Famílias disfuncionais: 5 características que as definem

O mais comum é que uma pessoa que vem de uma família disfuncional reproduza as suas características ao formar a sua própria família. Se não for tratada profissionalmente, essa cadeia continuará e ficará pior nas gerações seguintes.
Famílias disfuncionais: 5 características que as definem
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 01 janeiro, 2020

Muitos dos problemas do mundo começam em famílias disfuncionais. Esse ambiente primário deixa uma marca profunda em nós, já que aprendemos muito em pouquíssimo tempo. A família pode ser uma grande influência no fato de que uma pessoa tenha vantagens ou desvantagens ao enfrentar diferentes desafios em sua vida.

Algumas pessoas formam um casal e têm filhos com base em um padrão que repetem ou contra o qual foram reativos, mas que, no fundo, nunca questionaram.

Elas podem querer dar sentido a uma vida que parece estar sem rumo. Às vezes, também vêm de famílias disfuncionais das quais querem fugir, sem pagar o preço implícito na autonomia.

Seja qual for o caso, a verdade é que, às vezes, aqueles que formam um lar não estão fisicamente, mentalmente nem emocionalmente preparados para fazê-lo. É quando se configuram as famílias disfuncionais.

As consequências para cada um de seus membros são imprevisíveis, mas quase sempre geram dificuldade ou incapacidade de levar uma vida plena. O que torna uma família disfuncional? Essas são algumas de suas principais características.

“Ter filhos não transforma um pai em um pai de verdade, assim como ter um piano não faz de alguém um pianista”.
– Michael Levine –

1. O abuso nas famílias disfuncionais

Existem muitos tipos e graus de disfuncionalidade em uma família. No entanto, aqui trataremos da família disfuncional que gera fortes danos aos seus membros.

Ao fazer essa reserva, podemos dizer que a primeira grande característica desse tipo de família é a predominância de relacionamentos que, longe de favorecer o desenvolvimento, o prejudicam.

Entende-se por abuso qualquer ato destinado a prejudicar outra pessoa que esteja em posição de desvantagem ou vulnerabilidade. Também é definido como um abuso de poder. Ou seja, como o exercício da autoridade sem lógica e sem moderação.

O abuso pode ser físico, psicológico e/ou sexual. Em todos os casos, gera consequências graves.

Menino se escondendo do pai

2. Cada membro da família se sente indigno

É muito comum que cada membro da família disfuncional esteja lidando com desafios que o próprio grupo dificulta. Além disso, em uma família com esse clima, é muito difícil encontrar alguém capaz de entender ou validar os sentimentos dos outros. De fato, costumam fazer o oposto: desprezá-los ou negá-los.

Também é comum que todos sejam intolerantes com os defeitos ou erros dos outros. Criticam-se mutuamente, às vezes de uma maneira muito cruel. Os sentimentos destrutivos prevalecem e, por isso, cada indivíduo sente que tem muito pouco valor.

3. Violência doméstica

É muito comum que, em uma família disfuncional, um ou ambos pais sejam viciados, ou tenham algum tipo de distúrbio emocional ou mental. Isso resulta em situações muito estranhas e incompreensíveis para as crianças.

Especificamente, essa junção de problemas costuma levar a episódios de violência que aterrorizam as crianças e aumentam o conflito crônico com os pais. Testemunhar os gritos e/ou golpes, ser vítima deles, marca e define os recursos que moldam o diálogo interno de cada pessoa.

Além disso, um medo desconhecido permanece habitando o interior daqueles que vivem essa situação. 

4. Nas famílias disfuncionais prevalece o imprevisível, o caótico e inseguro

Se uma criança precisa de algo para crescer saudavelmente, é de segurança e estabilidade. O oposto se apresenta em uma família disfuncional. Hoje pode não haver sérias dificuldades, mas amanhã não se sabe. Talvez o golpe de hoje não tenha causado muitos danos, mas e o próximo?

Essa incerteza, esse caos e essa insegurança prejudicam emocionalmente as pessoas, especialmente as crianças. É muito provável que elas apresentem fortes características de estresse no dia a dia e de estresse pós-traumático a médio e longo prazo.

Elas se tornarão nervosas, suscetíveis, tímidas; temerão o mundo e até a si mesmas.

Criança sofrendo com família disfuncional

5. Pedem para você não falar, não confiar e não sentir

Esses três mandatos são encontrados com muita frequência em famílias disfuncionais. A primeira “regra” é que você não fale, em particular, sobre o que está acontecendo na sua família. Você não pode falar sobre o que sente, porque ninguém se importa; também não pode falar sobre o que acontece, porque quem é você para questionar o que acontece?

Além disso, você é ensinado a não confiar. A família disfuncional tende a tornar-se hermética, moldando um mundo fechado e corrosivo governado por uma lógica que é puro veneno.

Tudo o que é estranho a essa bolha, em muitos casos, é visto com desconfiança. Assim, se você não confia no que está dentro desse ecossistema ou no que está fora, viverá em um estado de tensão constante.

Uma família disfuncional requer uma intervenção terapêutica profissional. O efeito que ela tem sobre cada membro da família não é o mesmo. Em alguns casos, essa ferida pode ser devastadora. Em outros casos, condenar a uma vida triste na qual o medo prevalece.

Infelizmente, se a cadeia não for interrompida através de uma atenção profissional, o mais comum é que, por inércia, os problemas continuem se repetindo e aumentando de geração em geração.


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