5 diferenças entre o estoicismo antigo e moderno

O estoicismo é caracterizado como a arte de viver. Seus ensinamentos tinham como objetivo alcançar uma vida boa. No entanto, será que esse é o caso nos tempos modernos? Vamos falar sobre isso neste artigo.
5 diferenças entre o estoicismo antigo e moderno

Última atualização: 06 julho, 2023

Os estóicos seguem uma filosofia antiga que influencia a maneira como as pessoas abordam os desafios da vida. Porém, com o passar do tempo, essa escola passou por mudanças e adaptações. Por isso, neste artigo, exploraremos as diferenças fundamentais entre o estoicismo antigo e o moderno.

Sobretudo, vamos focar sobre a sua ética, psicologia, formas de abordar os objetivos vitais, as emoções e a sua prática diária, pois é fato que os ensinamentos dos estóicos de outrora chegaram aos nossos dias. A prova disso é a pluralidade de livros sobre o assunto. E, se assim for, eles têm algo a nos dizer.

O que é estoicismo?

A Enciclopédia Herder define o estoicismo como uma corrente filosófica do período helenístico. Seu fundador foi Zenão de Cítio, que lhe deu esse nome por causa do local onde seus ensinamentos eram ministrados: um pórtico.

Os estóicos sustentavam que a filosofia era dividida em três partes: lógica, ética e física. Cada uma delas corresponde a uma dimensão do pensamento estóico. Ou seja, os postulados dessa filosofia abrangem esses tópicos.

Assim, a lógica se encarrega da ciência do discurso e da retórica. Por outro lado, a ética é baseada em um determinismo cósmico. Isso significa que o destino das pessoas é decidido independentemente das ações humanas. Finalmente, a física é baseada no materialismo ou na corporeidade dos corpos.

Diferenças entre o estoicismo antigo e o estoicismo moderno

Com o tempo, o estoicismo mudou seus preceitos e ensinamentos. Embora os antigos possam ser tomados como base, houve modificações que levaram a uma mudança em sua própria filosofia. Nas seções a seguir, exploraremos as diferenças entre a corrente antiga e a moderna.

1. Distinções éticas

A ética do antigo estoicismo sustenta que o fim da vida humana é a felicidade. Um artigo publicado na revista Hallazgos aponta que essa dimensão não pode ser dissociada do conhecimento, como ocorre no estoicismo moderno. Nesse sentido, por meio do conhecimento podemos nos exercitar na realização de ações virtuosas. É assim que alcançaremos a felicidade.

Por sua vez, no estoicismo moderno encontramos temas mais focados no bem-estar pessoal e na autorrealização. Um trabalho compartilhado em Cuadernos del Sur Filosofía sustenta que o ser humano atual é capaz de se transformar. Isso se consegue através de um pensamento que tem como meta a serenidade.

2. Aspecto psicológico

É verdade que o estoicismo antigo era considerado o remédio da alma. No entanto, a ênfase colocada no aspecto psicológico durante a modernidade desloca o objetivo do passado. Sobre o assunto, Donald Robertson em seu livro Stoicism and the art of Happiness (2018) defende que essa esfera busca mudar nossas emoções de forma racional e natural.

Os psicólogos terapeutas comportamentais viram uma abordagem explícita no estoicismo antigo. Desta forma, a psicologia condutivo-comportamental é inspirada nos ensinamentos do antigo estoicismo, especialmente no que diz respeito à forma como as emoções nos afetam.

Os estóicos argumentavam que, ao aceitar as coisas que não podemos mudar, reconfiguramos nossos sentimentos sobre elas. Assim, a psicologia nesta dimensão propõe uma mudança em vez de um bloqueio emocional.

3. Objetivos e metas no estoicismo antigo e moderno

Na incerteza do dia a dia é difícil focar nos grandes objetivos da vida. Se alguém nos perguntar quais são nossos objetivos de longo prazo, podemos ter dificuldade em responder. William B. Irvine em seu livro A Guide to the Good Life: (2019) menciona essa diferença entre o estoicismo antigo e o moderno.

Antes, os estóicos focavam em grandes objetivos vitais que não tinham a ver com metas pequenas e cotidianas, mas com um propósito maior. Era sobre o grande propósito da nossa vida.

Falar sobre isso pode ser angustiante pelos sentimentos de incerteza em que estamos imersos. Por causa disso, o estoicismo moderno se concentra em pequenas metas e objetivos.

4. Emoções e sentimentos

O estoicismo moderno aponta mais para o tipo de personalidade estóica, muito diferente da escola dos antigos estóicos. Acredita-se que uma pessoa estóica seja aquela que não tem emoções ou reprime seus sentimentos.

Na verdade, os antigos postulavam a eliminação das emoções negativas que incluíam raiva, tristeza, ansiedade e medo. Em vez disso, propuseram a presença de emoções positivas, como a alegria. O objetivo era alcançar uma vida harmoniosa e serena. Mas não se tratava de forma alguma de ser completamente indiferente aos sentimentos.

5. O estoicismo como prática e modo de vida

É difícil considerar o estoicismo moderno como um modo de vida, como era nos tempos antigos. Até mesmo um artigo publicado pela revista Eidos, sobre a arte de viver em Epicteto, sustenta que a ligação entre filosofia e vida atualmente produz insatisfação.

Assim não se trata mais de ensinamentos que as pessoas internalizam, mas sim de conselhos. Podemos dizer que o indivíduo é o destinatário dessas sugestões que buscam a transformação pessoal que engloba o seguinte:

  • Superar o passado.
  • Minimizar as preocupações.
  • Lidar com insultos, tentações e velhice.
  • Concentrar os esforços nas coisas que podemos controlar.

Conclusão

Tanto o estoicismo antigo quanto o moderno são dois ramos da mesma filosofia que viu seu nascimento na Grécia antiga. Apesar disso, eles apresentam diferenças notáveis em sua abordagem e aplicação.

Anteriormente, a visão predominante era a conquista de uma vida virtuosa e ética. Na modernidade, foca mais na autorrealização e no controle emocional levado ao extremo: a insensibilidade. Em ambos os casos, a corrente apresenta uma visão de viver voltada para o bem-estar pessoal, aceitação e serenidade.


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