Biografia de Matthieu Ricard: o homem mais feliz do mundo

Matthieu Ricard conseguiu alcançar o nível mais alto conhecido em seres humanos de atividade cerebral no córtex pré-frontal esquerdo, a área associada com as emoções positivas. Esse fato incomum deu a ele o curioso apelido de "homem mais feliz do mundo".
Biografia de Matthieu Ricard: o homem mais feliz do mundo
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Sonia Budner

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Hoje falaremos sobre a biografia de Matthieu Ricard, um escritor e monge budista francês conhecido como o homem mais feliz do mundo. Ele mora em um monastério no Nepal há mais de 37 anos. Lá, ele foi discípulo de grandes mestres budistas. Sua aventura espiritual começou em 1979, quando decidiu trocar sua brilhante carreira científica pelo estudo e pela prática do budismo tibetano. Ele contribuiu para a ideia de união entre o Ocidente e Oriente, da ciência e da espiritualidade.

Além dos inúmeros projetos humanitários que ele realizou, Matthieu Ricard é um membro ativo do Instituto para o Pensamento e a Vida. Essa instituição conseguiu realizar diversas pesquisas científicas sobre o treinamento mental, as práticas de meditação e a plasticidade do cérebro.

Após uma vida dedicada aos projetos visionários de seus professores, juntamos a seguir algumas das suas dicas para uma boa vida. O que pode levar um homem a abandonar por completo o sucesso obtido até então e viver no Nepal? Como um homem das ciências pode largar tudo para abraçar a espiritualidade?

Primeiros anos da biografia de Matthieu Ricard

Matthieu Ricard nasceu na França em 1946. Desde muito jovem, frequentou círculos de intelectuais franceses aos quais sua família pertencia. Seu pai foi filósofo, jornalista e escritor. Sua mãe, uma pintora reconhecida. A educação de Matthieu foi complementada por estudos de música clássica, fotografia e ornitologia. Ele obteve seu doutorado em Genética Molecular pelo Instituto Pasteur, sob a supervisão de um dos seus mentores, o Prêmio Nobel francês François Jacob. Após finalizar seus estudos no Instituto Pasteur, Matthieu Ricard decidiu abandonar o mundo científico e focar na prática do budismo tibetano.

Em 1972, ele viajou para o norte da Índia e se instalou no Himalaia, onde encontrou e estudou com vários dos grandes mestres budistas. Esse contato com a espiritualidade budista acabou fazendo com que Ricard se convertesse em um discípulo muito próximo ao mestre Dilgo Khyentse Rinpoche. Seu mestre foi um visionário que dedicou sua vida à consolidação de diversos tempos, escolas e monastérios. Locais dedicados ao estudo e às práticas de ensinamentos budistas tibetanos. Desde a morte do seu mestre em 1991, Matthieu Ricard se dedicou a continuar o trabalho que ele havia começado, dedicando todo o seu tempo e esforço.

Projetos humanitários da biografia de Matthieu Ricard

São 110 os projetos humanitários dos quais Matthieu Ricard fez parte e desenvolveu no Tibete. Entre todos eles, destaca-se a criação de clínicas de saúde, escolas e inúmeras pontes e obras de infraestrutura. Uma das escolas foi construída para atender e formar mais de 800 órfãos que chegaram ao Nepal cruzando a fronteira do Himalaia. Essa escola também acolheu centenas de pessoas idosas.

Matthieu Ricard é codiretor do monastério budista de Shechen, no Nepal. Nesse lugar, são desenvolvidos os projetos de Khyentse Rinpoche. Ricard é, além disso, autor de um grande número de livros que contribuem para unir e compreender as diferenças culturais entre o oriente e o ocidente. Todos os benefícios financeiros que suas publicações alcançam são destinados a financiar suas causas humanitárias.

Ricard criou fundações de divulgação internacional, conseguindo importantes afiliados no resto do mundo que colaboraram com seus projetos no Butão, no Nepal e na Índia. Como reconhecimento pelo seu trabalho de preservação das culturas do Himalaia, foi dada a ele, pelo presidente francês Françoise Mitterrand, a Ordem Nacional Francesa em 1989.

Conexão com o ocidente

Ele acompanhou as últimas décadas de Dalai Lama como intérprete pessoal em suas viagens a países francófonos. É um membro especialmente ativo do Instituto para o Pensamento e a Vida, liderado pelo professor e especialista em neuroplasticidade Richard J. Davison. Ricard também participou de ensaios das Universidade de Princeton, Berkeley, Maastrich e Leipzig.

Matthieu Ricard participou também de um estudo feito pela Universidade de Wisconsin, no qual ele se submeteu a testes de imagem funcional por ressonância magnética (fMRI) que geraram dados espetaculares. Ricard conseguiu atingir o nível mais alto conhecido em seres humanos de atividade no córtex pré-frontal esquerdo.

O córtex pré-frontal esquerdo é uma área associada com as emoções positivas, algo realmente significativo. Matthieu Ricard alcançou níveis de -0.45, um resultado extremamente incomum que deu a ele o apelido de “o homem mais feliz do mundo”. Os resultados desse estudo constituem a quinta referência científica mais consultada da história.

Matthieu Ricard sorrindo

O homem mais feliz do mundo

Ao comentar o título de homem mais feliz do mundo e esses surpreendentes resultados, Ricard disse não ser o único, além de enfatizar que a chave reside no treinamento da meditação baseado no amor e na compaixão. Para ele, esses resultados só provam, mais uma vez, os grandes benefícios da meditação. Além disso, de algum modo, nos convida a pensar que, talvez, o trabalho humanitários e a conexão com a espiritualidade, despojando-se do material, também podem ter contribuído em alguma medida.

A obra de Matthieu Ricard foi traduzida para 21 idiomas e é vendida em diversos países. Toda a sua obra literária é uma contribuição muito valiosa para a compreensão da natureza humana e do mundo. Destacam-se títulos como: Em defesa da felicidade, Em defesa dos animais, e O infinito na palma da mão. Nesse último, ele fala sobre uma conversa tida com o astrofísico Trinh Xuan Thuan, e também estabelece o diálogo entre culturas.

Aproximar-se de Matthieu Ricard supõe se aproximar da espiritualidade. Uma tentativa de conciliar o ocidente e o budismo. Ao mesmo tempo, a leitura de suas obras é totalmente inspiradora e reflexiva. Talvez a felicidade não esteja tão longe quanto parece, mas requeira algum esforço e dedicação.

“Esse livro é o resultado inspirador de um diálogo profundamente interessante entre a ciência ocidental e a filosofia budista. Contribui para uma melhor compreensão da natureza verdadeira do nosso mundo e da maneira como vivemos nossas vidas”.
-S.S. Dalai Lama-


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