Biografia de Marvin Harris, o criador do materialismo cultural

A forma como Marvin Harris conseguiu explicar fenômenos culturais, a partir das realidades econômicas das diferentes sociedades, é muito interessante. Suas teorias propõem que as crenças são o resultado das necessidades de produção em cada comunidade.
Biografia de Marvin Harris, o criador do materialismo cultural
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 02 dezembro, 2019

Conheça a biografia de Marvin Harris, uma das figuras mais inovadoras da antropologia contemporânea. Este pesquisador e acadêmico norte-americano é o principal expoente da corrente denominada “materialismo cultural”.

Esta é uma modalidade de neomarxismo, na qual as condições materiais são abordadas como o fator determinante na forma de ser e de se transformar dos povos.

Para Marvin Harris, são as condições materiais das sociedades que determinam o pensamento e os costumes socioculturais dos diferentes grupos humanos. Estas condições compreendem os modos e meios de produção, as formas de distribuição, as trocas, etc.

“Temos que nos livrar da ideia de que somos uma espécie agressiva por natureza que não sabe evitar a guerra. Também carece de base científica a ideia de que existem raças superiores e inferiores e de que as divisões hierárquicas são consequência de uma seleção natural, e não de um longo processo de evolução cultural”.
-Marvin Harris-

A perspectiva e as teses de Marvin Harris foram muito polêmicas, mas nem por isso foram carentes de solidez. Sua forma de abordar a antropologia tem consequências políticas, e dela deriva a maior parte das discussões que giram em torno das mesmas.

Seja como for, ninguém duvida da grande relevância das suas contribuições no campo antropológico.

A biografia de Marvin Harris

Marvin Harris nasceu em 18 de agosto de 1927 em Nova Iorque (Estados Unidos). Faleceu em 25 de outubro de 2001 em Gainesville (Flórida), aos 74 anos. Em 1948, obteve o diploma de artes na Columbia College.

Em seguida, estudou antropologia na Universidade de Columbia, mesma instituição em que, mais tarde, trabalhou como docente por 27 anos.

Em sua etapa inicial de formação, foi aluno de grandes intelectuais da época, como Julian Steward e Alfred Kroeber. Também recebeu lições dos alunos de Skinner, aspecto que foi determinante na sua concepção do trabalho experimental em antropologia.

Em 1953 obteve o grau de doutor na Universidade de Columbia. Seu trabalho final teve como tema diversas comunidades do Brasil.

Marvin Harris em preto e branco

Marvin Harris fez muitos estudos no Brasil entre 1950 e 1951. Em 1953-54 foi assessor de pesquisa do National Institute of Pedagogical Studies, no Rio de Janeiro. Depois, foi até Moçambique, onde realizou várias pesquisas no campo da comunidade Thonga.

Este período mudou significativamente sua visão da antropologia e o levou a se encantar pelo materialismo cultural.

Em 1960 fez novos estudos de campo, desta vez na região de Chimborazo, no Equador. Depois, fez pesquisas na Bahia, no Brasil, entre 1962 e 1965.

Sua última grande aventura como antropólogo de campo ocorreu na Índia, em 1976, quando realizou estudos sobre a utilização dos recursos proteicos sob a supervisão da National Safety Foundation.

Suas principais contribuições

Como mencionamos antes, Harris foi fundador e o principal representante da corrente do materialismo cultural na antropologia. Algumas das contribuições de Marvin Harris são ‘Canibais e Reis’, ‘Bom para comer’ e ‘Vacas, Porcos, Guerras e Bruxas’.

Foi um excelente divulgador das teorias antropológicas e, por isso, alcançou uma grande popularidade em todo o mundo.

Nativos norte-americanos

Sua perspectiva se baseia na ideia de que a pesquisa antropológica deve se centrar, fundamentalmente, no estudo das condições materiais de vida das diferentes sociedades.

Graças a este enfoque e ao seu árduo trabalho, conseguiu chegar a várias conclusões interessantes, particularmente no que diz respeito à guerra e aos tabus alimentares.

Segundo Harris, as vacas se tornaram sagradas na Índia por motivos estritamente associados à produção. Na antiguidade, a sociedade dependia delas para que puxassem os arados, já que a base da economia era a agricultura. Por isso, o consumo da sua carne foi proibido e ela se transformou em um animal sagrado.

Assim, as crenças e a própria religião derivam desses fatos materiais. É claro que estamos citando apenas uma pequena pincelada dos aspectos presentes nos seus estudos, já que há muito mais.

Marvin Harris defendeu a ideia de que os custos e benefícios materiais são os que dão lugar às diferentes crenças. Portanto, toda a realidade cultural é explicável por meio da análise das condições materiais nas quais uma sociedade se desenvolve.

As teorias presentes na biografia de Marvin Harris continuam sendo alvo de debates, e seus livros também são consultas obrigatórias no campo da antropologia.


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  • Harris, Marvin, et al. Antropología cultural. Madrid: Alianza editorial, 1990.
  • Harris, Marvin. Bueno para comer. Alianza editorial, 1994.
  • Harris, M., & del Toro, R. V. (1999). El desarrollo de la teoría antropológica: historia de las teorías de la cultura. Siglo veintiuno.

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