Falofobia ou medo de pênis: causas e sintomas

Uma parte significativa das pessoas que sofrem de fobia da genitália masculina sofreu alguma experiência traumática. É uma realidade clínica da qual não se fala muito, mas que é muito debilitante.
Falofobia ou medo de pênis: causas e sintomas
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 19 novembro, 2024

A falofobia é um tipo de fobia específica caracterizada por medo irracional ou rejeição do pênis. É um distúrbio que aparece em qualquer idade, tanto em homens quanto em mulheres. Frequentemente, quem sofre o faz em silêncio e com vergonha, vendo limitada sua vida íntima e sexual. Até que, finalmente, decide solicitar ajuda especializada.

É importante compreender que esses tipos de condições podem ser tratados com sucesso. A terapia de dessensibilização e reprocessamento dos movimentos oculares (EMDR) nos casos em que a origem é traumática, ou a terapia cognitivo-comportamental (TCC) se estivermos lidando com condicionamentos sociais ou inseguranças, são as melhores estratégias. Se você se identifica com essa realidade, oferecemos mais informações.

O que é a falofobia e quais são seus sintomas?

A experiência fóbica ligada à genitália masculina está incluída no que conhecemos como erotofobia. É uma experiência angustiante e paralisante que se vivencia ao ver, pensar ou entrar em contato com essa parte da anatomia masculina.

Embora possa surpreendê-lo, as fobias associadas à sexualidade apresentam um espectro muito amplo. Podem variar entre coitofobia ou genofobia (medo de relações sexuais), hafefobia (medo de contato ou ser tocado) ou gimnofobia (medo ou repulsa à nudez).

Vale lembrar que, como apontam em trabalho publicado no The Lancet, as fobias específicas são muito prevalentes em adultos. E embora não conheçamos os dados sobre a incidência da falofobia, presumimos que não seja incomum.

Como isso se manifesta?

Os sintomas associados à falofobia variam de uma pessoa para outra. Porém, sempre existem eixos comuns, pois esse tipo de patologia pertence ao grupo dos transtornos de ansiedade. Isso explica que o sintoma central é sempre evitar o estímulo fóbico (neste caso, o pênis). Vamos ver mais recursos:

  • Sintomas físicos: ao pensar ou ser exposto ao membro sexual masculino, você sente taquicardia, sensação de sufocamento, desconforto abdominal, tontura, tremores, náusea, tensão muscular, etc.
  • Sintomas emocionais: o medo extremo surge ao pensar nos órgãos genitais masculinos, vê-los ou estar em situações afetivo-sexuais, onde pode haver contato com pênis. Geralmente, a pessoa tem consciência de que esse medo é irracional, mas sente-se dominada por uma angústia e um desprazer paralisante.
  • Sintomas cognitivos: é comum imaginar cenários horríveis ou descontrolados quando exposto ao membro masculino. Além do mais, ao iniciar um relacionamento, a mente não para de ficar obcecada e de pensar que, em algum momento, entrará em contato com esse órgão. Apenas visualizar essa imagem intensifica o medo e as ideias irracionais.
  • Comportamentos de fuga: o paciente geralmente explica que parte significativa de seu comportamento se baseia em evitar qualquer situação onde possam aparecer imagens de genitália masculina, como filmes, vídeos com conteúdo sexual, etc. Da mesma forma, é comum evitar esses momentos de intimidade com o parceiro e até sentir vontade de fugir quando está perto de um homem.

Origem da falofobia

O mecanismo que desencadeia fobias, como o medo do pênis, não é exatamente compreendido. A possibilidade de uma impressão traumática é quase sempre considerada. No entanto, um trabalho publicado na Learning & Memory também nos fala sobre os mecanismos neurobiológicos não experienciais que não estão associados à aprendizagem. Vejamos as possíveis causas associadas.

Condições sociais

A forma como a sexualidade é tratada na cultura, nas religiões ou dentro de uma família nos condiciona. Por exemplo, se alguém cresce num ambiente onde se fala sobre a sexualidade de forma negativa, como algo vergonhoso, sujo ou imoral, pode desenvolver sentimentos de rejeição. Da mesma forma, surge um medo irracional da sexualidade e, por extensão, da genitália masculina.

Experiências traumáticas

Uma das causas comuns da falofobia é vivenciar uma experiência traumática relacionada à sexualidade. Isso pode incluir abuso, agressão, assédio ou incidentes humilhantes envolvendo nudez ou contato íntimo. É possível que essas experiências deixem uma marca emocional duradoura, a ponto de desencadear uma resposta de medo extremo diante de estímulos associados.

Educação sexual distorcida

A falta de uma educação sexual adequada levaria ao desenvolvimento de percepções distorcidas ou medos irracionais sobre o corpo e a sexualidade. Dessa forma, se um menino ou uma menina cresce assumindo ideias falsas, preconceituosas e alarmistas sobre o pênis, é mais provável que integre o medo dessas partes do corpo em seu universo psicológico.

Ansiedade generalizada

Quem sofre de transtornos de ansiedade ou já apresenta outras fobias está mais suscetível a desenvolver a fobia em questão. Nesse caso, o próprio medo do pênis pode fazer parte de um padrão mais amplo de ansiedade ou ser comórbido com outras condições psicológicas, nas quais certos estímulos se tornam gatilhos específicos para o medo irracional.

Fatores genéticos

A genética não nos predispõe 100% para apresentar essa fobia específica, mas existe um risco. Se algum membro da sua família sofre ou sofreu de transtornos de ansiedade e fobias, aumenta o risco de sofrer desse tipo de condições psicológicas. Mais ainda se você lidar com alguma experiência adversa ou traumática, caso em que essa predisposição aumenta.

Quando você deve procurar ajuda especializada?

Solicitar a ajuda de um profissional especializado é um passo essencial caso esse medo interfira na sua qualidade de vida. É verdade que essa experiência pode causar alguma vergonha, mas é fundamental estar atento aos sinais para ter consciência de onde termina o que é normal e começa o que é patológico. Tome nota dos seguintes alertas:

  • Impacto nas relações sociais: se o seu medo da genitália masculina afeta as suas relações sociais ou românticas, é um sinal claro de que você precisa de ajuda.
  • Desejo de superar esse medo: se você sente que quer superar essa fobia, mas não sabe por onde começar ou se tentou lidar com isso sozinho sem sucesso, um terapeuta pode orientá-lo e oferecer ferramentas eficazes.
  • Você não tem vida sexual: a fobia do pênis pode prejudicar sua vida sexual e seu bem-estar emocional. Não deixe que esse medo o impeça de ter relacionamentos sexuais saudáveis e prazerosos ou ser capaz de construir relacionamentos sexuais felizes.
  • Evitação persistente e extrema: ao perceber que você muda sua rotina ou evita certas atividades, lugares ou pessoas por medo de se deparar com situações relacionadas a esse estímulo fóbico, é aconselhável considerar um processo terapêutico.
  • Prejuízo do seu equilíbrio psicológico: caso o medo dos órgãos genitais masculinos cause certo isolamento social, ansiedade generalizada, sentimentos de inutilidade, desesperança e tristeza persistente, não deixe de conversar com um psicólogo.

Como você supera essa fobia?

Se esse quadro clínico lhe parece familiar, agora você pode estar se perguntando o que pode fazer a respeito. A primeira coisa é quebrar o tabu e não ter vergonha de conversar com um terapeuta. Insistimos, mais uma vez, que as fobias sexuais são muito comuns e têm tratamentos eficazes. Saiba mais abaixo:

  • Terapia EMDR: trata fobias cuja origem é o trauma. Nesse caso específico, aborda e altera crenças negativas de longa data que tendem a manter a falofobia. Em comparação com abordagens que levam meses ou anos, isso produz resultados mais rápidos.
  • Terapia cognitivo-comportamental: esse método é eficaz para fobias em geral. Através da reestruturação cognitiva, desafie e mude crenças distorcidas sobre o pênis. E expõe o objeto fóbico de forma gradual e controlada (com imagens, realidade virtual ou falando sobre o assunto), oferecendo técnicas de regulação emocional que reduzem a ansiedade.
  • Psicoeducação: se a origem da fobia for cultural, religiosa ou educacional, é fundamental psicoeducar o paciente a nível sexual. Informações precisas e imparciais sobre o corpo humano e a sexualidade permitem que o homem ou a mulher elimine crenças errôneas ou medos infundados. Estratégias que funcionam: oficinas de capacitação, conversar com outras pessoas sobre medos e experiências fracassadas, fazer dinâmicas e jogos, etc.

Supere o medo para ter uma vida plena

É comum ver na consulta muitos pacientes que apresentam fobias na área sexual que não sabem muito bem explicar. Geralmente, assumem que tem algo de errado com eles, algo disfuncional que acaba afetando intensamente sua autoestima e autoimagem. A verdade é que muitos desses medos erotofóbicos, como a falofobia, são resultado de abusos sexuais passados.

Não há nada de disfuncional, negativo ou errado em quem passa por essas realidades clínicas. Muitas vezes são vestígios de feridas não cicatrizadas que levam a transtornos de ansiedade, como fobias. Mas existem tratamentos, estratégias muito válidas e eficazes que lhe permitirão recuperar o bem-estar e uma vida mais plena. Não hesite em pedir ajuda.


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