Às vezes, agarrar é mais prejudicial do que soltar

Às vezes, agarrar é mais prejudicial do que soltar

Última atualização: 03 abril, 2016

Comece a refletir e faça a si mesmo a seguinte pergunta: Você acha que existe algo na sua vida responsável pela sua felicidade e sem o qual você não poderia funcionar? Também pode reformulá-la de outra forma: Existe algo que eu acho que preciso e que devo conseguir, senão a minha vida não fará sentido?

Se você respondeu afirmativamente, provavelmente esteja sendo escravo do apego. Quando sofremos de apego, acreditamos de forma irrealista que o vínculo que criamos com essa pessoa ou coisa em particular nos dará três coisas que o ser humano sempre buscou e pretendeu conseguir: uma dela é a felicidade, essa sensação de bem-estar e prazer tão esperada, mas que não sabemos bem de onde vem.

Por outro lado, quando estamos apegados, pensamos que temos total segurança. É como se esse objeto de apego nos protegesse de catástrofes mentais como a sociedade, a segurança econômica ou uma vida confortável.

Podemos observar isto em muitas relações nocivas nas quais um dos parceiros é dependente do outro, embora tudo seja um tormento e o amor brilhe pela sua ausência. A pessoa apegada continua nesse relacionamento por causa do seu medo irracional de ficar sozinho no mundo. Ela criou uma catástrofe que a bloqueia e impede de tomar uma decisão conforme a lógica e o seu próprio bem-estar.

Além da felicidade e da segurança, quando nos agarramos a algo pensamos que a nossa vida tem sentido graças a isso e ao que estamos nos agarrando, e que se alguma vez o perdêssemos, a vida deixaria de ser prazerosa, perderíamos o rumo e os sonhos.

Mulher com coração dentro de gaiola
É claro que isso não passa de fantasias que nós seres humanos criamos nas nossas mentes e que nos fazem sofrer de maneira exagerada. Agarrar-se a algo ou a alguém gera muita dor, além de angústias e preocupações. Se nós ficarmos obcecados, estaremos sempre ansiosos devido à possibilidade de perder aquilo que custou tanto conseguir e que acreditamos que dá sentido à nossa existência.

Além disso, se algum dia perdêssemos essa coisa ou essa pessoa, cairíamos em uma depressão profunda, pois como tínhamos acreditado que a nossa fonte de bem-estar e felicidade era essa pessoa, objeto ou ideia, já não haverá nada que nos faça sentir assim de novo e vamos ser muito infelizes.

Como saber se eu sofro de apego?

Estar apegado a algo ou alguém pode passar despercebido, uma vez que temos uma grande habilidade de enganar a nós mesmos. Aprenda a reconhecer alguns dos sinais que indicam se você está se agarrando demais:

  • Se você perceber que está obcecado: você está sofrendo de apego emocional se perceber que seus desejos se tornaram necessidades absolutas, que você já não se sente satisfeito, e precisa de cada vez mais para estar bem. Você já não prefere ou quer, mas sim necessita estar muito próximo a essa fonte de felicidade para poder funcionar adequadamente na vida. É algo parecido ao que ocorre com as drogas, o viciado precisa de uma dose cada vez mais alta para poder sentir o mesmo prazer que sentia no início.
  • Falta de autocontrole: as pessoas que estão agarradas a algo não são capazes de regular o seu próprio comportamento e realizam atos compulsivos, viscerais, sem um raciocínio lógico. É como se a pessoa estivesse fora de si e tivesse se convertido em um escravo do exterior. Ela deixa de ser dona da própria vida e passa a ser um dependente do seu objeto de apego.
  • Sofrimento exagerado se isso a que estou apegado não está por perto: o nosso organismo prepara um coquetel emocional muito poderoso, semelhante à síndrome de abstinência, por não ter o objeto de desejo ao lado.
  • Manter o vínculo obsessivo ainda que nos faça mal: se você sabe que isso está te fazendo sofrer e continua nessa mesma situação sem encontrar forças suficientes para se desprender, você está agarrado e acredita que não pode viver fora daí… Você acredita equivocadamente que a vida será ainda pior se sair dessa situação, mas a verdade é que é essa situação que não deixa você ver tudo o que a vida tem para oferecer. Você está com os olhos vendados e não é capaz de ver mais além.

Aprender a soltar

Mulher com um pássaro no ombro

Para crescer emocionalmente e nos sentirmos pessoas mais fortes, livres e independentes, temos que praticar a filosofia do desapego ou do desprendimento. Não quer dizer que você tenha que tirar da sua vida tudo o que você gosta ou gera prazer, mas sim tudo aquilo com o que está obcecado, aquilo que você acredita precisar para ser feliz e sem o qual não pode funcionar corretamente.

Trata-se de não ser escravo de nada nem de ninguém, mas sim de ser o nosso próprio amo, o dono da nossa vida. Para isso você tem que praticar alguns passos:

  • Troque o “preciso” pelo “desejo” ou “prefiro”.
  • Tenha consciência de que não somos donos de nada nem de ninguém, e que portanto nada nos pertence, mas podemos desfrutar do que temos no momento presente.
  • Apaixone-se e sonhe, mas sem sofrer pela pessoa, já que realmente não “precisamos dela”.
  • Pratique o desapego na sua vida cotidiana: desfaça-se daquilo que já não usa, corte radicalmente o contato com essa pessoa que te faz mal… seja corajoso!

E lembre-se… às vezes, agarrar é mais prejudicial do que soltar!


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.