Desenvolva sua agilidade emocional para viver melhor
O que você costuma fazer com suas decepções, frustrações, raiva ou tristeza? Se você é daqueles que engarrafa e mantém essas dimensões ocultas, tome cuidado. Mais cedo ou mais tarde elas podem explodir da pior maneira possível. Uma maneira de evitar esses infortúnios psicológicos é desenvolver sua agilidade emocional. Esta dimensão é um exercício que todos devemos usar com mais frequência.
Foi a psicóloga e palestrante Susan David que popularizou esse termo em 2015 por meio de suas palestras no TED. Esse conceito rapidamente se tornou viral, de modo que os livros sobre ele também não demoraram a aparecer. Lá temos trabalhos tão interessantes quanto Agilidade Emocional: Quebre seus bloqueios, abrace a mudança e tenha sucesso no trabalho e na vida (em tradução livre).
Muitos de nós lutamos diariamente com esses estados mentais complicados com os quais não sabemos como lidar. No entanto, se pudéssemos aplicar uma abordagem mental mais ágil e flexível, nos conectaríamos com pensamentos e emoções de maneira mais compassiva.
Em um mundo já excessivamente complexo, é aconselhável nos posicionarmos como nossos aliados para navegar um pouco melhor pelas dificuldades cotidianas. Vamos cavar um pouco mais fundo.
O que é agilidade emocional?
Estamos cada vez mais estressados e, claro, mais cansados. Esse desgaste progressivo fica encharcado em quase todas as circunstâncias. É difícil para nós tomar decisões, o trabalho se torna uma montanha para nós e muitas vezes nossas relações pessoais também acabam sofrendo devido a esse esgotamento psicológico.
As raízes desse desconforto estão em nossas emoções. Nesse estresse que permeia a mente e o corpo. Na tristeza acumulada, na raiva silenciada, nas decepções que vêm e ficam, na angústia vital que oxida o espírito. No final, como dizem as crianças, “tudo vira uma bola” e custa até respirar, até dormir à noite.
A gestão correta das emoções é nossa eterna conta pendente. Assim, em uma sociedade que lê cada vez mais livros de autoajuda, parece que ainda não temos um curso básico de sobrevivência nisso do manejo correto do que nos acontece, do que nos machuca e angustia.
A agilidade emocional pode responder a essa estagnação emocional para nos permitir florescer no bem-estar mental.
Quatro chaves para entender a agilidade emocional
Susan David introduziu este termo com uma ideia muito clara. O objetivo da agilidade emocional não é nos fazer felizes, o que ela busca é nos permitir alcançar o bem-estar. Busca facilitar esse florescimento interno com o qual estar em sintonia com nós mesmos e, assim, melhorar nossos relacionamentos e desempenho profissional.
Por exemplo, a Universidade Jain realizou um estudo para medir esta dimensão em diferentes empresas na Índia. Um teste foi administrado a pessoas entre 20 e 56 anos de idade. Uma das coisas que os pesquisadores puderam apreciar é que é muito necessário que cada pessoa, cada trabalhador, desenvolva agilidade emocional a fim de lidar com as dificuldades que possam encontrar, tanto em seu trabalho como na vida, um pouco melhor.
Assim, as dimensões que definem a agilidade emocional são as seguintes:
- Minimizar ou ignorar pensamentos e emoções de valência negativa não ajuda. A agilidade emocional nos ensina a aceitar cada emoção, cada sensação e ideia que passa pela nossa mente para transformá-las e substituí-las por raciocínios mais valiosos e saudáveis.
- Ser emocionalmente ágil permite que você se sinta psicologicamente mais seguro. Autoconfiante porque você age como um aliado, com compaixão, bondade e respeito. Só então se deixa de ser um inimigo. Seguro, porque você confia no seu próprio potencial, naquela sabedoria que você abriga, mas que nem sempre se atreve a aplicar. Além disso, essa auto-segurança impacta nos relacionamentos, no trabalho…
- Outro aspecto que se consegue é deixar de ficar preso. Nós emocionais e preocupações param de se tornar crônicas.
- Por fim, é importante ter em mente que agilidade emocional é sinônimo de adaptabilidade. Adaptação para saber reagir a qualquer circunstância, pessoa ou situação e fluir antes de cada acontecimento da vida.
Como posso ser mais ágil emocionalmente?
Quem não gostaria de desenvolver agilidade emocional? Como qualquer competência, qualquer um de nós pode melhorar um pouco mais através da vontade, autodisciplina e compromisso consigo mesmo. Vamos descobrir quais dimensões podem nos permitir ativá-las.
Quatro exercícios para o dia a dia
O primeiro passo básico e essencial é a aceitação. Devemos ser capazes de aceitar e validar cada emoção sentida. Não podemos deixar de lado ou esconder o que dói, preocupa ou subtrai nosso espírito. O reconhecimento do que nos acontece é o primeiro passo para a gestão adequada das emoções.
- O segundo passo é dar um passo à frente. O que significa isto? Uma vez que aceitamos essa tristeza ou essa raiva, temos que nos antecipar e nos distanciarmos para racionalizar, para ver as coisas de uma maneira mais objetiva. “Eu entendo que você esteja triste, mas a última coisa que você deve fazer é ficar com raiva de todo ou se isolar. O melhor é encarar as coisas, aceitar que certas realidades não poderão mais existir”.
- Em seguida, é hora de considerar um porquê. “O que o que estou vivendo me ensina? O que posso fazer para me sentir melhor? Já estou fazendo isso? Como posso agir para estar em sintonia com minhas necessidades e valores?”
Por último, mas não menos importante, é hora de continuar, seguir em frente, superar essa dificuldade estando em sintonia com o que se quer e se merece em todos os momentos.
Tratar-nos com compaixão todos os dias, mantendo nossos próprios valores e nossos propósitos vitais para florescer é a chave para o bem-estar.
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- David, Susan (2018) Agilidad emocional: Rompe tus bloqueos, abraza el cambio y triunfa en el trabajo y en la vida. Siro
- Mishra, Ishangi & Panwar, Dr Neeraj. (2020). Emotional agility on working employees under Indian conditions. The International Journal of Indian Psychology. 8. 1367-1375. 10.25215/0802.156.