Fake news sobre ciência: 6 dicas para identificá-las

Agora, mais do que nunca, as fake news sobre a ciência atuam como um vírus perigoso. Por isso, devemos ter cuidado e senso crítico diante delas. Essas dicas podem nos ajudar a identificá-las.
Fake news sobre ciência: 6 dicas para identificá-las
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 29 julho, 2022

As fake news sobre ciência, a interpretação incorreta de determinados dados e a disseminação dos mesmos são outro vírus que estamos enfrentando. Em tempos de crise, precisamos de certezas, evidências e garantias. Portanto, é necessário colocar em prática uma visão crítica para lidar melhor com a “infodemia” inevitável que nos cerca nos dias de hoje.

Essa não é uma questão trivial. As fraudes e as fake news sobre o coronavírus circulam mais rapidamente nas redes sociais  do que os dados verdadeiros de fontes oficiais. Nas últimas semanas, por exemplo, pessoas compartilharam notícias dizendo que tomar bebidas muito quentes elimina o vírus e que, com a chegada do verão no hemisfério norte, estaremos livres do risco de contágio.

A esse fato é adicionado outro aspecto não menos problemático. Muitas vezes, nos deparamos com estudos “aparentemente científicos” que tomamos como verdade porque provêm de algum organismo ou suposta universidade. No entanto, há algo que devemos entender. A pressa e, às vezes, até a ganância corporativista, fazem com que alguns desses trabalhos não sejam válidos, sustentáveis ​​nem representativos.

Um exemplo disso são as constantes notícias sobre supostas vacinas. Muitos de nós nos apegamos a esses dados por necessidades emocionais, porque desejamos soluções e dados que incentivem a esperança. Compartilhamos sem confirmar, atribuímos veracidade sem aplicar o filtro do pensamento crítico e, quase sem perceber, caímos novamente na armadilha corrosiva das fake news.

Fake news sobre ciência

Fake news sobre ciência: aprenda a identificá-las como um cientista

Noam Chomsky ressalta  que o surgimento de notícias falsas gera desilusão. Afinal, acabamos alimentando um certo descontentamento em relação às estruturas institucionais, e isso pode ser um perigo na situação atual. Podemos acabar desconfiando até das publicações científicas oficiais e rigorosas, o que seria algo preocupante.

Um estudo realizado há alguns dias pelos cientistas Dietram A. Scheufele e Nicole M. Krause, da Universidade de Wisconsin–Madison, destaca o seguinte: as pessoas precisam estar mais informadas em questões científicas. Algo assim envolve necessariamente saber como diferenciar o falso do verdadeiro e o que é confiável do que é claramente inconsistente.

Devemos treinar nosso olhar para detectar vieses. Precisamos nos motivar a ir além de uma manchete sensacionalista que busca, acima de tudo, o tão desejado clickbait.

Da mesma forma, precisamos desenvolver um filtro mental e emocional que nos permita separar a ciência da pseudociência, aquela que nos diz que com determinados suplementos alimentares nos protegeremos da COVID-19, ou que essa doença tem origem na rede 5G.

É claro que nem todos nós somos cientistas, mas detectar fake news sobre ciência exige, da nossa parte, uma abordagem rigorosa para identificá-las. Fazer isso é uma questão de responsabilidade e necessidade no momento atual. Essas estratégias podem nos ajudar a filtrar o que é válido do que é inconsistente, duvidoso e claramente falso.

Lupa diante de fechadura

1. De onde vem a informação? Busque sua fonte

Quando abrimos nossas redes sociais e nos deparamos com aquele vasto oceano de notícias, duas coisas acontecem. A primeira é que os meios competem entre si para oferecer as notícias mais sensacionalistas. A segunda é que escolhemos o principal e o compartilhamos. Este é um erro.

Para identificar as fake news sobre ciência, devemos conhecer a fonte. Às vezes, são os próprios jornalistas que interpretam um estudo de forma completamente equivocada. Eles podem nos dizer que “já existe uma vacina” quando, na verdade, a pesquisa em questão ainda está em sua primeira fase de testes.

Portanto, esteja sempre ciente de que todas as informações podem ser reinterpretadas por outras pessoas. Busque o estudo e as notícias originais e analise-os com calma.

2. Desconfie das manchetes sensacionalistas

Desconfiar das manchetes de efeito – daquelas que às vezes apelam ao fator emocional ou ao sensacionalismo – é o primeiro conselho em matéria de fake news.

Os meios de comunicação que usam esses títulos o fazem pelo clickbait e para compartilharmos as notícias e difundirmos boatos. Lembremos que, às vezes, por trás das notícias falsas existem interesses partidários.

3. Quanto mais detalhes e mais objetivos, melhor: a equanimidade é a chave

Timothy Caulfield, professor de pesquisa em leis e políticas de saúde da Universidade de Alberta, destaca algo interessante em um artigo: as pessoas têm uma tendência maior a prestar atenção às manchetes que transmitem algo negativo ou positivo e quase milagroso.

Para detectar as fake news sobre ciência, não devemos nos deixar levar pelo emocional. Os estudos rigorosos, confiáveis ​​e válidos não fazem uso de emoções. Eles são concisos, objetivos, e fornecem vários dados e detalhes.

Mais uma vez, lembremos da necessidade de buscar as fontes desse meio que nos informa algo. Todas as notícias podem ter diferentes interpretações. Portanto, você deve buscar as referências originais.

Mulher trabalhando em casa

Já destacamos isso anteriormente. Ao clicar e ler uma notícia, seja exigente e esperto. Precisamos  buscar links, fontes, referências e dados das fontes originais, mesmo que estejam em outros idiomas.

5. Quem mais está publicando essa notícia?

Outra estratégia para detectar fake news sobre ciência é saber quantos meios estão publicando essas informações. Se você inserir essas informações em um mecanismo de busca e descobrir que ninguém mais publicou nada a respeito, fica evidente que se trata de fake news.

6. Para detectar fake news sobre ciência, você precisa de tempo, visão crítica e vontade

Se há algo que define nossa atualidade é o imediatismo. Quando uma notícia sensacionalista é publicada, pode levar apenas alguns minutos para viralizar. No entanto, nem 20% das pessoas que a compartilharam se preocuparam em lê-la, compará-la e avaliar se é confiável ou não.

Devemos tomar consciência de um aspecto fundamental, de um detalhe que agora é mais decisivo do que nunca: para detectar fake news sobre ciência, é preciso ter vontade, um olhar crítico e tempo. Não basta apenas ler a manchete, e não podemos simplesmente seguir a opinião de um jornalista.

Ampliemos nossa visão, sejamos como Sherlock Holmes diante dos dados que recebemos. Sejamos, acima de tudo, exigentes com nós mesmos.

Todos nós merecemos ser respeitados em termos das informações que recebemos. Precisamos de informações verdadeiras, e algo assim exige ser ativo, crítico e responsável, e não compartilhar o que não foi comprovado previamente.


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  • Dietram A. ScheufeleyNicole M. Krause Science audiences, misinformation, and fake news. PNAS April 16, 2019 116 (16) 7662-7669; first published January 14, 2019 https://doi.org/10.1073/pnas.1805871115

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