Empatia compassiva: quando o sentimento se traduz em ação

É ótimo que alguém entenda a nossa realidade emocional. No entanto, é ainda melhor não ficar sozinho diante desse entendimento. Afinal, o que mais apreciamos é uma empatia compassiva, capaz de agir, de prestar um apoio ativo, de ajudar...
Empatia compassiva: quando o sentimento se traduz em ação
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

O mundo precisa de mais empatia compassiva. Falamos de uma dimensão na qual não ficamos sozinhos com a compreensão, com a emoção que conecta e o coração capaz de se comover.

Nos referimos à ação de quem se compromete e decide ajudar, de quem se atreve a mudar a realidade do outro para oferecer apoio, afeto e bem-estar.

Lewis Carroll dizia que um dos segredos desta vida é compreender que estamos neste mundo para fazer mais do que existir. O ser humano também está aqui para ajudar, para que cada um, com a sua capacidade e disposição particular, faça desta realidade um lugar mais nobre, mais bonito.

No entanto, precisamos admitir que muitas vezes é difícil fazer isso. Muitos de nós ficamos apenas na intenção e no sentimento, mas não chegamos ao ato em si.

Por meio de nossas redes sociais, por exemplo, chegam incontáveis iniciativas que apoiamos com um único clique, compartilhando ou registrando nossos dados em determinadas campanhas sociais. Somos muito sensíveis aos problemas da nossa sociedade, mas às vezes não vemos o que está mais perto de nós.

A empatia compassiva significa ser capaz de prestar uma ajuda útil a quem está ao nosso lado. No entanto, nem sempre conseguimos ver aquele amigo, familiar ou companheiro de trabalho que precisa de um apoio ativo. Podemos até vê-los, mas às vezes não sabemos como ajudá-los.

“O que fazemos por nós mesmos morre conosco, mas o que fazemos pelos demais e pelo mundo permanece e é imortal”.
-Albert Pike-

Oferecer ajuda a quem precisa

Empatia compassiva: o tipo mais útil de empatia

A empatia compassiva foi definida pelo psicólogo e especialista em emoções Paul Ekman. Esta ideia também foi usada por Daniel Goleman para traçar o conhecido coeficiente emocional, a dimensão que nos ajudaria a descobrir nosso nível de inteligência emocional.

É importante, portanto, levar em conta que a empatia não é uma dimensão unitária, não é um conceito plano no qual nos limitamos a entender que a pessoa empática é aquela que compreende a realidade emocional de quem está diante dela.

Trata-se de algo mais amplo e mais rico, e nem todos o temos muito desenvolvido. Vejamos, em primeiro lugar, quais são os tipos de empatia que existem.

Tipos de empatia

  • Em primeiro lugar, temos a empatia emocional. Nas palavras do próprio Daniel Goleman, trata-se de uma dimensão que pode ser contagiosa e até perigosa quando não sabemos impor limites e ficamos “impregnados” com o sofrimento alheio. É sentir o que o outro sente e entender sua realidade pessoal. Neste processo, entram em ação os neurônios-espelho, nossos sentimentos e até a nossa resposta fisiológica.
  • A empatia cognitiva, por sua vez, implica fazer uso do intelecto, de processos cognitivos como a atenção, reflexão, comunicação, as inferências, etc. Significa, basicamente, saber como a outra pessoa se sente, por que se sente desta forma, e deduzir quais ideias e pensamentos podem estar na mente do outro.
  • Por último, temos esta grande desconhecida, esta dimensão que costuma ser descuidada: a empatia compassiva. Nas palavras de Daniel Goleman, com este tipo de empatia não apenas entendemos o que a pessoa sente e qual é o seu problema, mas nos mobilizamos para ajudá-la se acreditarmos que ela precisa de ajuda.
Empatia compassiva

Como são as pessoas que praticam a empatia compassiva?

A pessoa que pratica a empatia compassiva dá um passo além dentro do seu crescimento pessoal. Trata-se de alguém que gerencia perfeitamente o campo das relações humanas. A razão pela qual isso acontece parte das seguintes características:

Pessoas centradas que sabem responder diante de cada situação

Treinar e habilitar nossa empatia nos permitirá, antes de mais nada, agir sempre no meio do caminho entre a razão e a emoção.

Esta dimensão nos ajuda a calibrar cada situação a partir de uma ótica muito centrada, na qual não nos deixamos levar pelo contágio emocional nem pela lógica objetiva que entende as coisas, mas nunca chega a agir.

Deste modo, a pessoa “empático-compassiva” sabe como ajudar em cada momento, oferecendo o suporte mais adequado em cada circunstância.

Pessoas hábeis em reciprocidade

As relações bem-sucedidas e os vínculos mais significativos se baseiam sempre no princípio da reciprocidade. É um “você me dá e eu lhe dou” constante, é saber atender e responder sentindo-nos merecedores do mesmo que oferecemos.

Por isso, a empatia compassiva é um princípio básico de bem-estar pessoal, porque não se baseia apenas em saber ajudar os demais. Nós também podemos receber apoio.

Oferecer apoio aos demais

Conhecem as chaves da conexão humana

A conexão humana faz parte da essência da empatia compassiva. É saber chegar à pessoa com autenticidade, compreendendo a sua realidade singular, aceitando-a como ela é e sem preconceitos, sem segundas intenções.

A conexão iniciada com respeito e a apreciação do outro também nos permite entender necessidades e esclarecer o que podemos fazer.

Quem é hábil em empatia compassiva não se limita a ajudar como se fosse um salvador. Na realidade, saber oferecer apoio é uma arte.

É preciso saber como e quando fazer isso, porque às vezes o que uma pessoa precisa não é o que ela nos pede, e é importante levar isso em conta.

Para concluir, o mestre zen Thich Nhat Hanh destacou que quando presenteamos a nossa presença e atenção plena aos demais, eles florescem como flores. É verdade, por outro lado, que às vezes é preciso agir mais: é preciso se mobilizar e saber atuar acertadamente.


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