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O que é a ciberpsicologia?

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As novas tecnologias causaram mudanças notáveis em nossas vidas: tanto positivas quanto negativas. A ciberpsicologia desempenha um papel fundamental neste contexto.
O que é a ciberpsicologia?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater

Escrito por Valeria Sabater
Última atualização: 15 novembro, 2021

A ciberpsicologia nasceu como uma necessidade para o avanço de uma sociedade que não se entende mais sem tecnologia. Dependência das redes sociais, pornografia online, cyberbullying, realidade virtual, inteligência artificial… Os campos de trabalho nesta disciplina são múltiplos, quase infinitos. Não podemos ignorar o fato de que estamos diante de um recurso que continua a se desenvolver a cada dia.

Arthur C. Clarke disse que os políticos deveriam ler ficção científica e não dramas, westerns ou histórias de detetive. De alguma forma, muitas das coisas que antes faziam parte do imaginário popular, romances e produções cinematográficas estão acontecendo. Por exemplo, atualmente já tratamos de termos como transumanismo tecnogênese.

A ciência nos diz que, dentro de alguns anos, o ser humano terá à sua disposição interfaces tecnológicas que irão aprimorar as suas capacidades físicas e intelectuais. Há muitas mudanças pela frente e muitos desafios e necessidades que se abrem diante de nós. A ciberpsicologia tenta explicar, responder e apoiar todas essas dimensões.

Ciberpsicologia

Qual é o propósito da ciberpsicologia?

Mais da metade da população mundial tem acesso à internet. Quase todos nós temos um dispositivo móvel, um computador e um tablet, recursos que ocupam uma parte importante do nosso tempo. É evidente que o impacto das novas tecnologias desde a chegada do novo milênio remodelou completamente o tecido da nossa sociedade… E até a forma como entendemos a realidade.

A ciberpsicologia é aquela ferramenta de estudo que busca compreender o comportamento humano em relação à tecnologia, às redes sociais e à inteligência artificial. Porque se há algo que está evidente, é que todos fazemos parte desta “matriz” que molda completamente os nossos hábitos de interação, socialização, lazer, aprendizagem, informação, compras, etc.

Visto que a adesão e dependência dos nossos dispositivos e da internet é quase absoluta, é necessário o desenvolvimento desta área da psicologia. No entanto, deve-se destacar que a ciberpsicologia como tal surgiu na década de 90. O psicólogo John Suler, da Universidade Rider, em Nova Jersey, explica em seu livro The Psychology of Cyberspace que foi nesse momento que se tomou consciência de algo.

A ciberpsicologia deve ter o objetivo final de nos capacitar a tornar a internet um lugar melhor e mais seguro.

Quais são os campos de estudo da ciberpsicologia?

Trabalhos de pesquisa, como os realizados pela Dra. Julie Ancis, da Universidade de Nova Jersey, nos mostram algo ilustrativo. A internet, o celular, as redes sociais, etc., trouxeram-nos grandes benefícios. No entanto, eles também abriram as portas para novos distúrbios psicológicos e também para outras formas de violência e crimes cibernéticos. 

Os campos de estudo da ciberpsicologia buscam compreender todas essas dinâmicas, todos aqueles fenômenos aos quais não somos indiferentes. A seguir, veremos quais são as suas áreas de intervenção e análise.

Redes sociais

As redes sociais são mais do que apenas aplicativos para manter contato com nossos conhecidos. Elas são a nossa janela para o mundo e até mesmo o espelho no qual podemos nos refletir. Por meio delas processamos a realidade, nos informamos, compartilhamos informações, publicamos nossas fotos e comentários e interagimos com estranhos.

As dinâmicas psicológicas que se integram neste cenário social são imensas e muitas vezes decisivas. É fundamental compreender e saber agir diante de tudo o que se desencadeia neste cenário. Sabemos, por exemplo, que a saúde mental dos jovens está intimamente ligada ao uso e abuso das redes sociais.

Compressão das comunidades virtuais

As pessoas são agrupadas em comunidades virtuais, em espaços digitais para compartilhar e criar informações. Às vezes isso é feito de forma enriquecedora e produtiva, e às vezes é o cenário perfeito para um crime cibernético.

Uso e abuso dos dispositivos móveis

Como usamos nosso celular? Como o fazemos dependendo da nossa idade? Dimensões como a nomofobia e o vício em telefones celulares são uma realidade que a ciberpsicologia também estuda.

Vícios: jogos, pornografia, compras online

Nos últimos anos, os vícios comportamentais estão se destacando em relação aos vícios em substâncias. Referimo-nos, por exemplo, ao vício em jogos de azar online, videogames, pornografia ou compras online.

O cyberbullying e a dinâmica da agressão online

O cyberbullying é outra forma de violência que aparece cada vez com mais frequência, principalmente entre adolescentes. Porém, fenômenos como campanhas difamatórias, fake newstrolls, memes, etc., são realidades de grande importância e que a ciberpsicologia também estuda.

A dinâmica da agressão online

A engenharia social e a manipulação

Outro fato comum que vemos com frequência na internet são os mecanismos de manipulação social e também os ciberataques. Considere, por exemplo, ataques de spear phishing (usando mensagens de texto ou e-mails) que procuram infectar terminais com malware para roubar informações.

A ciberpsicologia voltada para o bem-estar psicológico

Há um aspecto interessante que vale a pena conhecer sobre esta área. A ciberpsicologia é, antes de tudo, a tecnologia orientada para o desenvolvimento da pessoa e a sua participação social em esferas comuns. Isso é pouco mais que uma etapa da nossa evolução, aquela em que o biológico faz uso da tecnologia mais do que nunca.

Porém, e aí vem o importante, áreas em desenvolvimento como a inteligência artificial devem estar sempre ao nosso serviço, e não contra nós. Assim, se a APA (American Psychological Association) já considera a ciberpsicologia como mais uma especialidade, é porque seu objetivo final é garantir que esta seja cumprida.

Agora, realidades como a terapia online ou a realidade virtual para tratar a ansiedade, fobias ou certos transtornos são ferramentas cada vez mais comuns. E não é só isso. Elas são um exemplo claro e óbvio de como este universo de cabos, conexões, algoritmos e sub-rotinas pode nos beneficiar, nos curar e aumentar o bem-estar psicológico.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Ancis, J. R. (2020). The age of cyberpsychology: An overview. Technology, Mind, and Behavior1(1). https://doi.org/10.1037/tmb0000009
  • Singh, A. K., & Singh, P. K. (2019). Recent trends, current research in cyberpsychology: A literature review. Library Philosophy and Practice2019.
  • Voiskounsky, A. (2016). Online behavior: Interdisciplinary perspectives for cyberpsychology. Annual Review of CyberTherapy and Telemedicine14, 16–22.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.