Filhos adotivos e a necessidade de conhecer as suas origens

Muitos dos filhos adotivos precisam conhecer suas origens biológicas em um determinado momento para construir a sua identidade. Isso não precisa afetar seu relacionamento com a sua família adotiva.
Filhos adotivos e a necessidade de conhecer as suas origens
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 02 dezembro, 2021

São muitos os filhos adotivos que, após a adolescência, precisam conhecer suas origens biológicas. A Lei de Adoção Internacional de 28 de dezembro de 2007 lembra que todas as crianças adotadas, bem como aquelas concebidas por meio de técnicas de reprodução assistida, têm direito a receber essa informação quando atingirem a maioridade.

No entanto, muitos enfrentam problemas para fazer isso. São muitos os que veem as suas origens como um papel em branco, um relatório vazio que pouco ou nada responde. As adoções internacionais, por exemplo, tendem a ser um pouco mais complexas nesse aspecto, e não é fácil para uma pessoa conhecer a identidade de seus pais.

Sabemos que quem conseguiu entrar em contato com suas origens apresenta maiores índices de satisfação. Além disso, eles se sentem ainda mais ligados à sua família adotiva. É como se, ao saber de onde viemos e onde estão nossas origens, a nossa identidade fosse traçada com mais clareza.

Toda criança tem o direito de saber se é adotada, bem como de conhecer sua família biológica se isso for possível.

Mãe conversando com um dos seus filhos adotivos

Os filhos adotivos e a construção da sua identidade

Saber quem somos significa, em muitos casos, entender de onde viemos. Não importa que sejamos adotados e que a família que nos criou seja amorosa. A grande maioria dos filhos adotivos costuma perguntar sobre suas origens aos 13 ou 14 anos. É claro que este é um momento delicado – mas também esperado – por parte dos pais.

Observe que existem muitos tipos de adoções. Há crianças que vêm para a família adotiva em idade avançada e que viveram com os pais biológicos. Outros vêm para uma nova casa como bebês nascidos em outro país.

Existem crianças que são o resultado de reprodução assistida ou barriga de aluguel. Porém, muito além dos métodos ou mecanismos para chegar a uma casa específica, estão as necessidades emocionais dessas crianças. Saber de onde elas vêm significa entrar em um novo território que não é isento de certos medos.

Entender de onde eles vêm faz parte do seu desenvolvimento pessoal

A Canadian Pediatric Society publicou um estudo há alguns anos na revista Paediatrics & Child Health. Ela defendeu a hipótese de que, à medida que a criança desenvolve seu autoconceito e identidade, ela precisa se conhecer mais. Saber que eles são adotados costuma abrir uma lacuna que torna difícil criar uma imagem positiva de si mesmo.

As crianças que foram adotadas quando bebês precisam conhecer suas origens tanto quanto as que foram adotadas com uma certa idade. Porém, de acordo com este estudo, são mais complicados os casos em que, após sofrerem abandono da família de origem, elas foram adotadas pelos atuais pais.

Nestes casos, elas mostram sentimentos ambivalentes. Porém, mesmo nessas situações, elas precisam entrar em contato com suas raízes. É uma forma de integrar essas figuras do passado ao seu presente atual para ter uma visão mais completa de si mesmas e construir a sua identidade.

As famílias têm a obrigação de revelar ao filho adotivo qual é a sua origem?

As crianças adotadas têm o direito de saber que são adotadas? Trabalhos de pesquisa, como os realizados na Universidade de Cambridge, indicam que, atualmente, boa parte dos pais acaba informando a criança sobre as suas origens biológicas. É verdade que há quem opte por não o fazer, principalmente no caso da reprodução assistida.

Diante desse fato, é importante destacar algo. Existem dados e vários relatos de que, em muitos casos, as crianças acabam descobrindo sua origem adotiva ou que nasceram por meio de inseminação de um doador. O fato de não terem sabido antes pelos próprios pais gera angústia psicológica. (Jadva, Freeman, Kramer e Golombok, 2009; Turner e Coyle, 2000).

É por volta dos 6 a 7 anos que a criança entende o significado da adoção, mas é na adolescência que ela adquire um maior significado e pede para saber sobre suas origens biológicas.

Pai e filha

Como agir quando seu filho pede para conhecer a sua família biológica?

Os filhos adotivos têm pleno direito de conhecer a sua origem. Essa etapa facilita a construção da sua identidade e o vínculo com a própria família é mais positivo quando existe a confiança plena. Porém, é verdade que cada caso tem as suas peculiaridades e nem sempre conseguir um encontro com os pais biológicos é fácil ou rápido.

O mais adequado é proporcionar uma boa comunicação, apoio e orientação aos filhos adotivos. Atualmente, existem várias agências que podem ser contatadas para obter essas informações. O ideal é iniciar essa busca pelas origens biológicas quando o adolescente tiver maturidade adequada e estabilidade emocional.

É possível que o que ele encontre não corresponda às suas expectativas. Por este motivo, é necessário que os pais o acompanhem neste processo e estejam mentalmente preparados para qualquer situação. Também existem profissionais especializados que podem orientá-los nesse tipo de experiência. Seja como for, o amor e a confiança dos pais são a chave em todos os momentos.


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  • Understanding adoption: A developmental approach. (2001). Paediatrics & child health6(5), 281–291. https://doi.org/10.1093/pch/6.5.281
  • Ilioi, E., Blake, L., Jadva, V., Roman, G., & Golombok, S. (2017). The role of age of disclosure of biological origins in the psychological wellbeing of adolescents conceived by reproductive donation: a longitudinal study from age 1 to age 14. Journal of child psychology and psychiatry, and allied disciplines58(3), 315–324. https://doi.org/10.1111/jcpp.12667
  • Lamçe, J. y Çuni, E. (2013). El derecho de los niños a conocer su origen en la adopción y reproducción asistida médicamente. Mediterranean Journal of Social Sciences, 4 (6), 605.

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