior sensibilidade perceptiva e cognitiva aos estímulos ambientais. São pessoas sujeitas a todos os detalhes dos que estão ao seu redor e das situações do contexto em que interagem.

Elas têm uma atitude reflexiva e pensante sobre as situações da vida, e naturalmente tendem a indagar o outro, assim como psicólogos da espontaneidade, pois são muito intuitivas. Elas podem detectar sutilezas no ambiente que muitas outras pessoas não percebem. Mas a essa característica, típica das esponjas, acrescenta-se a atitude de que, se há um problema, o absorvente o adota para resolvê-lo.

Há quem tenha a necessidade de falar e ter uma catarse sobre o que se passa com eles e o que os relaxa e acalma… e haverá as esponjas e absorventes, prontos para auxiliá-los com a sua capacidade de ouvir e resolver o problema.

Se os absorventes estiverem confortavelmente em um ambiente com o ar-condicionado ligado em um dia quente de 40 graus e alguém pedir que os acompanhem até uma missão no centro da cidade, eles são absolutamente capazes de largar tudo e atender ao pedido. Eles são assim, sempre no ringue pela solução. O NÃO simplesmente não faz parte do vocabulário deles.

Os absorventes não selecionam, não se priorizam e não têm clareza sobre o limite entre ser solidários e prestar uma atenção pontual e ser desatentos, egoístas ou “más pessoas”.

Em geral, principalmente as esponjas, funcionam como fusíveis para circuitos humanos. Existem muitas oportunidades em que ocupam o lugar de bodes expiatórios e concentram todo o estresse de um sistema.

Nas crianças esponja, além de todas essas características, a forma de absorver promove uma sintomatologia, ou seja, a atitude de reclamação sobre as disfunções do sistema familiar é evidenciada através de sintomas.

A empatia das pessoas absorventes: um círculo vicioso

Se por ’empatia’ entendemos a capacidade de se colocar no lugar do outro, os absorventes a têm em abundância: espontaneamente sentem o desejo de ajudar e resolver os problemas e dificuldades das pessoas que acreditam precisar deles. Essa atitude é sistematizada na sua personalidade. Por esse motivo, muitas vezes eles podem se ver nas mãos de manipuladores ou de pessoas que desejam prejudicá-los.

Por isso, uma pessoa esponja pode se envolver demais em situações e se ver no meio de triangulações, alianças e coalizões, intrigas e fofocas, nas quais não há limites nem medida de intimidade.

Os absorventes, também muito empáticos, tentam conscientemente resolver a bagunça: atuam como mediadores, falam com quem acham ser necessário, ficam angustiados e tensos diante do problema que os preocupa. Eles estão no meio de uma labirinto difícil de sair, embora também não saibam como entraram.

A empatia, embora seja um traço positivo a princípio, pois nos permite estar mais próximos dos outros, se não for controlada gera um excesso de permeabilidade e suscetibilidade.

Homem e mulher discutindo

Os efeitos negativos de ser absorvente

Essa atitude dos absorventes de estarem sempre prontos para ajudar o seu entorno, embora lhes permita obter um reconhecimento momentâneo, causa alguns efeitos negativos.

Por exemplo, eles são superestimulados permanentemente. Portanto, estão carregados de estresse, responsabilidades que não lhes correspondem e uma atitude hipervigilante que os enche de ansiedade. Em geral, eles carregam o peso de uma mente mais cognitivamente ativa do que o normal, são muito exigidos e se tornam satélites do seu entorno.

Como satélites, eles colocam os outros em primeiro lugar e não são valorizados. Sua estima é colocada no reconhecimento do outro para com eles. Além disso, estando naturalmente no centro da tempestade, os absorventes se encontram no meio de situações polêmicas porque absorvem a tensão dos circuitos, não impõem limites e também assumem a obrigação e a responsabilidade da solução.

É um bom negócio para o sistema ter um mediador gratuito, mas um mau negócio para o absorvente, que muitas vezes se machuca, como de fato acontece com os bodes expiatórios.


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  • Aron, Elaine (2006) El don de la alta sensibilidad. Madrid: Obelisco

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